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#EsteOutroMundo

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Rainforest (Secreta Forasteira)

   E assim está o ar: pesado, húmido, surreal.

   Sinto-me abandonada pelo sol. A chuva controlou-o sobrepondo-se a ele e ele desistiu de lutar para brilhar um dia mais. E eu respiro hum ar quente e húmido que me rodeia e me prende os suspiros. A inspiração expiração torna-se fútil e a respiração não resulta a 100%. Sobre o olhar bélico daquelas nuvens cinzentas que tapam o azul de um céu que eu gsotava de alcançar, pelo menos uma vez, eu tento entusiasmar-me com a chuva. Lembrar-me de que suporto cada gota, e que adoro quando são elas as que mais se preocupam comigo limpando-me as lágrimas(confundindo-se com elas). E as páginas de histórias deste dia que ainda agora começou já são inúmeras mas eu não aceito essa ideia e tento esconder tudo (de todos).

   O ar, agora mais ofegante e irrespirável que nunca, torna-se ainda mais insopurtável e quente, e húmido. A tua presença invade a sala (quase) vazia onde estou, não sei se realmente o faz ou é só imaginação minha, mas tu entras e eu não resisto a deitar uma lágrima que, o tecto impede de ser limpa pela chuva, e que os poucos e minusculos raios de sol secam mal entram pela janela embaciada e suja pelo tempo. Como numa floresta tropical cheiro demasiadas coisas para um só momento. Vejo cores brilhantes, que me secam e o ar fica saturado e ainda pesa mais (e mais, e mais... e mais!...). Já não respiro e tudo desaparece em dois segundos. Fico imóvel no chão frio que outrora pisei e sinto-me flutuar, como se fosse eu a mulher que o ilusionnista eleva (magicamente). Torno-me apreensiva e o escuro continua a envolver-me. Sinto-me, agora, como uma mendiga de sonhos, uma aventureira num mundo que não existe, alguém perdido na Terra do Nunca, uma autêntica forasteira da realidade. Sinto-me alguém que não compreende a falta de cores, de sons inumeráveis e indiscritivos, a falta de essências e fragâncias saborosas, alguém desconhecido pelo local e por si próprio.

   Caio num sono profundo e acordo sobre um céu de nuvens aroxeadas  e acizentadas, uma cor ainda por si indefinivel e que não consigo ainda alcançar. Abro os olhos e descubro que sob aquele ar orgulhoso, teimoso, persistente, pesado, irrespirável, permanente , quente e seco sou realemente uma forasteira da realidade.

Innocence $$

   Vive comigo, Vive sem mim: não me importa! Vai-te embora, se és mais feliz assim! Por favor, não regresses depois e apaga o teu rasto, mas se isso te faz feliz parte!

 

   Subtrai-se agora cada palavra mim, e um silêncio gélido envolve a minha memória, que recorda cada pormenor do meu passeio sob a chuva há umas horas atrás: aquela relva verde-forte recém-cortada, aquela chuva suavemente forte e docemente silenciosa, aquela visão enevoada de que o mundo que me rodeia não é real e aquele vulto- o teu vulto- do outro lado do passeio, vestido de preto, correndo como um relampago e desaparecendo como um fantasma. A minha pele sem brilho mas a escorrer água fixando a tua face molhada que expressava uma doçura silenciosa, secreta e envergonhada... E eu a chorar (em seco,) com as lágrimas a confundirem-se com as intensas e pesadas gotas de chuva às quais eu era imune pois em passos apressados ela parecia não me tocar, ela parecia não me querer tocar!

    Eu apenas parecia estar a fugir do mundo, acelerava os passos, chorava, gritava no meio daquele descampado inútil! Debaixo daquela chuva que magoava por eu estar ali, debaixo do vento que saturava de tão forte que passava por mim. Ficaram os sonhos dilacerados, a paixão pela vida que tinha ficou esmagada, estagnada! Não queria desistir: eu só queria mudar, mas não endeste: ninguém entendeu! E agora, sem culpa, confundo dor e riso, loucura e sanidade, confundo doçura e amargura, sonhos e pesadelos, confundo a minha vida contigo e sem ti.

 E desse  vitalício julgamento de assimetrias, sou, definitivamente, declarada 

Inocente .

 

Gravity: Freedom Sensation

    Ás vezes fecho os olhos e sinto um arrepio na espinha. Vou avançando nesse jardim de recordações, revivendo-as indirectamente. Quero libertar-me, mas elas prendem-me.

    Pergunto-mo se será o lugar mais certo para estar...ali perdida pensando que conseguiria ser forte...que (daquela vez) era forte, diferente! Ali especada, petrificada, quieta, calada, frágil, caída, despedaçada. Depois reparo que estou a andar de uma maneira errada, mas continuo assim.

    De repente, reparo que qualquer coisa que veja ali, me leva de volta a ti, e nunca demora muito a que aconteça. E dizes-me o que fazer, mas o que é bom para ti, é mau para mim e não importa o que diga ou o que faça, estou presa. Essas memórias abraçam-me sem eu lhes tocar, continuam comigo sem eu as prender.  Peço-te: LIBERTA-ME, apenas ignoras. E aqui estou eu, no meio dos perdidos e achados da minha consciência, da minha memória sádica! LIBERTA-ME, eu não devia estar aqui, isto está a acabar comigo. E o que antes me salvava, agora impede-me de recuperar de uma queda, ou mesmo de subir.

    E depois deixas-me. E eu viajo. E depois eu largo-te, finalmente. Depois eu continuo a andar. Depois descubro a gravidade. Depois não me levanto. Talvez seja maravilhoso, talvez seja mágico...talvez seja horrivel, talvez seja inevitável; talvez seja tudo o por que tenho esperado -um milagre,- e eu tenho medo! MAS eu tenho medo! Tudo se transforma num mistério e eu fico assustada, já não reconhecia este sentimento: vejo-te partir... e depois tu deixas-me. (...) E depois eu, finalmente, largo-te(...) Depois descubro a gravidade, mas alcanço, logo a seguir, as nuvens e rio-me, baixinho, para ninguém ouvir. Tudo fica em segredo. Disse-te: LIBERTA-ME! e caí: das nuvens, do céu, das estrelas, do voo. Abri os olhos enharcados, e chorei ainda mais. Se agora estivesse nas nuvens, iria chover. E eu correria aqueles jardins de memórias, percorreria as planícies de sonhos, as montanhas de objectivos, e descobriria que a liberdade é como o mar: lá bem no fundo... é maravilhosa, só a temos de descobrir. E saberia que antes de me libertares já eu estava livre e encontraria o meu erro e prometeria que não o faria de novo e depois... depois deixavas-me, depois eu viajava, depois largar-te-ia finalmente, depois continuaria andar, descobriria a gravidade, voaria e nunca mais diria "Liberta-me" e tu não me ignorarias mais.

 

 

 

Porque eu descobri que a gravidade nos faz cair mas que quando caímos, crescemos.

 

 

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