Dolce Vita, Vita Dolce. *Pleasure's Screams*
...Agora vejo tudo com clareza. Acordei numa cama de macios lençóis brancos, num sítio brilhante, com muita luz, decorado em tons de uma claridade totalmente nova para mim.
Não havia paredes, nada me prendia, e eu sentia-me leve. Lembrava-me de tudo e nada, não sabia onde estava, mas algo dizia que ia gostar daquele sítio. Uma enorme onda de leveza e paz de espírito invadiu-me: sentia-me livre, leve...sentia-me EU outra vez.
Era estranho pensar no que tinha acontecido, como tinha ido ali parar: não encontrava a resposta, não me lembrava nem me importava com o facto dessa ignorância ali estar...Porque ela estava lá, mas eu não a sentia. Era como se sempre ali estivesse estado!
E eu passeava por ali, passeava?! Talvez voasse, ou saltitasse...Era tudo tão novo, tão incrível, tão... Inocente! Não me sentia a sobreviver, sentia-me a viver!
"Viva la Vida!" era uma expressão que me envolvia num grito doce, num grito de prazer; era uma expressão que eu imaginava (ou se calhar, via mesmo por todo o lado), era uma expressão que me dava energia para ali estar. E foi então que vi uma criança, vestida de branco, sentada no chão, mas parecia intocável, como que dentro de uma vitrina de vidro, ela mexia-se, olhava para mim e sorria, e continuava a escrever no chão, desenhava...desenhava ondas...e ondas, e ondas e... Ela tinha um sorriso mágico, brilhava, tinha o cabelinho muito loiro e a pele muito clara e os seus olhinhos azuis pequeninos emitiam luz. Depois apareceu uma borboleta, a menina pegou numa bonequinha que eu ainda não tinha reparado que ali estava e que parecia uma réplica sua e correu atrás da borboleta. Passou por mim a correr, num movimento doce e alegre. Estava descalça e eu olhei e sorri.
Andei a rodopiar por ali durante horas a fio, e olhava um lago azul brilhante com nenúfares perfeitos (no significado utópico da palavra perfeição), e olhava um mar calmo, com espuma branca, e passeava por ai vendo gaivotas a voar e era tudo mágico...
Depois sentei-me e adormeci. Acordei horas depois no meu quarto, mas eu sabia que tinha sentido Aquilo.