E se depois do pôr do sol já não estiveres? Se te fores embora com a última luz do dia? Se não te encontrar no escuro da noite?
Vai ! Porque a praia é um bom sítio para te perder... e , na verdade , há lá sítio melhor para esperar por um novo dia? Há lá sítio melhor para respirar a minha companhia? Há lá sítio melhor para recomeços?
Aproveito - me de mim. A solidão não me cansa , a minha companhia agrada-me. Sorrio-me e abraço-me - verdade que é sem ti, mas é comigo. E, assim, amanhã já não te perco. Tu vais e eu fico. Amanhã já me encontrei e brilho à luz do sol ou da lua. E ficarei ali até à noite. Aproveito - me naquela luz de fim de dia que existe contigo, ou sem ti e que lá está sempre que preciso. Amanhã já não te perco, apesar de nunca ter pensado ter - te e de não se poder perder o que nunca se teve .
Vai!
Há já muito tempo que me sei guiar tão bem no escuro da noite como em plena luz do dia ...
E, se desapareceres no mar como o sol, desapareces bonito.
Vai ! Porque eu não vou, não quero ir, nem desapareci . Estive , estou e estarei lá ( para o pôr do sol , para mim e , se for o caso , até para ti ).
No rescaldo de algumas histórias, os pés enterram -se em areias brancas. Os olhos, que refletem um azul-mar, brilham perante a imensidão de um céu cor de rosa e sobre a ideia do desconhecido que estará para além do que a vista alcança. Sentem-se abraços apertados, corações acelerados, cabelos enrolados pelo vento, e arrepios causados por um toque em tal contexto.
No rescaldo de alguns momentos, partilham-se segredos e entrelaçam-se dedos. Dividem-se memórias. Sorriem-se bocas, que se descolam de vez em quando, entreolham-se almas que nunca chegarão a conhecer-se verdadeiramente. Sentem-se braços que apertam, mãos que seguram e deixam ir ,sentem-se risos que se perdem até às nuvens que vestem o céu.
No rescaldo de alguns contos, conhece-se o fim e saboreia-se o início, como se algo de imprevisível fosse prometido, sem o ser. Dizem-se cantigas e lemas, dizem-se gargalhadas e dizem-se olhares. Há um diz-que-disse, um conto com um ponto acrescentado, um beijo inesperado e um virar de página. Há um sorriso tímido perdido algures entre gargalhadas fartas, e gargalhadas guardadas para recordar a sorrir, um vislumbre de glória que se vive em areia branca, fundo de mar e na luz maravilhosa de um por do sol. Há um vislumbre idílico de uma utopia que, à partida (e ao fim ao cabo), nunca existiu. Há uma epopeia de meio verso que não rima.
No rescaldo de alguns beijos, há o fim já previsível que se precipita, que se faz mostrar, que se apresenta a gritar. Há um parar de soar de trompetes, uma travagem brusca, um impulso...
E a calma volta a pairar em areias brancas que enlaçam no mar paradisíaco pintado num céu de cores quentes.
No rescaldo de um anoitecer, sentem-se borboletas levantar voo. De asas agitadas, marcam uma presença colorida, mas fugaz. Há desejos de um bom dia, de um regresso, de um amanhecer. Mas, no rescaldo de algumas manhãs, sente-se que não há volta a dar, que não há regressos, que não se pode voltar, não há amanhã - não tão bom como hoje.
Vais contra o vento, numa velocidade aceitável, mas com uma concentração de quem tem uma meta a alcançar.
Focas o ponto do horizonte e pedalas como se a tua vida dependesse disso, como se não houvesse amanhã. Concentras-te no destino que queres alcançar, remas contra a corrente, corres em contra relógio, com os cabelos a esvoaçarem e deixarem para trás um rápido rasto teu.
Para quem te conhece, não é só o vislumbre do teu cabelo que se atrasa em relação a ti, mas o teu perfume que te lembra a quem pensa que te esqueceu, o aroma que deixas no ar como prova da tua passagem por qualquer ponto de partida, por qualquer pedaço de vida.
É um cheiro infalível, mesmo para a mais fraca memória olfativa - inevitavelmente, fará qualquer pessoa lembrar-se de ti... ou nunca ousar, sequer, esquecer-te!
Ouvir-te será um bónus e só os mais espertos terão coragem de te escutar. Mas se te ouvirem, recordações serão para sempre amaldiçoadas (ou abençoadas) com o tom que te persegue, a ti que poucos percebem, a ti que poucos têm a audácia de conhecer.
E sobre duas rodas, vives essa vida que é tão tua, saboreias o vento, alcanças o horizonte e sentes, contra ti e a teu favor, a fricção da velocidade do ar, a sinergia de um respirar, a rotina de um mundo a girar.
Nem tu sabes o destino que tanto pedalas para tocar, mas quem te conhece cumprimenta a tua vontade e energia quando passas. Não é sorte ou azar brindares portas, portões e lugares com a tua passagem - mas não duvides do quanto isso vai influenciar a vida de quem cruza a tua rota tão decidida, a tua rota tão incerta, tão espontânea e discreta, essa rota tão tua.
Da garupa da tua bicicleta, galopas o mundo, cada canto que tu queiras e que alcanças daí, em todo o seu explendor, em 360º, sem ângulos mortos! Acenas a quem te ilumina o caminho (que que às vezes fica mais escuro, que às vezes perde a cor) e, sem que às vezes saibam, guardas isso com carinho. Tu tens sonhos que levas contigo - às vezes no cestinho, às vezes na mochila, às vezes no coração, mas leva-los sempre, como quem não tem medo de sonhar, medo de mostrar que sonha, medo de mostrar que o sonho comanda o teu pedalar.
Tu pedalas sem destino, com sonho e com esperança, sem saber o que vais encontrar, sem rota ou hora marcada. Mas tu sabes bem onde queres chegar... não sabes?
Segredei à cidade o meu desejo de te ver, o meu desejo de te ter, de saber por onde andas, de acalmar esta ansiedade.
Segredei bem baixinho, com vontade de desvendar os sonhos que tenho por contar, os pesadelos que tanto quero esquecer e deixar ir devagarinho.
Segredei quase silenciosamente, como quem não quer perturbar, como quem não quer acordar, o mundo que ainda dorme e pensa conhecer-me perfeitamente.
Segredei à cidade todos os momentos prometidos, todos os momentos tão vividos, e os que ficaram por passar, recordando-os com claridade.
As luzes da cidade piscaram, talvez a dizer que perceberam, talvez a dizer que me ouviram, talvez só porque sim, sem saberem dos segredos que lhe contaram.
Os carros da cidade desapareceram, deixaram de correr, deixaram de se ver, as ruas ficaram desertas, sem as palavras que não se disseram.
Segredei à cidade tudo o que ficou por acontecer, tudo o que ficou por dizer, como quem tanto quer paz, como quem só quer felicidade.
Segredei à cidade minha tudo o que de ti visitei, cada beijo que troquei, em como te dei o que era meu, em como te entreguei o que não tinha.
Segredei à cidade, sem qualquer esperança, coração de insegurança, olhar cheio de sonhos, e alma cheia de vontade.
Segredei sem parar à cidade partilhada, à cidade tão explorada como cada canto teu, cada traço desse olhar.
Não quis esconder nada, à cidade que era tudo, à cidade que era um mundo à cidade que conhecia toda a história encantada.
Segredei à cidade tua, que não sei, não conheço a lei de amores perdidos desfeitos à luz da lua.
E eu pensei num final bem credível, não fosse alguém reparar, não fosse alguém querer acreditar na descrição tão real de um sonho quase impossível.
Inventei um final feliz, que gostava de ter tido que me haviam prometido, final de seres tão meu, final que sempre quis.
Não sei se a cidade me ouviu, de tão baixo que falei, de tão alto que calei as lágrimas que falaram de um futuro que fugiu.
Aquela cidade ficou lá e eu decidi vir embora, eu que sempre fui de fora, que a assumi minha por ti, pedi-lhe para te trazer para cá.
Segredei à tua cidade o meu desejo de viver, o meu desejo de me ter, de poder fazer tudo sem ti, e aprender a calar a saudade.
Sometimes difference is what brings people together.
A little difference never hurt anybody: it may be difficult sometimes, but is not impossible.
And definitely, is not about the differences.
Is about what brings you together: the joy that you share, the happiness that makes life brighter , the funniest conversations, the excitement of seeing each other every time, the shared secrets - that no one else knows, the inside jokes no one else understands - or sees, the shiniest shiny eyes, the trembling souls - unconditionally, unexpectedly and unpredictably souls, the flare (the flare you had, the flare you share, the flare you make together, since ever, and that no one else will be able to light up)... Is about how great your bright is when you're together - as a vampire in the sun, glittering all around.
It doesn't matter how different you both are, but how you choose to share and combine those differences. It doesn't matter how different you both are, but how great you are together - how you amazingly work together and how your bodies laugh and dance and sing and trill when they are together.
It doesn't matter how different you are, but how much you complete each other and how strong you become for sharing, combining and overcoming those differences.
It's not about your differences, but how much your path looks alike. How much your souls are mates, how much your hearts are attuned .
It's about being free, together. It is about being different, but having both of your hearts with the same beat. Is about having each other in common. Is about shared goals, shared memories, shared glances, a shared history and a shared landscape. Is about the best dream ever, coming true and the most important feelings coming together from you.
You just have to choose.
Choose wisely. Don't jeopardize those amazing things. Be happy.
É estranho como o mundo gira e me leva de volta até ti, como se quisesse que comparasse o que fomos ao agora e me quisesse a querer-te comigo aqui , como antes, como outrora.
Decididamente, acredito hoje, mais que nunca, que as coisas acontecem por uma razão e, aqui estou eu, pronta para o que vier daí, preparada para todas as coisas estranhas e vislumbres. Porque já vi que (pelo menos) o (meu) mundo é assim.
E tu vens, de rompante, e vais de repente, e voltas de fininho, e desapareces mansinho e perdes-me no meio de sonhos e sentidos, memórias e vontades, medos e verdades.
E eu vou ceder. Se vieres, eu sei que não resisto. E se fores, eu sei que eventualmente, de uma forma ou de outra, voltarás. E se não voltares, saberei antes de tomares essa decisão.
Porque eu já decidi algumas vezes por um ponto final que, no final, virou uma vírgula baça, quase transparente e agora tenho sérias dúvidas se estas reticências serão o encerramento da tua frase.
Se forem, eu sei que um novo parágrafo vai surgir e, sinceramente, estou mais despreocupada que nunca.
Se não forem, por favor, volta com tudo. Volta com todas as palavras que sempre usei para te descrever, com toda a carga que te envolve desde que sou pequena, volta com os meus sonhos no colo e com o meu coração nas tuas mãos.
Ou então, deixa-me ir, deixa-me perder-me noutro alguém, deixa-me criar outros sonhos, deixa-me escrever uma nova história. Deixa-me escorregar para o futuro, como se nunca tivesses considerado um comigo. Deixa-me abraçar um novo mundo, como se nunca tivesse partilhado o meu contigo.
Ou então vem, vem decidido vem de vez, vem agora fica eterna e discretamente, fica como antes, como outrora. Toca-me, prende-me, ama-me. Faz-me sorrir e ficar. Faz-me poder ver-te, Faz-me poder ter-te, Faz-me sonhar, Como sempre.
Olhei-te de alto abaixo e sorri. Se tivesse sido eu a pintar-te, antes de te ver, acho que te teria feito exatamente assim: sem tirar nem por. Tinhas o cabelo meio desarrumado, a pele um pouco marcada pelo sol, as bochechas ligeiramente coradas, os olhos de brilho praticamente constante, uma borbulha com ar de teimosa junto do nariz, uma barba semi-aparada, uma pinta aqui e ali quase como se fossem feitas a marcador. Acho que o que me fez ficar ligada a ti foi precisamente isso: a tua incoerência perfeita, os teus quases que eram tudo. O sorriso meio desesperado, meio esperançoso e o olhar meio atrapalhado, meio decidido. O estares no equilíbrio, sem pender para nenhum lado. O estares no meio, como se esperasses uma metade que te completasse.
Um dia, assim por segundos - porque segundos bastaram - eu vi-te.
Vi-te a ti e a uma silhueta que reconheci dos sonhos. Vi-te a ti e a uma figura familiar. Até o teu cheiro era aconchegante de tão familiar, eu diria.
Acho que conseguiria fazer o teu retrato perfeito, mesmo não sabendo desenhar. Mesmo não sabendo tocar, acertava na música perfeita para te descrever. Tu és poesia e eu saboreei cada palavra segredada pelos teus movimentos. Tu és aquela sobremesa, que está mesmo a apetecer e sabe tão bem como parece: não devia dizer a ninguém, mas os teus beijos são açúcar (e isso, eu só soube depois).
Tu és verão, eu sei: no mais frio dos invernos emanas praia paradisíaca. Consigo sentir a tua tez salgada, o cabelo encrespado, os olhos brilhantes, os lábios secos, mesmo tu sendo o serzinho mais suave de sempre, como seda. Ou veludo. Ou pétalas de rosa.
Tu és ritmo: aquele que às vezes imaginamos e não sai da cabeça, aquele que é inesperado mas que aumentamos de volume e cantarolamos juntos.
Tu és o meio. O todo e a metade. Estavas no equilíbrio que sempre presei, no meio do oito e do oitenta, no meio do frio e do calor, no meio do claro e escuro, no meio do óbvio e do duvidoso. E esse sítio era o perfeito para ti, porque te relevava. Porque eras tudo no incompleto e estavas incompleto no meio de tudo. E esse equilíbrio salientava esse aspeto. E como eu gostei desse aspeto!
Acho, genuinamente, que essa é a tua maior qualidade: o poderes ficar completo comigo.
E, no entanto, tu não o sabes. Andas como um completo ignorante deste facto, mexes-te como se não fosse nada contigo, e chegas como se fosses a coisa mais normal do mundo. Mas não és.
O mundo tem, neste momento, mais de 7 biliões de pessoas e eu fui desencantar-te inesperadamente no meio de tanta gente, depois de tanto tempo, depois de tanta história e ponto final. Se um relâmpago nunca cai duas vezes no mesmo lugar, as probabilidades erraram na nossa tempestade e eu tive a oportunidade de me cruzar contigo uma segunda vez.
É engraçado como foi discreta a aproximação e como, tão rápido, nos reencontrámos, nos alcançámos e colámos.
"Colar".
"Colar". Ora aí está uma palavra que nos descreve tão bem.
Colar-me a ti. Colares os pedaços de mim. Colar o meu corpo ao teu. Colares a tua pele à minha. Colar o meu beijo aos teus lábios. Colares as tuas mãos à minha cintura. Colar os teus olhos no meu olhar. Colar as tuas palavras no meu sorriso. Colar o teu toque à minha alma. Desapegar-me dos medos que se tinham antes colado a mim e que se descolaram com a emoção da tua aterragem súbita e inocente na minha vida.
Quer dizer...Foi inocente precipitadamente e precipitadamente o deixou de ser. Desfez-se quando me apercebi que ainda guardava restos do nosso primeiro beijo na minha boca. Desapareceu quando o teu toque me levou de volta ao calor das mãos dadas daquela primeira vez. Transformou-se quando nos teus olhos vi o reflexo daquele utópico nascer do sol que, até então, recordava sem me aperceber da tua presença.
Aquelas cores vestiram-me o coração inúmeras vezes e outras tantas me aqueceram a alma. Aquelas cores trouxeram sonhos e revelaram memórias como se de um rolo de fotografia se tratasse. Aquelas cores foram-te pintando na minha frente, como se fosse a primeira vez que te via, tal como uma fotografia vai ganhando cor. E na minha memória esse nascer do sol ganhou um novo brilho, tu ganhaste novas cores e toda a história até então fez sentido.
E colei-me a esse déjà vú. Colei-me a ti. Senti-te colares pedaços de mim. Colei o meu corpo ao teu com juras de nunca mais te deixar ir. Senti-te colar a tua pele à minha e apaixonei-me um pouco mais. Colei o meu beijo aos teus lábios e prometi nunca mais saborear um outro sorriso. Colaste as tuas mãos à minha cintura, com a força de quem não me queria ver fugir ("que inocente!", pensei... como se alguma vez ousasse em te voltar a fugir). Colei os teus olhos no meu olhar, tomando-os como o meu horizonte. Colei as tuas palavras no meu sorriso, nos meus ouvidos, no meu ser. Tomei-as como a minha essência a partir daí. Colei o teu toque à minha alma, colaste-te a mim.
E aquela imagem dos dois adolescentes, secretamente apaixonados, disfarçadamente de dedos entrelaçados e de inocentes olhares trocados, repetiu-se.
Desta vez sem nascer do sol. Porque o que tinha de nascer, havia nascido uns anos antes. Desta vez as nuvens foram embora. Aquelas nuvens que ali pairavam há alguns anos, sim. Foram embora e deixaram o sol lá bem no alto, quente, como daqueles dias de verão que nunca mais acabam e que aquecem o olhar, salgam a pele, lavam a alma. E, de cabelos colados ao corpo, fizeram-se promessas de adolescentes, com sabedorias e sabores diferentes, sob o sol quente.
Quando entreabri os olhos de manhã, pronta a enfrentar um novo dia que eu esperava que fosse tão bom como o meu acordar, já só vi a tua silhueta a compor o casaco, de costas para mim.
Aquele casaco que tinhas no dia em que te conheci, aquele casaco do nosso primeiro encontro que me ofereceste na cena cliché do "está um pouco de frio, não está?", aquele casaco que eu agarrei com tanta força no nosso primeiro beijo, aquele casaco que eu te roubo, sorrindo e cantando, cada vez que o vejo pousado em qualquer lado... aquele casaco que me faz derreter todinha! Era inevitável lutar contra o desejo de puxar esse casaco - e a ti - para mim, contra mim, a favor de mim e de todas as emoções que todos os teus gestos e não-gestos me provocaram.
E tu ali: tão metido nas tuas coisas, tão metido nos teus pensamentos e na tua rotina, que nem te apercebeste do quão observado estavas a ser, do quão estudado ao pormenor, do quão percorrido. E eu estática, numa viagem incontrolável pela tua pessoa, seguindo por curvas e contracurvas já tantas vezes decoradas, perdida naqueles pormenores que eu saberia descrever de olhos fechados.
E aquele casaco acentava-te tão, mas tão bem! Caía-te tão bem sobre os ombros, descaía-te tão bem pelas costas, combinava tão bem com o teu tom de pele e com o teu corte de cabelo. E ficava ali tão bem a dar-me os bons dias, contigo dentro dele, sem me veres.
Acho que esta cena ia ficar ali na minha cabeça o resto da vida. Aqueles escassos segundos em que te ajeitavas e me brindavas com a tua essência, com o teu jeito, com o teu cuidado. Se bem que já era um déjà vu ter-te assim para mim e ver-te assim para mim. E fazia-me sentir tão, mas tão, mas tão bem!
Não sei ao certo o que me fazia bem (ou o que me fazia melhor): se o teu reflexo na janela, se a tua silhueta ali no meu horizonte (dando ainda mais força à verdade mais certa do universo: tu eras o meu horizonte), se a tua água de colónia acabada de perfumar o quarto. Eu juro que tinha uma necessidade tão grande de me esperguiçar e de sair da cama, mas era tão melhor olhar-te, sem sair do meu sonho, sem despertar totalmente, sem sair do nosso casulo que ainda cheirava a ti e me abraçava...
Mas tu estavas pronto. Aliás, estavas mais que pronto: estavas vestido, perfumado, de cabelo ajeitado e de blusão vestido. E eu tinha todo um novo dia a chamar por mim, por mais que os lençóis me prendessem e a vida parecesse estagnada quando te estudava assim.
Espreguicei-me. Tu viraste-te e todos aqueles segundos em que te estudei, fizeram ainda mais sentido: o teu sorriso cumprimentou-me. As ruguinhas desenhadas nos teus olhos por esse comprimento fizeram-me vibrar. Como eu gostava daquelas manhãs, como eu gostava do teu sorriso.
Deste-me um beijo na testa e sussurraste-me um bom dia.
Puxei com força o teu blusão, beijei-te a bochecha, beijei-te levemente os lábios.
"Bom dia e até logo, meu amor".
Sentei-me na cama para me preparar para um novo dia. O blusão saiu pela porta e tu foste com ele, balançaste sobre a ombreira da porta, espreitaste para dentro, olhaste para mim.