A culpada fui eu porque acreditei em tudo aquilo que dizias, Sem nunca desconfiar que podia ser mentira. Porque eu dizia a verdade, Era suposto tu também dizeres... Porque se eu dizia a verdade, Claro que tu também a dizias!
Nada foi real. Soa tudo a tragédia romântica, com cortinas fechadas no fim do teu último ato, e eu deitada no chão, em pedaços.
Que interpretação perfeita! O Óscar vai para ti, com o papel ideal, tal ilusionista, tal ator principal, cheio de politiquices, sem moral, cheio de promessas, truques de magia, encanto.
Talvez um dia...
A culpada fui eu! Hoje, assumo toda a culpa, A minha ingenuidade, A minha inocência... Assumo todos os meus erros.
Mas agora... agora podes levar tudo. Leva os teus beijos, As memórias... Leva cada desculpa que pediste, Cada desculpa que me deste, ou mentira que constaste. Leva cada palavra, Leva todos os sonhos.
Deixa-me esquecer o que sentia quando me olhavas, Deixa-me esquecer que não dizias tudo aquilo que eu queria dissesses.
Leva as palavras desperdiçadas, Leva as ideias que trocámos, tira-me o teu toque, tira-me os arrepios que provocaste, leva o teu cheiro, o teu abraço, leva o perdão que tanta vez pediste nos meus lábios, Leva cada pedaço daquilo que vivi, contigo.
Deixa-me acordar e pensar que nunca exististe, Deixa-me esquecer-me da culpa, deixa-me esquecer da ilusão que criaste... que criei.
Deixa-me voar.
DEIXA-ME VOAR!
Deixa-me voar sem pensar que preciso de ti para me segurar, Deixa-me respirar. Deixa que a minha alma saiba o que é ser, sem ti.
Deixa-me confiar em mim. Agora... Agora deixa-me ser eu... Como eu nunca devia ter deixado de ser.
Deixemo-nos de cenas : a vida e o mundo de hoje em dia são - inevitavelmente - stressantes. Nós sobrevivemos, claro: cada vez desenvolvemos mais e melhores ferramentas para cuidarmos de nós próprios, para aproveitarmos ao máximo a nossa própria companhia, para cultivar o amor próprio (que palavra cliché, não é? parece que agora pegou moda, mas nem nunca devia ter saído de circulação), para sabermos namorarmo-nos e gostar de nós porque "se não gostarmos de nós quem gostará"? Mas ninguém sobrevive completamente sozinho. Precisamos de ninhos para aterrarmos (nem que seja de vez em quando), marinas-colo para desembarcarmos em bom porto, pessoas-abrigo, abraços-casa. Esqueçam a paixão - diz-vos uma romântica incurável, uma apaixonada assumida. Aprendam que para além de o amor poder ter várias formas, nem sempre começa com pernas bambas e corações acelerados, nem sempre nos apaixonamos, nem sempre derretemos. Há amores que começam devagar, há amores que são apenas amizade e amores que começam em amizade, há amores sem paixão - dos amores românticos ou não - e há os amores loucos de paixão. Aceitem pessoas em ponto-lagarta, e tragam cores à vossa vida . As pessoas - e as relações - sofrem metamorfoses e nós devíamos encher a nossa vida de borboletas! Semear palavras, plantar gestos e viver num jardim - num jardim que, obviamente, temos de cuidar para se manter bonito. Sejam a paz de alguém, e cultivem (cativem, cuidem) quem vos traz paz. Tenham quem vos sossegue, quem vos traga boas energias, quem vos faça vibrar, quem vos anima e faz (sor)rir. Tenham quem vos é calma, porque no fim do dia - no fim da (rotina da) vida e nos "fins dos mundos" todos por que o nosso mundo passa - quem nos ama é quem nos embala, quem nos acolhe e cuida, quem nos é - e traz - paz. (E, se não trouxer paz, deixem ir.)