Fica, respira perto de mim.
Penso que não posso mais, dou dois passos em frente e recuo quatro com inconstantes impulsos que me empurram para trás. Meto música e viajo para um espaço onde flutuo: sem tecto, sem chão, sem paredes... um vazio. onde toco aparecem pontinhos luminoso, eu continuo apenas flutuando num espaço que eu própria criei. Abro os olhos, estou no mundo real. Dói-me a cabeça, os olhos, os dedos, sinto um formigueiro no corpo todo:
Não Me Deixes!
é um ritmo forte, um som alto, que ouço ecoar nos meus ouvidos e que me deixa assim imóvel, como se estas letras fossem da ponta do meu cabelo, à ponta dos meus dedos dos pés. Infiltram-se sem me deixar margem para um simples fechar de olhos: quero voltar ao meu espaço! Não percebo se sou eu que grito, se são os sons que me rodeiam que formam aquele grito... Mas é um grito que não consigo suportar. Não consigo suportar.
Afasto-me...Arrasto-me...rastejo até onde consigo chegar e ouço "toque-toque", um doce "toque-toque" lá fora. Olho pela janela embaciada: está a chover, uma chuva diferente, com se fosse uma introdução à despedida de Verão e à recepção do Outono, ou de um Inverno prematuro que anseia por irromper pelas portas das Quatro Estações. não está frio, mas existe um vento que trás cheiro a tempo húmido, não congelo, mas tremo. Imóvel, no mundo real, desfaleço, pálida atravesso um mar de pensamentos que não vejo hora de acabar, pensamentos assustadores, medonhos:
Não Me Deixes!
envolvo-me com o tempo, segundos, minutos... entro num mundo de sonhos, puff, de volta a um espaço vazio, decorado por mim, preso às minhas paixões, à minha personalidade, aos meus desejos, vontades, conquistas e sonhos... Não vás! Choram as nuvens, o mar envolve a areia como acarinhando aqueles minúsculos e ínfimos bocadinhos de rocha que repletam o chão e como impedindo que adormeçam. A água grita. Berra. Com tom grave, forte, duro, amargo, bélico. Não vás! Redirecciono as minhas forças todas para aquela paisagem: céu azul, mar cinzento-esverdeado, espuma branca, onda que se sucedem em sintonia num movimento quase que perfeito, numa melodia quase que singular. Solto-me, vou. Flutuo, num espaço vazio com a luz da lua que coloquei naquele angulo, a brilhar para cima do meu cabelo, com as estrelas desenhando teu nome, as nuvens emoldurando a tua imagem... grito e escuto. Penso que não posso mais, dou dois passos em frente (...) caio, e viajo para um espaço onde flutuo e tudo é, magica e permanentemente irreal.