Num sempre quase nunca
Desta dor tão ordinária
que este fantasma me trouxe
soa um som tão bélico e forte
enrolado numa lágrima doce.
De um regresso repentino ao passado
que fez o meu coração gritar,
sangrando de uma emoção amarga
que não o deixa respirar.
Ouço este som que prende tudo,
qualquer movimento para tomar
num grito quase mudo,
num silêncio a gritar.
São as lágrimas assombradas
que caiem pelo tecto do mundo,
é o expirar influente de um fio
num instante quase nulo,
É pelo brilho das gotas de água
que correm no percurso sombrio
é pelo bater de asas de um anjo
num sempre quase perdido
Que sorrio.
Por onde as estrelas guardam lugar
no universo intacto,
num céu que não consigo tocar
num sempre...
num sempre quase nunca.
[Num Sempre Quase Nunca, 2009]