[In]Discretamente
Indiscretamente, ela não assumia o ano que passou como tendo sido bom, de facto, ela sofria. Ela mudara na forma de encarar a vida, ela mudara a sua maneira de ser. Podia estar feliz, ter alguém que a fizesse feliz, mas havia perdido toda aquela alegria, toda a vontade de sorrir sempre, toda a energia que as cores quentes assumiam nela. Ela havia-se realmente perdido. E indiscretamente. Muito Indiscretamente.
Ela sabia que não ia ser fácil recuperar-se, de facto, duvidava que isso algum dia viesse a acontecer, pelo menos que voltasse a ser como era. TÃO INOCENTE, tão ingénua.
Foi o que ela sempre fora e teve de perder esse hábito da pior forma possível. Perdendo tudo. Aquele último ano tinha-a perdido... Completamente. Não que não tivesse feliz, agradecida por tudo o que tinha e por quem tinha. Apenas perdera a alegria e estava a reaprender a ser feliz.
Depois existia Ele. Ele que era alguém com que ela sempre sonhara. Ele que era alguém que a fazia repensar a sua maneira de ser. Ele que era alguém que a fazia sorrir mesmo quando ela precisava de chorar... Ele que era, simplesmente, Alguém! Alguém que aparecera do nada, sem aviso, sem explicação, sem motivo, sem objetivo... e que ficou, que evitou uma morte de parte dela, que se pensava inevitável acontecer.
Ele era tudo o que ela precisava. Era apoio, luz, vida, felicidade, calma.
Um abraço dele mudava tudo!
Era tão difícil encontrar tal emoção, tal equilíbrio! Era tão difícil e ele conseguira-o de forma tão inesperada e perfeita: conseguiu que ela sorrisse e que não fosse abaixo. Ele puxava-a para cima, admirava-a, sem que tivesse motivos para tal.... ele segurava-a, impedia-a de cair, fazia-a crescer. Ele estava a mudá-la.
E eles eram, agora, um só. Ele também conseguiu isso! Conseguiu transformá-la em metade: a sua metade, a metade Dele. Eles eram peças complementares, eles eram personagens principais, eles eram a personificação da sincronia e da sintonia. Eles eram tudo o que ela sempre quisera, sempre valorizara, sempre sonhara ter. E agora que o tinha, que o possuia de forma tão própria e tão sua, ela amedrontava-se com a mais ínfima possibilidade de tudo se transformar em apenas mais um sonho, ela não o ia perder... Recusava-se sequer a pensar nisso, em assumi-lo como possibilidade. Talvez assim não passasse apenas de medo...
Ele era tudo o que ela queria, e tudo o que agora tinha para a renovar. Repita-se: eles eram UNO, eram um só...E ela tão frágil, e ele tão protetor.
E ela tão dele.