[Des]Controladamente Perfeita
Um texto escrito há 2 meses atrás, no início de um sonho. Agora o sonho continua, mais aceso e mais forte. Muito mais forte.
Abri os olhos.
Aquela silhueta continuava lá, envolta na escuridão daquele espaço outrora meu (só meu e tão seguro)...Não me mexi.
Talvez com medo de saber a sua identidade (ou falta dela), daquela sombra tão imóvel ao meu lado, ou com medo de que fosse uma ilusão. Era difícil descobrir tudo aquilo, sentir todas aquelas emoções, todos aqueles desamores que antes haviam acelerado tudo em mim. E agora, num tão curto espaço de tempo,a presença constante daquele vulto era acolhedora, irresistível e bastante (mesmo bastante) desejável. Até mesmo indispensável, talvez. Não! De certeza indispensável.
O meu cérebro remexia-se e mexia-se, aparentava um tufão, com um turbilhão de ideias em fase de centrifugação... ele tentava arranjar maneira de descobrir o quão real era aquele anónima forma ali estática perante mim, perante os meus olhos, perante ele... com um cheiro tão intenso, com uma energia tão quente e atractiva que quanto mais me fazia olhar, mais me puxava como um íman.
Descontroladamente irresistível, sem dúvida alguma. E eu, uma mera humana, (com um coração tão pouco inteligente e tão sonhadora...)perdi-me nessa energia. Perdia-me nela à medida que impulsionava o meu corpo na direcção dela. Obrigando o meu coração a cheirá-la. Porque eu tinha de ter a certeza daquela presença de efeitos secundários tão sobrenaturais!
Descontrolada, a minha alma tinha a mesma força e exactamente o mesmo movimento que o meu cérebro, com medo bélico de que ao tocar-lhe aquele vulto desaparecesse como se de poeira se tratasse. E eu desesperei a menos centímetros de o sentir. Afundei-me como se o colchão me tivesse engolido. Senti-me petrificar. Depois sosseguei. Apercebi-me de que era de medo: era o medo que me estava a transformar e a envolver-me em toda aquela estranha situação. E tentei concentrar-me. Aquela energia mágica tocou o meu corpo, o meu olhar e todo o meu ser. Aqueça energia tomou-me. Puxou-me para aquela sombra desconhecida envolta em escuridão. Não dava (ou deu) para parar: era agora!
Fechei os olhos como se desse para parar, como se aquilo fosse tudo de um sonho e eu não quisesse saber o final. Tarde de mais.
A energia que aquela silhueta emanava possuía-me agora e a minha velocidade de precipitação para aquele ser disforme era a de uma víbora num segundo de caça.
Não parei. De facto, era inevitável tentar fazê-lo, todo aquele ambiente havia tomado conta de mim. E eu toquei-lhe.
Fechei os olhos ainda cm mais força. Quando os abri "Aquilo" continuava ali, imóvel, apenas com leves movimentos respiratórios... Nesse momento sinto movimento, volta-se e avança na minha direcção. Sinto um abraço apertado. Sinto segurança naquele momento, senti protecção.
Não era mentira. Nunca fora. Ele estava ali e viera para ficar.