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#EsteOutroMundo

#EsteOutroMundo

Explode!

Eu escolho-me.
(Não me encolho).
 
Eu escolho ser.
Escolho sorrir, sonhar, voar, 
escolho muito viver - 
viver tanto,
viver tudo,
ver o mundo.
 
Escolho os verbos bons,
Não os de bom tom,
Mas os inteiros,
completos, repletos,
que marcam a vida,
que marcam a alma.
Os que deixam o mundo menos feio,
e me deixam de coração cheio.
 
Escolho-me a mim e
às opções fáceis:
fáceis de lembrar,
fáceis de querer para sempre,
fáceis de fazer levitar.
 
Acreditar.
 
Escolho os arrepios na espinha
e as lágrimas do não correspondido,
Em vez do que não vi, não foi, não houve,
do que nunca seria vivido.
Porque prefiro essas sensações,
emoções,
mesmo que incluam ilusões,
frustrações,
deceções, desilusões.
 
E que tudo em mim vibre, 
Tudo em mim deseje,
Tudo em mim brilhe,
e ria,
e viva.
 
Ai a vida!
Boa vida,
Tão bela de ser vivida. 
 
E que eu guarde em mim
os sonhos todos do mundo,
Lá bem de cima,
Lá bem do topo,
Até ao meu eu mais profundo.
 
Que eu viva bem,
esse fogo que arde e ninguém vê,
sem almas pequenas,
sem corações de pedra,
sem perder tempo,
sem me apressar.
E a acreditar...
 
Sempre a acreditar.
 
Respira:
Inspira,
Suspira
Expira...
Explode!
Acredita
E não pira!
 
E que eu beije,
eu veja,
eu sinta,
eu tenha,
eu seja.
 
Que eu seja tão eu,
que não saiba se vivo ou se sonho.
E que me escolha sempre a mim,
ao meu início,
ao meu meio
ao meu eu inteiro,
ao meu fim.
 
Acredito em mim.

Ensina-me a voar.

Deixa-me ter-te.

 

Deixa-me abraçar-te de manhã, como se percebesse que o teu cheiro não é um sonho, ter o teu desenho na minha cama quando te levantas e perceber que o teu tão ambicionado regresso é tão efetivo como a minha existência. Acho que sinto falta da nossa essência e tudo o que ainda não fomos . Deixa-me passar-te os olhos, observar-te de alto a baixo, de baixo a alto, de frente - olhos nos olhos, mãos nas mãos, coração no coração, abraço em abraço.

 

Deixa-te de coisas: deixa-me comprovar-nos e provar-nos - sem medo dos dissabores, sem medo do agridoce, às vezes tão amargo, sem medo do menos bom, sem medo do que pode correr mal... Somos mel e prometo não deixar estragar. Deixa-me aceitar-te - a ti, aos teus defeitos, aos teus efeitos e manifestos e a tudo o que és tu e me faz tão bem. Deixa-me provar-te que conseguimos ir à lua e viver sem gravidade - flutuando mundo fora, gravitando vida fora, cometendo o erro de cair na rotina, sem virarmos enfado, sendo agudos tão melódicos, tão sinfónicos, tão eufóricos, vivendo o crime tão fácil - e irrisório, nada grave - de sermos felizes.

 

Deixa-te de coisas. Deixa-me contigo. Deixa-te comigo. Entrega-te a nós e à nossa luta. Não desperdicemos um segundo mais sem nos deixarmos ser.

Deixa-me deixar-nos levar. Leva-nos aos dois, nesse teu bolso estilo infinito, tal fotografia nunca tirada, tal retrato de casal maravilha, tal papel com recado mais que importante, nota delirante, sem qualquer ponta de delírio - que viramos tão reais quanto a nossa existência. Guarda-me no teu sorriso torto, que eu tanto namoro. Deixa-me perder-me no teu peito que tanto me preenche, por dentro, por fora, por sempre, por ora, e de antes em diante. Desperta-me os sentidos. Vivamos estas nossas parábolas (sem imoralidades, porque fazemos tudo bonito) - moral da história, viras epopeia de perdição que insiste em ser narrada. Prosa poética a ser lida, interpretada, como dissertação de química, tese de física, de gastronomia, anatomia, astrologia e astronomia.

 

Deixa-te de coisas e leva-me ao céu... vemos as estrelas (de perto) - que tu pareces perceber algo disso. Tu já me dás asas, mesmo que não queiras... e, por isso, quem sabe, ensinas-me mesmo a voar.

Amor de Inverno.

Esquece isso dos amores calorosos de verão. Esquece esses amores passageiros que vêm e vão e te encharcam de emoções fortes e sentimentos desmedidos, como qualquer onda do mar que testemunhou essa história. Esquece isso das pessoas que se vão com o calor e que têm medo de ficar quando o sol não é tão quente . Esquece esses amores - e nomes - que te dão sede, de tão salgados que são.

Já viveste um amor de inverno?

Um amor que não se assume, nem derrete. Um amor que se mantém frio e calculista durante toda a história dos vossos corações. Um amor que vem devagar e sem se anunciar.

Vem sem aviso, sem premeditação. Pé ante pé. Doce. Ele vem silencioso quando tu pensas que não vai acontecer nada... 

É um amor que te chega inesperadamente, e talvez nem o reconheças, assim, tão disfarçado, quieto, e repentino, intenso demais sem nunca o ser em demasia. Na medida certa, na intensidade ideal, vem discreto, quase em segredo até para vocês os dois, que se derretem sem se aperceberem. E os dias que supostamente ficariam mais frios, curtos e, frequentemente, cinzentos, vão aquecendo, vão ficando cheios e imensos, de uma intensidade e vida que só visto (ou vivido, mesmo), vão ganhando uma panóplia de cores que nem sabias que existam. E vocês vivem-nos, sem perceberem, porque, afinal de contas, as folhas continuam a cair e a natureza perde o brilho na mesma, apesar de, na vossa bolha, haver calor, sol e luz no outono... ser pleno verão num absoluto inverno!

Os pores do sol ficam incríveis, ficam mágicos onde quer que os vejas - e parecem tão melhores que os de verão! Embebedas-te de emoção. Absorves energia. Passas a absorver tudo - mesmo sem saber. Porque, a verdade é que, e se os amores de inverno forem tão efémeros quanto os de verão? Apesar de, sem saberes, desejares que aquele momento (tudo aquilo) não acabe, vives tudo intensamente como sendo a última vez. Aliás, respiras e mergulhas em todo este enredo como se fosse a primeira e a última vez em simultâneo, como se tudo aquilo fosse novidade, algo único que pode acabar antes de começar. E tu não queres que acabe... Mas nem sabes disso. Ninguém sabe, ninguém percebe, ninguém vê nada ... nem mesmo vocês que só vão inteirar-se de tudo quando, efetivamente, for o fim. Ou o princípio do fim.

Ou, talvez descubram, com sorte, mais tarde - mas nunca demasiado tarde - que esse que soube a último era apenas o primeiro de muitos - vossos.

Ou, se calhar, toda a gente sabe, toda a gente vê e percebe, menos vocês - porque preferem admitir efemeridade. Preferem os amores de verão que toda a gente conhece, e querem viver um amor de verão ainda que fora de época. Quando, na verdade, têm tudo para viver um amor de Inverno - um amor de ano inteiro... e, talvez sem querer exagerar, um amor de vida inteira.

Crias verão em ti. Criam verão em vós. Criam um verão d'Inverno - dentro e fora de ti, dentro e fora de vós - com palavras que aquecem, com momentos de conforto, com detalhes improvisados que, provavelmente, não vais deixar ir tão facilmente. São coisas que se impregnam em nós, mesmo quando nos recusamos e, normalmente, nem percebemos. São sensações que nem sabias que existiam. São os abraços mais apertados sem que ninguém se toque. Afinal de contas, são estes os Verões que ninguém quer que acabem (e que tantos deixam ir)! São estes os Verões que todos querem e ninguém assume... Nem mesmo tu, que o vives tão imersamente como se estivesses a sobreviver, até então, para um inverno assim.

A verdade, é que cada pedaço de vocês se torna num ponto alto, numa forma intangível, numa descarga de endorfina. Boa disposição, humor - porque, afinal de contas, o verão é uma extravagância de energia positiva e boas sensações. E vocês são verão,  juntos - são o arquetipo do Verão na sua plenitude, na sua imensidão.

E vocês estão nesse verão vosso, não é verdade? Nesse verão que começou, quando todos os outros apontavam o fim dessa estação. Nesse verão que durou todas as outras estações. Nesse verão que ninguém queria que acabasse além de vocês, que não sabem o que fazem.

 

Já viveste um amor de inverno?

Um amor que não se assume, nem derrete. Intenso, impremeditado, silencioso, improvisado, frio e calculista, que vem devagar e sem se anunciar. Doce. Espalha-se na tua vida, ainda que não percebas. E depois, despede-se do nada, acaba sem acabar, vai sem ninguém querer que vá.

Será que volta ?

Inveja.

Quase que invejo essa tua praia!

Sendo ela o teu horizonte e a primeira coisa que a tua vista alcança quando olhas da tua janela. É nela que os teus olhos pousam quando te distrais (ou será ela que te distrai quando os teus olhos se cruzam com ela?), deixaste-te enterrar nela, deixa-la envolver-se em ti. Deixa-la cruzar no teu caminho, acompanhar-te numa caminhada tantas mais vezes que eu!

E as vezes que deitas a tua cabeça nela em vez de a deitares em mim? 

Quantas vezes a areia dessa praia já te abraçou e colou a ti... quantas vezes já sentiu o calor do teu corpo? Quantas vezes essas ondas já encontraram o teu peito... já se encontraram no teu abraço? Quantas vezes essa espuma beijou a tua pele?

E logo eu que gosto tanto de praia, fui assolada por este ciúme da tua praia. Só imagino as vezes que já te perdeste por aí, as vezes que já te despiste para ela... Torna-se difícil não invejar a sorte dessa paisagem, que já te teve como parte integrante e eu nem hipótese de admirar esse momento tive. Torna-se difícil resistir a um ciúme louco de imaginar que te toca mais vezes que eu. Torna-se impossível não desejar loucamente ser essa praia, ou ter, pelo menos, um pouco da sua sorte. 

A sorte de ver esse teu sorriso, de se poder perder nos teus olhos e de os fazer brilhar. Lotaria de milhões, o poder ter-te a deitares-te sobre ela. 

É... definitavamente, invejo a tua praia. As visitas que lhe fazes, a sensação que te faz sentir, a vontade que tens de a ver, e o poder tocar-te tanto mais que eu. Definitivamente, emulo-a . No entanto, como posso criticar se faria o mesmo à mesma oportunidade? Se te deixaria perderes-te em mim ao primeiro resquício da tua vontade de o fazeres?

Tenho a certeza que esta inveja me faria ladra: roubaria a sorte dessa tua praia sem pestanejar. Não tenho dúvidas de que esta inveja me transformaria em bruxa: aprenderia todos os truques necessários para quebrar essa maldição que ela te lançou - ou todos os feitiços para que essa sorte fosse minha. Não hesitaria, convictamente, em trocar de lugar com ela e te beijar de cima abaixo, abraçar-te e enroscar-me em ti - seria , prontamente, um desses grãos de areia que levas para casa. 

No entanto, trocaria a sorte desse sítio, por ser eu a tua sorte. Ser a tua sorte para nos perdermos juntos nesse por de mar, nessas nuvens de espuma, nessas ondas de sol... nessa tua praia invejável. 

 

blog1.png

 

Aparece.

O relógio da igreja dava as onze badaladas previsíveis, mas que rezava por não ouvir. O sino bateu pesado como de costume, e insistente em fazer-se escutar. Gritou comigo o passar do tempo e eu fechei os olhos e concentrei-me no som que ecoava dentro da minha cabeça. Concentrei-me num "aparece" que teimava em não se representar. Devia saber: devia saber que tardarias a chegar ou que, como sempre, não virias de todo. Mas eu, como sempre, queria-te esperar. Eu, como sempre, iria esperar-te e esperar a desilusão que a tua ausência, inevitavelmente, iria trazer.

Parei, na minha varanda de onde tantas vezes te vi chegar, e virei o meu olhar para uma torre de igreja que tantas vezes admirei e que hoje parecia disforme, assustadora, tão cheia de si, tão pintada de realidade.

 

Voltei a repetir silenciosamente um "aparece" , como quem se perdeu num mísero toque de sino, sem se quer perceber que aquelas onze não se repetirão. Quantas delas já teriam passado? Quantas badaladas, quantas horas, talvez quantas oportunidades, teriam passado? Perdi-me num eco tão inexistente como a tua presença, num toque que me tocava a alma agora tanto quanto tu havias tocado, num som tão áspero como o silêncio da tua não-chegada. 

 

E o relógio da igreja continuava a tocar, numas badaladas épicas de vontade e desejo, num sforzando incessável, num contar de horas que parecia marcar muito mais do que o impacto de doze badaladas, quando ainda faltava uma hora para elas. Ou ter-me-ia eu perdido no meio de um tempo indiscreto e volátil? Teria eu descrito uma torre de igreja enquanto esperava a tua vinda, que demorava agora uma hora a mais?

 

Olhei para o velho relógio na parede da cozinha, com vontade que este momento analógico me trouxesse à terra, me chamasse à razão, me beijasse de realidade, como eu queria que tu fizesses: beijarias-me de realidade, e despirias-me a razão. Deixavas-me abraçar as nossas analogias, deixavas-me embriagar-me de ti, afogar-me nas tuas recompensas pelas falhas que se sucediam, deixavas-me enlaçar os meus dedos nas metáforas que tanto desperdiçava contigo. 

 

Desperdiçar - o termo que se adequaria à cena que estava a fazer há precisamente pouco menos de nada e que já parecia tanto... talvez porque também tu me desperdiçavas, me desgastavas, me deixavas passar, me deixavas ir como o tempo ia agora comigo. Talvez porque eu me desperdiçava. Talvez porque eu desperdiçava o meu tempo à espera de um retorno que nunca chegaria.

 

E eu ouvia a torre da igreja com umas baladas que teimavam em não acabar, concentrava-me num "aparece" impossível, olhava da torre para a estrada e da estrada para a torre, na esperança de te encontrar perdido entre um alcatrão que se confundia com o escuro da noite. E tu estavas atrasado. Demasiado atrasado. Tardavas demasiado.

Tardavas, mas não falhavas. 

 Apareceste. Finalmente, apareceste.

 

E eu dali, a ver-te chegar, sabia que te receberia e desculpava, contra qualquer compromisso comigo mesma, contra qualquer ideologia ou conselho, contra qualquer réstia de orgulho, contra qualquer despeito: ceder-te era o meu maior defeito e a minha maior qualidade. 

Ver-te era como um recarregar de baterias, um encher de um depósito, o saldar de uma dívida. A ampulheta do desastre foi virada, o cronómetro do desespero foi zerado. Eu, dali, a ver-te chegar, sabia que tardarias novamente e me vestirias de incerteza numas novas badaladas, numa nova lua, num mesmo contexto e num não tão diferente enredo... e tudo se tornaria a repetir: a tolerância, a paciência, a expectativa, a esperança, o nosso desperdício, o teu prazer em me desesperares, o meu descuido em te aceitar, o beber das tuas desculpas e o embebedar-me do teu todo.  

Desta vez tardaste, mas não falhaste. 

Numa outra vez, não tardarias em falhar. E eu, a ver-te chegar assim, sabia que te cederia novamente, eventualmente, certamente, descaradamente... desesperadamente.

Vive-te.

Sabes viver com o tempo,
com o vento,
com o relógio a contar.

Sabes viver com a chuva,
com a lua,
com os dias a passar.

Sabes viver com os sonhos,
com os medos,
com a vontade de acordar.

Sabes viver a vida,
desprendida,
com vontade de a despertar.

E vais vivendo calmamente,
relaxada,
encantada,
com os olhos a brilhar.

E vais vivendo o momento,
tranquila,
não vacila,
com o coração a vibrar.

E vais vivendo o sol,
o calor,
o amor,
com o peito a borbulhar.

E vais vivendo e sorrindo,
como quem quer paz,
sem olhar para trás,
mas as memórias a chamar.

E a vida leva-te ao colo
e tu levas uma vida e tanto,
uma vida e muito,
cheia de encanto.

E a vida deixa-te ir,
e tu cheia de vontade,
de ir, vir e sorrir
de respirar felicidade.

E a vida traz-te cor,
e tu deixas-te levar,
deixa-la fluir,
deixas-te pintar.

E a vida guarda-se em ti
e tu transpiras vida,
deixa-la chegar e fluir,
transpiras uma alma florida.

E vais voando,
vais vivendo,
com os teus sonhos e lemas,
os teus medos e dilemas,
com os teus problemas,
os teus sorrisos e esquemas.

E com uma veia colorida,
tu vives-te,
ela vive-te,
e tu vives a vida.

Descanso em ti.

Eu descanso:
ao chegar a casa e ter-te lá,
sorrindo para mim, 
eu descanso.

Eu relaxo, 
ao ver os teus olhos brilhantes,
da perspectiva do teu colo,
eu relaxo.

Talvez nunca te tenha dito,
mas tu és o meu descanso.

Tu és o meu descanso,
o meu aconchego,
o meu abrigo,
o meu travesseiro favorito.

Tu és a minha calma, 
és o meu casulo,
o meu sonho mais bonito,
a melhor canção de embalar.

És casa,
és morada,
és teto,
as quatro paredes mais seguras.

És o céu, o meu céu,
e a terra,
e o inferno,
és os pés no chão,
a razão da cabeça no ar.

És decência,
perdição,
ponto forte,
ponto fraco,
virtude e defeito,
devoção.

És consciência e irreflexão:
És nascer e por do sol,
Luz e escuridão,
És estrela e és lua,

Sorte a minha,
ser tão tua!

E eu descanso em ti,
que és ponto de encontro
de emoções conhecidas,
de emoções perdidas
ou nunca sentidas,
de emoções promovidas
pelo toque do teu sorriso.

E eu relaxo contigo,
que és fogo e tempestade,
que és paz e calmaria,
que me afoga e traz acima,
que me suga e dá energia.

Talvez nunca te tenha dito,
mas tu és o meu descanso,
o motivo de desligar,
o meu toque de despertar.

És a página mais gasta,
do bestseller mais lido,
és a cor que me fica melhor,
o meu filme preferido,
a música mais ouvida,
com a letra que sei de cor.

És Norte e Sul,
caminho por explorar,
que conheço de ponta a ponta.
És montanha mais alta,
o precipício que não tenho medo de saltar.

És confiança e segurança,
és força que me abraça
e me deixa as pernas bambas,
és recreio em dia de escola,
pausa para café
aberta em céu nublado,
água fresca em dia de calor,
a primeira dentada num gelado.

És silêncio e som,
o melhor pedaço
de cada momento bom.

És as cores todas juntas,
arco-íris a preto e branco,
o longe que se faz perto,
a folga e o aperto,
o equilíbrio,
o errado que não podia ser mais certo.

És o doce e o amargo,
de beijos deliciosos.
És o picante e o salgado,
a sobremesa mais procurada,
a surpresa tão esperada,
o detalhe destacado.

E eu descanso em ti,
quando me acolhes ,
quando realmente me envolves,
quando dizes que me escolhes,
para sempre.

E eu deixo-me relaxar,
quando finalmente me abraças,
e eu me encaixo em ti,
nos braços que me apertam,
sem nunca me apertar,
no peito que desperta
em sintonia com o meu descansar,
nos ombros-casa que me chamam a gritar.

E tu és manhã, tarde e noite,
a melhor parte do meu dia, 
desespero e esperança,
a minha constante inconstante,
a minha impaciência incontrolável,
a minha energia contagiante.

E eu deixo-me ir em ti,
em ti que és loucura e sanidade, 
tona e profundidade,
o labirinto em que nunca me perco,
curva acentuada em linha reta,
a clara definição de saudade.

E eu descanso em ti,
na tua presença,
no meu finalmente,
no teu para sempre,
no nosso princípio, meio e fim.

Differences.

Sometimes difference is what brings people together.

 

A little difference never hurt anybody: it may be difficult sometimes, but is not impossible.

And definitely, is not about the differences. 

Is about what brings you together: the joy that you share, the happiness that makes life brighter , the funniest conversations, the excitement of seeing each other every time, the shared secrets - that no one else knows, the inside jokes no one else understands - or sees, the shiniest shiny eyes, the trembling souls - unconditionally, unexpectedly and unpredictably souls, the flare (the flare you had, the flare you share, the flare you make together, since ever, and that no one else will be able to light up)... Is about how great your bright is when you're together - as a vampire in the sun, glittering all around.

It doesn't matter how different you both are, but how you choose to share and combine those differences. It doesn't matter how different you both are, but how great you are together - how you amazingly work together and how your bodies laugh and dance and sing and trill when they are together.

It doesn't matter how different you are, but how much you complete each other and how strong you become for sharing, combining and overcoming those differences.

 

It's not about your differences, but how much your path looks alike. How much your souls are mates, how much your hearts are attuned . 

 

It's about being free, together. It is about being different, but having both of your hearts with the same beat. Is about having each other in common. Is about shared goals, shared memories, shared glances, a shared history and a shared landscape. Is about the best dream ever, coming true and the most important feelings coming together from you.

 

You just have to choose.

Choose wisely. Don't jeopardize those amazing things. Be happy.

The Day After Tomorrow.

They think they know. They think seeing us is enough to know. But they don't know: they know nothing! It doesn't even cross their mind.

 

If they knew, maybe it would be different, maybe they would act differently, maybe things would be different, they would see things differently and maybe, then, the world would conspire in another way.

They think they know, that only seeing is enough, but they know nothing at all. They don't even imagine!

 

If they knew, maybe they would make the world spin in our favor, maybe they would join forces for us, maybe they would conspire our definitive reunion, maybe they would push us into our final reconciliation. If they knew, maybe there would be a written biography by someone, that would become famous thanks to it.  Maybe it would suit as a fairytale. Some years later, if they knew, maybe some movie would be released, in a major event, with all due pomp and circumstance. Maybe it would become a classic. And then, everyone would know... or, at least, they would think they knew. As if listening was enough to know. But they wouldn't know: they would never know! It wouldn't even cross their mind.

They would never know how it happened: everything we lived before the first time we saw each other, or how we got there - to that meeting point, to that point in our history. 

They would never have the tiniest idea how much our hearts were controlling themselves when we first glanced at each other, they would never have the tiniest idea of what our hearts guessed the first time we got closer, of what they shared during our silent smiles, of what our hearts knew about each other. I think not even we knew what was going on between the two of us: about our heart beats as they were singing in tune the most beautiful ballad; about each and every single curve, vein and shade of ours,  as if they were about to lose themselves in each other's arms and they could do it without a map.  I think only they really know what happened to us.

 

If our hearts would speak, only from them we would know the ultimate truth: only them would describe exactly every single freed feeling, chill felt, smile shared, exchanged gaze, every single tight hug, word said, impulse held and yielded wish. If our hearts would speak, then there would be a way for the world to have a slight idea of what was left to say and left to feel, of what was said over and over again and was never enough. 

And we did it so many times, and it seems like it wasn't enough: the words said, the gestures, the glances, the words, the touches, the chills, the words, the wishes, the words, the dreams... And everything would be easier if they were kept on going. And the world doesn't know: the world doesn't have the tiniest idea of what it was (and of what it is). It has no idea of what we were (what we are, what we want to be).

 

And they think they know. They really think they know. Ridiculous world, that thinks will manage to understand it somehow. Stupid world, that thinks someday will know. They don't know: they know nothing! They cannot even imagine!

 

Probably,  not even we know. Really, I think not even we knew. We couldn't, because everything was gone so fast - life ran too much and was so different. I think

They knew and they are stubborn, punishing us. Punishing us for letting them down.

I think if they would speak, only from them we would know the truth: only them would know how to confess, without messing us up, what we were, what we are and what we could be,  if the world would know just a little, if the world would help just a little, if life would be our complicit.

 

The world doesn't know, the world only fakes it - and it is bad at faking it. And time passed by, and no one will ever know... and we won't ever know, we will just wait for our hearts: we will wait for them to speak, to see each other, to touch each other, to cross each other again, some day. We will wait they will dream about each other. I hope they still want each other!

 

And the world will never know... but maybe we will... maybe one day, around there... maybe today, or tomorrow. Maybe they will be synchronized the day after tomorrow.

Jeitinho elástico.

16 de dezembro de 2020

 

Sabes aquele teu jeitinho de sorrir?

Não sabes. Acho que não sabes. Não sabes, nem nunca soubeste... talvez nem queiras saber. Mas eu sei. Eu conheço-o e ele mexe tanto comigo!

E tu talvez não queiras, mas ele diz-me muito mais que tu. Talvez eu também veja algo mais do que ele diz na verdade, mas fora exageros, ele diz tanto mais do que o que achas que ele diz (ou do que queres que diga).

 

Às vezes fico na dúvida se é algum filtro que eu tenho que o põe mais bonito. Ou talvez um filtro que me permita vê-lo por dentro. Ou talvez ele esteja a nu, à minha frente, contra a tua vontade. Mas é esse jeitinho: é esse jeitinho que me abraça e não larga, é esse jeitinho que se aproxima de mansinho e me conquista toda e cada vez, é esse jeitinho que dá saudade, que faz sentir vazio se não está, é esse jeitinho que acalma a alma e deixa o peito em loucura. É esse jeitinho que me acelera o coração quando me desafoga e quando me deixa afogar. É esse jeitinho elástico.

 

Mas tu não sabes: não sabes que o tens e muito menos sabes o seu efeito. Desconheces por completo o tamanho do bem que me faz que o tenhas (e o mal que me faz quando me o tiras). Não fazes ideia da desarrumação do meu peito que fica quando está sem ele. A agitação louca do meu corpo,  a vontade de gritar

"- Eu gosto de ti."

Sem segredos, sem receios, sem arrependimentos, sem segundas intenções, sem prospecções. Gosto de ti porque sou mais eu contigo na minha vida. Gosto de ti, porque cabe numa mão os teus defeitos - e o maior dele todos e não estares aqui. Gosto de ti, porque é difícil não gostar do que nos faz rir tão genuinamente: e quem diz rir, diz, chorar, sorrir, brilhar, tremer, sonhar, gritar, vibrar.

 

Rir de mim, rir de ti, rir de nós, rir do mundo, do universo, das vontades e do universo. Rir do(no) passado, do(no) presente, do(no) futuro. Chorar do que não foi, do que não é, do que pode ser. Sorrir dos elogios, da saudade, da presença, do teu sorriso, do teu olhar. Brilhar por dentro, por fora, de dentro para fora, e mais intensamente que o sol. Tremer que nem varas verdes quando não te vejo, quando não te toco, quando estou para te sentir junto a mim. Sonhar em contagem decrescente para a realidade. Gritar alto - que gosto de ti, que te quero para mim; gritar alto por não te ter aqui.

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