Jeitinho elástico.
16 de dezembro de 2020
Sabes aquele teu jeitinho de sorrir?
Não sabes. Acho que não sabes. Não sabes, nem nunca soubeste... talvez nem queiras saber. Mas eu sei. Eu conheço-o e ele mexe tanto comigo!
E tu talvez não queiras, mas ele diz-me muito mais que tu. Talvez eu também veja algo mais do que ele diz na verdade, mas fora exageros, ele diz tanto mais do que o que achas que ele diz (ou do que queres que diga).
Às vezes fico na dúvida se é algum filtro que eu tenho que o põe mais bonito. Ou talvez um filtro que me permita vê-lo por dentro. Ou talvez ele esteja a nu, à minha frente, contra a tua vontade. Mas é esse jeitinho: é esse jeitinho que me abraça e não larga, é esse jeitinho que se aproxima de mansinho e me conquista toda e cada vez, é esse jeitinho que dá saudade, que faz sentir vazio se não está, é esse jeitinho que acalma a alma e deixa o peito em loucura. É esse jeitinho que me acelera o coração quando me desafoga e quando me deixa afogar. É esse jeitinho elástico.
Mas tu não sabes: não sabes que o tens e muito menos sabes o seu efeito. Desconheces por completo o tamanho do bem que me faz que o tenhas (e o mal que me faz quando me o tiras). Não fazes ideia da desarrumação do meu peito que fica quando está sem ele. A agitação louca do meu corpo, a vontade de gritar
"- Eu gosto de ti."
Sem segredos, sem receios, sem arrependimentos, sem segundas intenções, sem prospecções. Gosto de ti porque sou mais eu contigo na minha vida. Gosto de ti, porque cabem numa mão os teus defeitos - e o maior dele todos e não estares aqui. Gosto de ti, porque é difícil não gostar do que nos faz rir tão genuinamente: e quem diz rir, diz, chorar, sorrir, brilhar, tremer, sonhar, gritar, vibrar.
Rir de mim, rir de ti, rir de nós, rir do mundo, das vontades e do universo. Rir do(no) passado, do(no) presente, do(no) futuro. Chorar do que não foi, do que não é, do que pode ser. Sorrir dos elogios, da saudade, da presença, do teu sorriso, do teu olhar. Brilhar por dentro, por fora, de dentro para fora, e mais intensamente que o sol. Tremer que nem varas verdes quando não te vejo, quando não te toco, quando estou para te sentir junto a mim. Sonhar em contagem decrescente para a realidade. Gritar alto - que gosto de ti, que te quero para mim; gritar alto por não te ter aqui.