E se a vida mudasse ?
Costuma-se pensar que o presente podia ser diferente se tivessemos feito outras coisas, dito outras coisas, conhecido outras pessoas... Mas não são. Geralmente, as coisas acontecem de determinada forma, nem sempre a melhor para nós, ou nem sempre certos resultados foram fruto de situações que estavam ao nosso alcance.
Uns chamam-lhes de coincidências, outros chamam-lhes de acasos, eu chamo-lhe de destino. Dentro do destino ainda existem duas vertentes : o ter acontecido assim porque era o que tinha de ser e o que já "estava escrito" ou o estar destinado que certa coisa acontecesse e nós poderíamos viver essa situação de maneiras diferentes que ia acabar por acontecer na mesma.
Eu costumo ter certas opiniões sobre determinados assuntos e discuto-as com quem mais me interessa e garanto que às vezes os argumentos dessas pessoas são tão fortes que me provam que têm razão ou que estão mais próximos da verdade, no entanto, também existem aquelas vezes em que sou eu que estou perto da verdade e as pessoas preferem fechar os olhos e lá surge o ditado "o pior cego é aquele que não quer ver", e as pessoas gostam de ser cegas... pois já dizia Fernando Pessoa que os ignorantes são [mais] felizes.
Não sou crítica quando acho que não é a altura certa ou o assunto certo, mas na maior parte das vezes sei ver quando tenho ou não um ponto de vista que deveria ser mais valorizado e aí, crítico.
A minha vida mudou nos últimos tempos e eu penso várias vezes que se eu fosse menos crítica e fizesse as coisas de maneira diferente, se ela não teria mudado para melhor ou de maneira diferente (verdade seja dita: as coisas estão em permanente mudança... algumas são apenas mais afincadas, reais, paupáveis e maiores), mas depois aparece a palavra "destino" na minha cabeça. Eu realmente acredito muito pouco em coincidências e demasiado no destino... e raramente me lembro dele quando as coisas correm mal. Penso que se a minha atitude fosse diferente, talvez o produto final fosse um abraço, uma palavra amiga, um fim feliz e esqueço-me de que estando o destino a trabalhar, as coisas teriam sido assim , mais tarde ou mais cedo, fosse qual fosse o caminho percorrido. Talvez a "cabeça quente" aqueça de mais os neurónios e nos provoque uma amnésia temporária no campo cerebral ligada às nossas tradições, crenças ou hábitos, mas a verdade é que tanto aquilo em que acreditamos como os conselhos que demos em situações iguais [ou, mais correctamente, idênticas] demos se evaporam nesses momentos em que o futuro está a acotnecer e uma palavra, um olhar ou um gesto podem mudar todo o resto. E dizemos o que não queremos, fazemos o que não devemos, insistimos no que não sabemos e iniciamos um caminho longe de ser o que precisávamos, queríamos, procurávamos ou poderíamos ter.
Talvez aquilo em que acreditamos seja esquecido ou seja prepositadamente (mas inconscientemente) posto de parte quando no momento em que precisaríamos de usar as nossas crenças, mas é a personagem principal nos caminhos a seguir após esse momento. Talvez essas crenças quando e como não aparecem estejam a poupar energias para no futuro que se segue serem mais úteis, eficazes e terem mais força para nos guiarem como deve de ser. As coisas nem sempre são o que parecem, nós nem sempre somos o que pensamos de nós próprios... arrisco até a dizer que somos 5 ou 10% apenas do que julgamos ser, do que dizemos ser ou do que fazemos por parecer... E quando menos se espera dizemos que crescemos, dizemos que mudámos... e se nada disso tiver acontecido e tivermos apenas descoberto como controlar ou devendado mais umas décimas da totalidade do que somos? E se o destino for alterado conforme essas décimas vão sendo desvendadas?
E se a vida mudar por causa desses 5,2 ou 10,2 que conhecemos de nós?