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#EsteOutroMundo

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Mistérios de areia

Diz-me que sim. Diz-me que vens. Diz-me que queres vir. Preciso de ti, do teu abraço, do meu porto de abrigo. Levar-te para junto do mar, sentir as ondas rebentarem nos nossos pés ao mesmo tempo, como se fossemos um só. Olhando, juntos, para o mesmo horizonte que representa o nosso próprio horizonte, o nosso "há-de vir", o nosso futuro. Pisando, descalços um areal cheio de mistérios: tantos mistérios quantos os nossos segredos, tantos mistérios quanto os nossos medos, tantos mistérios quanto as nossas memórias.

Não é à toa que aqui estou eu sozinha, agora. Não é à toa que olho para esse mar que um dia será nosso, que sinto essas ondas que por agora inundam os meus pés e apenas os meus, não é por acaso que me sento nestes mistérios.

Na verdade, não é assim tão difícil imaginar um futuro onde partilhamos os oceanos e as areias do mundo. Não é difícil olhar para um futuro sem fim e criar uma analogia com o horizonte infinito e discreto que descreve o encontro entre um dos mares dos nossos futuros oceanos e o céu que nos abraça e nos une. Difícil é não te ter aqui comigo, não conseguir tocar-te. Difícil é não saber quando estarei aqui contigo, para sentirmos juntos este mar de emoções, esta onda de saudade, que quando aqui estiveres se transformará numa onda de desespero. Desespero de ficar sem ti. Uma onda que beija o chão que pisaremos, e que deixará de ser de desespero, depois. Aliás, uma onda que rebentará nesse desespero e me trará paz. Paz porque te terei comigo. Plenitude porque poderei mostrar-te tudo isto. Toda esta praia. Todo um paraíso outrora criado para o mundo e que o mundo me deu, talvez mesmo sem saber... ou talvez eu lho tenha roubado. Um paraíso que é meu por agora, mas que é teu também. Um paraíso que já é teu e do qual já fazes parte. Um paraíso com o nosso "era uma vez" escrito no sítio onde o mar beija a terra, protegido pelo brilho do Sol que abraçará o mar até ao dia da tua chegada. Só depois se fará noite. Até lá o tempo parou para me ver sonhar.

Hoje é daqueles dias em que cheira a ti

Hoje é um daqueles dias em que cheira a ti. Em que me apetecia ver-te cada vez que olhasse para um lado diferente. É um daqueles dias em que queria que aqui estivesses.

Hoje qualquer coisa me faz lembrar de ti, do brilho dos teus olhos, da forma do teu sorriso, da textura das tuas mãos, do sabor de um beijo teu, da temperatura do teu abraço... e do teu cheiro. Ah! O teu cheiro. Como eu adoro o teu cheiro. O cheiro que deixas quando sonho contigo, o cheiro que sinto quando te imagino ao meu lado, a dar-me força, a ouvir-me... a aconchegar-me no teu abraço.

É escusado. Sei que é mais um dia em que não te vejo, mais uma noite em que não vou sentir o frio dos teus pés ou a tua respiração no meu pescoço ou uma manhã em que não te vou ver ao acordar e pensar que estou a sonhar. Sei que é mais um dia em que não te vou ouvir sussurrar o quanto me amas. Mas cheirou a ti: as ruas tinham o teu cheiro, o elevador tinha o teu cheiro, o corredor tinha o teu cheiro! Só eu é que não te tenho a ti para cheirar.

É triste ouvir-te em sonhos, ver-te em fotos, cheirar-te por aí, até em sítios em que nunca estiveste mas tentar tocar-te e abraçar apenas átomos soltos na atmosfera. Sinto saudades tuas e cada vez que tento abraçar o vazio é como se estivéssemos a jogar às apanhadas... Oh, por favor, deixa-me apanhar-te! Deixa-me perseguir-te! Deixa-me tocar-te e deixar-te imóvel para que possa saciar esta sede de ti: saciar o meu olfacto e o meu tacto, clarificar a minha visão. Deixa-me ser eu a apanhar-te e não haver ninguém para te livrar de mim. Deixa-me ter-te a ti para poder cheirar e não este cheiro que me invade. Deixa-me ser feliz. Contigo.

Hoje é daqueles dias em que cheira a ti, mas não te tenho. Ai e como desejava ter-te! Como desejava! 

 

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