Hearts' Collision
E ninguém ousou falar.
Abrir a boca, soltar um som que fosse seria estragaria tudo. Um silêncio absoluto envolvera todo aquele espaço.
Aquela multiplicidade de cores abraçava o silêncio: aquele ambiente combinava. Ali, nada era ordinário. Notava-se que tudo tinha sido escolhido ao pormenor. A música que toda a gente queria ouvir tocava baixinho, embalava cada corpo, cada alma daquele silêncio de vozes, naquele dormir de poluição sonora. Por momentos, senti que era ali que pertencia, senti que fazia parte de alguma coisa, senti que vivia: tu estavas lá comigo.
Ainda não sei o que era aquela força que me movera tão intensamente, (talvez imagine, mas sem certezas algumas). Queria que aquele momento durasse para sempre: a simplicidade, o silêncio de palavras...só uma dança: uma dança descrita pelos passos simples, pelos abraços apertados, pelo tempo que passava rápida e lentamente ao mesmo tempo, como se fosse possível sentimentos opostos apresentarem-se em tal sintonia!
Não olhavas para mim nem eu para ti, olhávamos na mesma direcção. Partilhávamos um sentimento de medo do futuro, um medo de nos perdemos um ao outro e eu que precisava de ti seguro! Sentia-te nervoso como eu, ansioso como eu, feliz como eu estava: não contente, não alegre: feliz! Mas a música embalava-nos e nós deixávamos-nos levar numa apatia ao medo que estávamos a sentir: não queríamos tê-lo, mas era um medo saudável, e um medo que nos levava ainda mais a acreditar em nós e um no outro.
Não te dei nada, não te pedi nada, não aceitei nada teu: íamos partilhar tudo!
E ninguém ousou falar, as palavras tornaram-se desnecessárias e abrir a boca estragaria o momento. Bastava-me o teu sorriso, para acreditar que era possível, que seria possível: que é possível. Bastava sentir o teu coração com um palpitar igual ao meu para saber que sentias o mesmo. Falar tornara-se desnecessário, um gesto, um toque, um sorriso era mais que suficiente para imaginar o que afinal seria aquela força. Força que, naquele momento, me fazia ter fé, acreditar e parecia mover montes e vales, DESAFIAR A GRAVIDADE! Uma força que eu queria descobrir (contigo) aos poucos, uma força que eu quero descobrir (contigo) aos poucos. Uma força que ninguém consegue definir, porque com palavras, é simplesmente, impossível.
“Amor: s. m. Sentimento que nos impele para o objecto dos nossos desejos; objecto da nossa afeição; paixão; afecto." (in Dicionário da Lingua Portuguesa)