Só mais um pouco, por favor. Mais um bocadinho, que eu prometo que é rápido!
Só preciso de um pouco mais. Uma última palavra, um beijo, um toque, um abraço. Só mais uns segundos, por favor.
Dá-me só mais um olhar, um sorriso, um passeio, um cafuné. Dá-me só mais uma chamada, uma mensagem.
Dá-me mais um jantar, uma fatia de pizza encomendada à pressa, uma bolacha... uma dentada, apenas. Dá-me só mais um encontro: bebemos um café? Só mais um copo. Um gole, talvez? Um pequeno tragozinho...
Pausa-nos. Guarda-nos. Preserva-nos.
Dá-me só mais um momento. Só mais uma caminhada por mim, num caminho sem volta até ti. Depois volto eu a mim, mas fico-me contigo. Prometo chegar e não partir. Prometo ficar. Prometo-te a minha existência. Prometo os “aindas”, os “tudos”, os “sempre”. Prometo-te as palavras de significado doce, intenso e permanente. Prometo um beijo longo à chegada, um ainda maior nas despedidas provisórias. Prometo-te um toque demorado que pernoite. Prometo-te abraços apertados sem motivo, e os confortantes sempre que precisares. Prometo ver-te. Prometo guardar-te os olhares, os sorrisos e o cafuné de domingo à tarde.
Dá-me o que ainda não me deste. Deixa-me dar-te o tanto que tenho para oferecer. Dá-me só mais um pouquinho, que eu dou-te tudo o que poder, para quereres partilhar tudo o que tens para mim. E eu depois dou-te o tempo todo do mundo. Dou-te todo o meu mundo, na verdade. Só preciso de mais um bocadinho... dás-me mais uns minutos , por favor? Umas horas talvez... ainda há tanto para fazer – um mundo gigante para vivermos, um beijo inteirinho para demorarmos.
Demora-te aqui: fica com delongas... que daqui, da minha parte, por esses lábios - e todo o resto - não hesito em ficar, e ainda há tanto que te quero mostrar e tanto para te desvendar! Fica mais um bocado, que ainda é cedo. Não vás já, que mal te vi - mal nos senti e bem nos quis. Fica-te por aqui, sim? Pelo menos mais um pouco: dá-me mais um pouco de ti.
Dá-me mais um pouco de nós – uns dias, talvez. Talvez seja ousadia da minha parte, sendo o tempo algo tão precioso... Mas seria muito pedir-te mais uns meses? É só mais um pouquinho e perdoa-me a loucura, mas cada vez que penso em ti, quero-te um pouco mais. Quero-nos um pouco mais – um trago do que não era perfeito, mas tão bom.
Dá-me mais um pouco de nós: peço, talvez, só mais uns anos e depois ficas o resto da vida, como quem não quer a coisa. Só quero mesmo um trago a mais: um trago dos “sins”, dos “gosto”. Um trago dessa intuição, porque a minha ambos sabemos que não funciona. Um trago de um sonho que não seja tão breve, um trago de um “era uma vez” que pode imediatamente ser um “para sempre”.
Dá-me só mais um pouco mais de nós, um pouco mais disto, que soube a tão pouco. Dá-me só mais um trago de nós... só mais um trago de ti, por favor.
Fomos um momento apenas: um apontamento no calendário, um meio sorriso, um movimento arriscado, um canto perdido num mundo imaginado, um caminho escondido a corta-mato, um gesto mal-amanhado, uma meia palavra, meia lua, céu nublado com abertas, uma gota perdida numa rua.
Fomos um livro gigante em miniatura, mas apenas uma linha fina numa folha A4, um soluço do tempo, um boato com cinco minutos de fama, um dicionário sem definições, perguntas sem resposta, um pretexto sem contexto, sem paratexto. sem momento, sem encaixe, sem nexo.
Fomos uma tontice de uma cabeça com asas que toda a gente dispensa, um achaque de um peito inquieto, um impulso de um coração intenso.
Fomos uma boca prestes a falar, um abraço longe de apertar um olhar que nunca se trocou, um beijo que ficou por dar, um segredo por guardar.
Fomos um presente envenenado, uma vida não vivida, o rescaldo de uma epifania, uma fofoquice de uma epopeia, o prólogo de uma letra capital, uma antestreia sem estreia principal, uma antevisão de um jogo sem apito inicial, empatado por falta de comparência de ambas as partes.
Fomos nem duas palavras, um segundo de história, um poema de um verso, que não rima, não termina, e é impossível de declamar.
Fomos um ponto final, uma música que nunca se fez, uma ideia que se desfez, uma lenda pouco encantada, um conto sem final feliz, fomos um sopro, um ápice, fomos pouco mais de uma vez, fomos um momento apenas, um momento de pouca lucidez e éramos para ser tudo de uma vez.
O relógio da igreja dava as onze badaladas previsíveis, mas que rezava por não ouvir. O sino bateu pesado como de costume, e insistente em fazer-se escutar. Gritou comigo o passar do tempo e eu fechei os olhos e concentrei-me no som que ecoava dentro da minha cabeça. Concentrei-me num "aparece" que teimava em não se representar. Devia saber: devia saber que tardarias a chegar ou que, como sempre, não virias de todo. Mas eu, como sempre, queria-te esperar. Eu, como sempre, iria esperar-te e esperar a desilusão que a tua ausência, inevitavelmente, iria trazer.
Parei, na minha varanda de onde tantas vezes te vi chegar, e virei o meu olhar para uma torre de igreja que tantas vezes admirei e que hoje parecia disforme, assustadora, tão cheia de si, tão pintada de realidade.
Voltei a repetir silenciosamente um "aparece" , como quem se perdeu num mísero toque de sino, sem se quer perceber que aquelas onze não se repetirão. Quantas delas já teriam passado? Quantas badaladas, quantas horas, talvez quantas oportunidades, teriam passado? Perdi-me num eco tão inexistente como a tua presença, num toque que me tocava a alma agora tanto quanto tu havias tocado, num som tão áspero como o silêncio da tua não-chegada.
E o relógio da igreja continuava a tocar, numas badaladas épicas de vontade e desejo, num sforzando incessável, num contar de horas que parecia marcar muito mais do que o impacto de doze badaladas, quando ainda faltava uma hora para elas. Ou ter-me-ia eu perdido no meio de um tempo indiscreto e volátil? Teria eu descrito uma torre de igreja enquanto esperava a tua vinda, que demorava agora uma hora a mais?
Olhei para o velho relógio na parede da cozinha, com vontade que este momento analógico me trouxesse à terra, me chamasse à razão, me beijasse de realidade, como eu queria que tu fizesses: beijarias-me de realidade, e despirias-me a razão. Deixavas-me abraçar as nossas analogias, deixavas-me embriagar-me de ti, afogar-me nas tuas recompensas pelas falhas que se sucediam, deixavas-me enlaçar os meus dedos nas metáforas que tanto desperdiçava contigo.
Desperdiçar - o termo que se adequaria à cena que estava a fazer há precisamente pouco menos de nada e que já parecia tanto... talvez porque também tu me desperdiçavas, me desgastavas, me deixavas passar, me deixavas ir como o tempo ia agora comigo. Talvez porque eu me desperdiçava. Talvez porque eu desperdiçava o meu tempo à espera de um retorno que nunca chegaria.
E eu ouvia a torre da igreja com umas baladas que teimavam em não acabar, concentrava-me num "aparece" impossível, olhava da torre para a estrada e da estrada para a torre, na esperança de te encontrar perdido entre um alcatrão que se confundia com o escuro da noite. E tu estavas atrasado. Demasiado atrasado. Tardavas demasiado.
Tardavas, mas não falhavas.
Apareceste. Finalmente, apareceste.
E eu dali, a ver-te chegar, sabia que te receberia e desculpava, contra qualquer compromisso comigo mesma, contra qualquer ideologia ou conselho, contra qualquer réstia de orgulho, contra qualquer despeito: ceder-te era o meu maior defeito e a minha maior qualidade.
Ver-te era como um recarregar de baterias, um encher de um depósito, o saldar de uma dívida. A ampulheta do desastre foi virada, o cronómetro do desespero foi zerado. Eu, dali, a ver-te chegar, sabia que tardarias novamente e me vestirias de incerteza numas novas badaladas, numa nova lua, num mesmo contexto e num não tão diferente enredo... e tudo se tornaria a repetir: a tolerância, a paciência, a expectativa, a esperança, o nosso desperdício, o teu prazer em me desesperares, o meu descuido em te aceitar, o beber das tuas desculpas e o embebedar-me do teu todo.
Desta vez tardaste, mas não falhaste.
Numa outra vez, não tardarias em falhar. E eu, a ver-te chegar assim, sabia que te cederia novamente, eventualmente, certamente, descaradamente... desesperadamente.
Sometimes difference is what brings people together.
A little difference never hurt anybody: it may be difficult sometimes, but is not impossible.
And definitely, is not about the differences.
Is about what brings you together: the joy that you share, the happiness that makes life brighter , the funniest conversations, the excitement of seeing each other every time, the shared secrets - that no one else knows, the inside jokes no one else understands - or sees, the shiniest shiny eyes, the trembling souls - unconditionally, unexpectedly and unpredictably souls, the flare (the flare you had, the flare you share, the flare you make together, since ever, and that no one else will be able to light up)... Is about how great your bright is when you're together - as a vampire in the sun, glittering all around.
It doesn't matter how different you both are, but how you choose to share and combine those differences. It doesn't matter how different you both are, but how great you are together - how you amazingly work together and how your bodies laugh and dance and sing and trill when they are together.
It doesn't matter how different you are, but how much you complete each other and how strong you become for sharing, combining and overcoming those differences.
It's not about your differences, but how much your path looks alike. How much your souls are mates, how much your hearts are attuned .
It's about being free, together. It is about being different, but having both of your hearts with the same beat. Is about having each other in common. Is about shared goals, shared memories, shared glances, a shared history and a shared landscape. Is about the best dream ever, coming true and the most important feelings coming together from you.
You just have to choose.
Choose wisely. Don't jeopardize those amazing things. Be happy.
Um dia desapareceste entre espuma branca e ondas altas, em direção a Sabe-se-lá-onde. Nesse momento, pensei-te navegante de outros mares para sempre, pensei-te explorador de outras costas, entusiasta de outras encostas, longe de qualquer vista mar.
Mas depois tu decidiste um regresso e aportaste no meu cais, de novo, quando te pensava entre ondas e marés. Aportaste no meu cais, talvez perdido de tormentosas tempestades, talvez oriundo de terras distantes, talvez, quem sabe, das profundezas do oceano, talvez indisposto da viagem, talvez sem saber onde o destino te traria.
Horas, dias, meses: o tempo que passara era-te desconhecido (na verdade, até para mim) e eu olhava para ti como se olhasse para o meu horizonte, sem saber como te acalmar deste teu fado impetuoso (se saber como me acalmar desta incerteza imprevisível), sem saber como esclarecer as dúvidas que terias, sem saber como te ler esse olhar impenetrável que diz o contrário do que os teus lábios pronunciam. A verdade é que, quando partiste, julguei-te perdido para sempre, julguei-me desprendida de ti, julguei solução as ruas mais distantes do porto de onde saíste e, agora, aqui estava eu: percorrendo todo o caminho de volta até à nossa margem, onde pensei nunca mais voltar e onde a altura da água é a mesma depois das lágrimas que lá deixei cair ao ver-te ir, passando pelas marcas da minha determinação deixadas na direção contrária nas pedras de calçada. A paisagem parece um pouco diferente agora que o teu barco está no cais: o sol parece mais brilhante, as ruas mais cheias de cor, as margens mais translúcidas.
E eu aqui, a esperar por te receber de novo neste teu regresso, rezando para que acredites que teremos a melhor vista mar do mundo inteiro.
Nem sempre foi perfeito. Pelo contrário, mais depressa fomos um desastre do que perfeição. Mais depressa fomos tempestade que bonança. Mais depressa éramos inferno que céu. Mas gostava de nós, gostava das nossa bonança. E do arco-íris, da luz ao fundo do túnel. Para que conste: gostava mesmo.
Odiava a sensação de assunto inacabado, de coisas por falar, de as coisas correrem mal e não te poder contar, porque correram mal contigo. Odiava a sensação de ficar à tua espera e a sensação de sentir que te perdia, porque aprendi muito cedo contigo que não podia ser eu a ir buscar-te. Magoava-me igual todas as vezes e dói só de pensar. Odiava a sensação de achar que não voltavas e de às vezes preferir que não voltasses. Mas eu queria sim, que voltasses, queria muito. Porque o nosso céu era tão bom... o nosso fim do arco-íris era tão mais rico que um pote de ouro, os nossos dias de sol eram tão quentes!
E depois, realmente, começava a parar de chover, as nuvens iam-se dissipando, o arco-íris tímido aparecia e o dia seguinte acordava com um brilho radiante de sol quente. E amava ter-te de volta. E eu não percebia como é que aquilo acontecia. Eu nem entendia a chuva, às vezes! Ainda não entendo muitas vezes como as nuvens se juntam. Não queria que se juntassem, não percebo como acontecia e continuo sem conseguir perceber porque acontece, por muito que tente evitar.
Na verdade, os dias de sol são tão melhores e depois, de repente, lá fica cinzento sem perceber como, porquê... Ah? O quê? Como? Porquê? A sério? Onde? Porquê? De verdade? De onde? Porquê? Chuva, vento, trovoada. Ah? O quê? Como? Porquê? A sério? Onde? Porquê? De verdade? De onde? Por onde? Ah?
É difícil perceber como nos dávamos tão bem e depois tão mal. Mesmo sem mal entendidos, mesmo sem motivo. Depois acreditava que se calhar mais valia ficares perdido pelo nevoeiro provocado pela chuva. Mas não queria. Não queria mesmo. Queria que ficasses comigo e não saísses. Queria que ficasses e o resto acabasse. Queria viver sem tempestades, mas contigo. Ou viver as tempestades contigo.
E sabes? Eu continuo sem perceber essas tempestades com tão bons dias de sol a precederem. Uns chuviscos seriam normais, mas não tantas tempestades, grandes, seguidas, tão à séria! E não percebo a tua demora pós-tempestade. Nunca percebi.
E eu tenho saudades: tenho saudades de saber que estavas lá... tenho saudades de saber que bastava chegar a casa, mudar de divisão ou até olhar para a frente e tu estavas lá.
Tenho saudades de como era bom cheirar-te e abraçar-te. De como era tão bom poder tocar-te.
Mesmo quando não estavas, eu sabia que eventualmente viria o momento em que iríamos estar juntos e eu sempre com o mesmo arrepio na barriga, como se fosse a primeira vez. Aconteceu toda e cada vez! E mesmo quando estávamos no mesmo espaço, cada um no seu mundo, era bom saber que estavas ali... Era bom. Mesmo bom. Era bom saber que se quisesse abraçar, tu estavas ali a três passos e meio. Às vezes, sem saberes, ficava só a ver-te.
Depois veio uma tempestade em que eu deixei de esperar por ti, porque cada vez mais demoravas mais a voltar. Por muito que eu quisesse, por muito que fizesse, por muito que esperasse, por muito que dissesse...parece que deixou de ser suficiente (ou talvez nunca o tivesse sido). E então, deixei de esperar por ti. Por ti e pelos dias de sol.
Depois eles eventualmente apareceram. E tu não. E eu tinha medo de estar sem ti - tinha mesmo! Queria muito estar contigo. E eu tinha saudades - mesmo muitas - e queria que voltasses - mesmo à séria - mas se não querias aparecer, eu tinha de aprender a aproveitar o calor , mesmo sem ti, e mesmo não querendo estar sem ti.
" Achas que posso ter mais um beijo? Eu encontrarei o final nos teus lábios e depois vou.
Talvez também mais um pequeno almoço, mais um almoço, mais um jantar. Eu estarei completa e feliz e depois podemos separar-nos.
Mas, entre as refeições, achas que podemos deitar-nos uma vez mais? Mais um momento prolongado em que o tempo fica suspenso indefinidamente e eu pouso a minha cabeça no teu peito.
A minha esperança é que adicionarmos tantos "mais um" que equivalerão ao tempo de uma vida e nunca cheguemos à parte em que eu te deixo ir.
Mas isso não é real, pois não? Não há mais "mais um".
Conheci-te quando tudo era novo e excitante e as possibilidades do mundo pareciam não ter fim. E ainda são. Para ti. Para mim. Mas não para nós. Algures entre o depois e o agora, o aqui e ali , eu penso que não nos fomos separando... apenas fomos crescendo.
Quando alguma coisa parte, se as peças são suficientemente grandes, tu és capaz de consertar. Infelizmente, às vezes, as coisas não partem: elas estilhaçam-se. Mas quando deixas a luz bater, o vidro estilhaçado brilha. E, nesses momentos - em que os pedaços do que éramos apanharem sol - eu vou lembrar-me de quão bonito foi. De quão bonito será, sempre.
Porque éramos nós. E nós fomos magia. Para sempre. "
Excerto do filme da Netflix : SOMEONE GREAT / ALGUÉM ESPECIAL, com Gina Rodriguez.
(Não podia deixar de partilhar, esta despedida maravilhosa ao amor.)
É estranho como o mundo gira e me leva de volta até ti, como se quisesse que comparasse o que fomos ao agora e me quisesse a querer-te comigo aqui , como antes, como outrora.
Decididamente, acredito hoje, mais que nunca, que as coisas acontecem por uma razão e, aqui estou eu, pronta para o que vier daí, preparada para todas as coisas estranhas e vislumbres. Porque já vi que (pelo menos) o (meu) mundo é assim.
E tu vens, de rompante, e vais de repente, e voltas de fininho, e desapareces mansinho e perdes-me no meio de sonhos e sentidos, memórias e vontades, medos e verdades.
E eu vou ceder. Se vieres, eu sei que não resisto. E se fores, eu sei que eventualmente, de uma forma ou de outra, voltarás. E se não voltares, saberei antes de tomares essa decisão.
Porque eu já decidi algumas vezes por um ponto final que, no final, virou uma vírgula baça, quase transparente e agora tenho sérias dúvidas se estas reticências serão o encerramento da tua frase.
Se forem, eu sei que um novo parágrafo vai surgir e, sinceramente, estou mais despreocupada que nunca.
Se não forem, por favor, volta com tudo. Volta com todas as palavras que sempre usei para te descrever, com toda a carga que te envolve desde que sou pequena, volta com os meus sonhos no colo e com o meu coração nas tuas mãos.
Ou então, deixa-me ir, deixa-me perder-me noutro alguém, deixa-me criar outros sonhos, deixa-me escrever uma nova história. Deixa-me escorregar para o futuro, como se nunca tivesses considerado um comigo. Deixa-me abraçar um novo mundo, como se nunca tivesse partilhado o meu contigo.
Ou então vem, vem decidido vem de vez, vem agora fica eterna e discretamente, fica como antes, como outrora. Toca-me, prende-me, ama-me. Faz-me sorrir e ficar. Faz-me poder ver-te, Faz-me poder ter-te, Faz-me sonhar, Como sempre.
O mundo tem, neste momento, mais de 7 biliões de pessoas e eu fui desencantar-te inesperadamente no meio de tanta gente, depois de tanto tempo, depois de tanta história e ponto final. Se um relâmpago nunca cai duas vezes no mesmo lugar, as probabilidades erraram na nossa tempestade e eu tive a oportunidade de me cruzar contigo uma segunda vez.
É engraçado como foi discreta a aproximação e como, tão rápido, nos reencontrámos, nos alcançámos e colámos.
"Colar".
"Colar". Ora aí está uma palavra que nos descreve tão bem.
Colar-me a ti. Colares os pedaços de mim. Colar o meu corpo ao teu. Colares a tua pele à minha. Colar o meu beijo aos teus lábios. Colares as tuas mãos à minha cintura. Colar os teus olhos no meu olhar. Colar as tuas palavras no meu sorriso. Colar o teu toque à minha alma. Desapegar-me dos medos que se tinham antes colado a mim e que se descolaram com a emoção da tua aterragem súbita e inocente na minha vida.
Quer dizer...Foi inocente precipitadamente e precipitadamente o deixou de ser. Desfez-se quando me apercebi que ainda guardava restos do nosso primeiro beijo na minha boca. Desapareceu quando o teu toque me levou de volta ao calor das mãos dadas daquela primeira vez. Transformou-se quando nos teus olhos vi o reflexo daquele utópico nascer do sol que, até então, recordava sem me aperceber da tua presença.
Aquelas cores vestiram-me o coração inúmeras vezes e outras tantas me aqueceram a alma. Aquelas cores trouxeram sonhos e revelaram memórias como se de um rolo de fotografia se tratasse. Aquelas cores foram-te pintando na minha frente, como se fosse a primeira vez que te via, tal como uma fotografia vai ganhando cor. E na minha memória esse nascer do sol ganhou um novo brilho, tu ganhaste novas cores e toda a história até então fez sentido.
E colei-me a esse déjà vú. Colei-me a ti. Senti-te colares pedaços de mim. Colei o meu corpo ao teu com juras de nunca mais te deixar ir. Senti-te colar a tua pele à minha e apaixonei-me um pouco mais. Colei o meu beijo aos teus lábios e prometi nunca mais saborear um outro sorriso. Colaste as tuas mãos à minha cintura, com a força de quem não me queria ver fugir ("que inocente!", pensei... como se alguma vez ousasse em te voltar a fugir). Colei os teus olhos no meu olhar, tomando-os como o meu horizonte. Colei as tuas palavras no meu sorriso, nos meus ouvidos, no meu ser. Tomei-as como a minha essência a partir daí. Colei o teu toque à minha alma, colaste-te a mim.
E aquela imagem dos dois adolescentes, secretamente apaixonados, disfarçadamente de dedos entrelaçados e de inocentes olhares trocados, repetiu-se.
Desta vez sem nascer do sol. Porque o que tinha de nascer, havia nascido uns anos antes. Desta vez as nuvens foram embora. Aquelas nuvens que ali pairavam há alguns anos, sim. Foram embora e deixaram o sol lá bem no alto, quente, como daqueles dias de verão que nunca mais acabam e que aquecem o olhar, salgam a pele, lavam a alma. E, de cabelos colados ao corpo, fizeram-se promessas de adolescentes, com sabedorias e sabores diferentes, sob o sol quente.