[Im]perfeição
"Foi perfeito", repetia: "perfeita a maneira como tudo aconteceu, como tudo correu", como ele apareceu na vida dela e como se afundou nela.
Rápida, talvez... realmente, cresceu de tão veloz forma, de tão reflexa e irrefletida maneira. "Inesperada" talvez seja a palavra indicada... De forma tão descontrolada mas tão perfeita.
Ela queria um"para sempre" que parecia não existir, desde pequena que encarava o amor como algo no clímax, perdido no topo de uma montanha...mas antes seria fácil lá chegar, depois apercebeu-se que não. Era difícil essa coisa do amor. Muito difícil. Extremamente difícil. E ela desesperou. Chegou a perder-se, a mudar, a tentar convencer-se de que não existia tal coisa chamada "amor", a pensar que talvez não fosse uma pessoa consciente durante o tempo em que acreditou em contos de fadas... até que ele apareceu.
Apareceu ao longe, no meio da noite,envolto em sombras e escuridão, e o tempo foi passando (o relógio não pára...) e ela caiu mais fundo do que estava quando o conheceu (cair não foi o suficiente). Mas ele segurou-a quando ela estava quase a chegar ao fundo. Não a deixou tocar nesse espaço anónimo e assustador. E ajudou-a. Não só a levantar-se, mas a escalar tudo o que tinha caído. Ela precisava dele. E ele dela, de uma forma mais discreta, talvez, mas precisavam um do outro.
Tornaram-se espaço vital, ar respirável, atmosfera, água potável... um para o outro. Descobriram um mundo novo, descobriram-se ao outro.
Ele fê-la acreditar no amor outra vez, ver que sempre tinha razão e que inconsciente tinha sido quando deixou de acreditar. Ama-o, ama-o mesmo. Como nunca amou. Como nunca achou ser possível amar. Ama-o, convencida de que não é ilusão. Ama-o e vive um sonho com ele. Uma relação perfeita. Ele e ela são perfeitos juntos. E separados, são metade, incompletos, imperfeitos.
Completam-se. Entrelaçam-se: estão interligados, conectados. São um.
Agora e sempre.