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#EsteOutroMundo

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Carta à Graciosa

Não sou de Viseu. Não nasci lá, nunca lá fui de visita, e apenas lá parei uma vez de passagem. Nunca tinha pisado solo gracioso ou, se quer, dado grande importância a mais um nome de cidade, que admito que passava total e completamente despercebido no mapa. Mas fui lá parar. Peço desculpa pela frieza de tal expressão, mas não é de todo minha intenção que passe essa sensação. Pelo contrário. Fui lá parar por obra do acaso, brincadeira do destino, vontade de alguém superior. .. mas conheci Viseu. Conheci-me em Viseu. Não que fosse esse o objetivo, não que fosse um dos passos realmente por mim previstos, mas a verdade é que não vivi em Viseu, eu vivi Viseu! E apaixonei -me. Apaixonei-me por aqueles cantos e recantos mágicos, por aquelas ruelas e vielas encantadas, entre o toque histórico e o ritual do quotidiano contemporâneo (cheio de stress, e um tanto ou quanto desintegrado daquele ambiente rebuscado, pintado num livro de História qualquer). Sim, apaixonei-me: sem querer, sem prever, sem conseguir evitar e sem perceber bem porquê, pelo quê, ou mesmo quando é que fiquei presa a essa cidade, com saudade. Vivi lá experiências únicas, inéditas, coisas que só acontecem uma vez na vida e que nos deixam a desejar por mais e coisas que se nunca se vivessem ninguém sentia falta... e, porque sim, aconteceram lá. Deixaram marca. Vivi alegrias, vigi tristezas, coisas que nunca esperei viver, coisas que nunca quis viver, coisas que dispensava viver e momentos que não trocava por nada. Vivi momentos de alegria, momentos de fraqueza , momentos de energia inesgotável, momentos de agonia, de desespero, de emoções fortes e entusiasmo brutal... Nada fora do normal, nada de especial... só coisas extraordinariamente fantásticas e inevitavelmente memoráveis. Não sei, a verdade é que Viseu encanta. Talvez eu seja suspeita e apenas uma tola apaixonada para pronunciar tais palavras, encantada por uma cidade, que me encantou não sei quando... talvez numa daquelas noites estreladas, ou naqueles momentos de união, ou no meio de qualquer troca de palavras românticas. ..ou entre os paralelos da Sé e os pingos de chuva, desta cidade-jardim. Talvez olhando-me ao espelho com o traje vestido, como parte do corpo, talvez a conhecer algumas almas perdidas como eu, naquelas ruelas viseenses e se encontraram em Viseu, talvez durante as serenatas à grande Graciosa ou com as lágrimas que caíram em certos momentos mais escuros. Talvez me tenha encantado quando a pisei pela primeira vez sem saber o que lá ia viver e me tenha viciado cada vez que lhe dizia "adeus". A verdade é que aqui estou eu, num quarto a meia-luz, relatando o ar mágico da saudade, o reflexo da nostalgia, o jeito amador com que encaro um "até já" que digo àquela cidade que me viu crescer, aprender, amar, chorar, sorrir, beijar, ser amado e...partir.

Viseu, minha saudade.

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