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#EsteOutroMundo

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Sopro

Foi num sopro de vida, num momento indiscreto, num segundo perdido, num sorriso prepotente. Foi num relógio apressado, num passo acelerado, num abraço forte, apertado.... foi um beijo demorado. E foram juras de amor, foram mãos coladas de vontade e corpos colados de suor, foram olhares envergonhados, olhares desesperados, olhares impacientes, olhares crentes, olhares confiantes.

Foram palavras ditas e apetecidas, palavras escondidas e sentidas, palavras exibidas sem serem pensadas. Foram palavras como espadas, palavras como flores, palavras em guerra pesada, palavras numa luta de almofadas. E foste tu.

E fui eu. E fomos nós. Fomos eu e tu. Fomos os dois.

Fomos duas crianças inocentes e livres, fomos dois adolescentes tolos e insensatos, fomos dois idosos resmungões e sobreviventes. Estivemos juntos uma vida.

Fomos o sol e a lua, o mar e a areia, o céu e a terra. Fomos o frio e o quente, o sim e o não, o alto e o baixo, o dentro e o fora, o escuro e o claro, a luz e a escuridão, o dia e a noite, o verão e o inverno. Fomos antíteses e puzzles perfeitos. Fomos um abc, um sem número de coisas, criámo-nos e recriámos o mundo.

Vivemo-nos e vivemo-lo. Fomos nós. Ainda somos.

Fomos tudo. Somos tudo. E seremos mais ainda.

E então fui...

Eu queria que o mundo parasse.

Queria que o mundo te guardasse, ficasse em pausa no momento em que te abracei.

 

Tudo começou quando sonhei contigo, queria-te comigo, tinha de ter-te. Não podia deixar que nada me impedisse de te viver. E então fui: fechei os olhos, deixei-me ir e fui. Fluí.

Andei muito - durante milénios - sempre à tua procura. Piscando os olhos constantemente a tentar perceber se era miragem estar sem ti quando os abria ou se sonhava não te ter quando os fechava. Era assim tão impossível a probabilidade de chegar até ti? Era assim tão descabida a ideia de fazeres parte de mim? Queria-te mais do que me quero a mim.

 

Depois tu chegaste...

Ou eu cheguei até ti, não sei bem.

Sorriste para mim como se tivesses nascido a sorrir, como se sorrir fosse parte de ti, como se tu fosses esses sorriso e ao sorrires te me desses. Sorriste para mim como se fosses meu. E eu era tão tua como esse sorriso teu. Sorriste para mim como se sorrir fizesse parte da tua respiração, como se esse sorriso fosse meu e me o quisesses devolver. E eu não o queria. Não o quis. Não o quero. Quero um, mas não o teu. Quero um sorriso de ti, mas outro que não esse. E quero que esse sorriso seja eu.

 

E então fui. Fui decorando cada curva desse sorriso, cada ruga em redor dos teus olhos acentuando toda essa felicidade, cada som do teu riso, cada gesto dos teus dedos, cada cabelo teu. Decorei-te. E decoro. E decorarei. E sei-te de cor, mas não me chega. 

Eu não quero desenhar-te mentalmente, parar-te na minha mente para rever esse sorriso. Eu queria-te aqui. Queria respirar-te a ti tanto quanto nos respiro a nós, quanto nos inspiro. Queria conseguir tocar-te e tocar esse sorriso como quando chegaste... ou como quando cheguei até ti, ainda não sei bem.

Mas desta vez não chegas... ou eu não te encontro.

Não que não continue à procura, porque continuo. Será assim tão impossível a probabilidade de te fazer ficar? Será assim tão descabida a ideia de te ter?

Eu queria que o mundo parasse quando te abraçasse. Juro que queria.

Mas o mundo não parou.

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