Sobreviver.
Naquele momento, eu soube que seria impossível esquecer-te.
Por tudo o que havia acontecido contigo, comigo e connosco.
Sabia que seria impossível esquecer-te por tudo o que estava por trás de termos acontecido. Por toda a história que nos envolveu e em que estávamos envolvidos, por todas as histórias que criámos um para o outro e por todas as histórias que criámos juntos, eu sabia que seria impossível deixar-te, pura e simplesmente, ir.
E eles avisaram. Sem saberem, sem te conhecerem de todo, eles avisaram que eu me ia perder de novo. E eu tinha medo de me perder. Pensava nisso todos os dias: pensava que ficar sem ti significava ficar sem rumo. Ficar sem ti seria desorientar-me. Ficar sem ti era ficar sem absolutamente nenhuma direção. Eu contigo caminhava para ti e caminhava a teu lado, para o mesmo destino. Sem ti na minha vida para onde iria?!
E havia dias em que pensava como seria se acabasse, porque com tanta coisa boa era inevitável pensar que seria efémero, certo? Dizem que quando a esmola é muita o pobre desconfia... e quando reparei que, efetivamente, era tudo tão bom, convenci-me que poderia muito bem estar apenas a sonhar. Como não?!
Tudo girava a nosso favor: o vento soprava na nossa direção, o mar tocava a nossa melodia, o sol brilhava a cada passo... os dias até pareciam mais longos quando estava contigo! E os nossos momentos... os nossos momentos que pareciam tirados de comédias românticas ou histórias de encantar?! Os nossos momentos mágicos, que pareciam parar o relógio e ao mesmo tempo pareciam tão rápidos que mal tinhamos tempo de aproveitar?!
E os teus beijos? Os teus beijos que me arrepiavam toda, com a melhor sensação que alguma vez tinha sentido?! Os teus beijos que me prendiam como se me estivesses a abraçar, mesmo se não me tocasses com mais nada de ti?! Esses teus beijos que me derretiam, que me envolviam, que me prometiam mundos (até universos!) e fundos?! Eu sabia lá se saberia respirar se deixasse de ter os teus lábios colados em mim! Eu sabia lá o que fazer da minha vida mesmo se soubesse respirar! Eu nem sei se quereria respirar sem eles... Comecei a ter medo de que fossem mentira, também... que fossem mentira como todo o nosso mundo poderia ser.
E eram todas essas coisas que me diziam o quão impossível seria esquecer-te... como essa capacidade pudesse ser quantificada! E eu morria de medo de um dia te ver ir...
E um dia acho que foste. Acho que quiseste ir e eu deixei-te ir... E sabes que mais? Acho que consegui sobreviver.
Talvez até me tenha perdido um pouco, talvez até sinta falta desses beijos perfeitos, talvez tenha pena de ter perdido as nossas antíteses, a nossa sintonia perfeita, a nossa história engraçada... mas sobrevivi tão bem sem ti...
E talvez nunca te esqueça. Mas ao menos também me vou lembrar de tudo o que nos fazia não ser perfeito. Talvez nunca te deixe ir realmente, mas com certeza, não te vou deixar voltar.