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#EsteOutroMundo

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Amor perfeito.

Se me pegas na mão, eu vou!
Garanto que vou,
E nem olho para trás,
Sigo-te por onde quer que vás,
por onde quer que queiras ir,
por onde me queiras levar.

Impossível é não ir, amor.
Impossível é ver-te partir e querer ficar.
O mundo não é igual sem ti,
O mundo fica sem lugar,
Ou eu fico sem lugar no mundo,
Porque quando estás eu sossego,
Relaxo,
Acalmo,
Descanso,
Deixo-me respirar.

Abraço-te em silêncio,
Sinto-te na cama,
Sinto-te na calma,
Sinto-te na alma,
Corpo dormente,
Coração não mente,
Coração cheio,
Completo,
Repleto…

Amor perfeito.

E fecho-me contigo a sós,
Deixo-me acolher,
Abrigo-me em ti.
Em mim,
Em nós.

Que ato, não desato,
E amarro,
E prendo,
E agarro,
E não largo.

Amor, eu derreto,
Com este amor inteiro,
Amor de jeito,
Amor calmante.

Eu rendo-me,
Deixo-me prender,
Deixo-me perder,
Deixo-te encontrares-me,

Sempre que quiseres, amor,
Deixo-te estar,
Acreditar,
Demorar.

Demora-te, por favor,
Neste sorriso que me devolves,
Nesta casa que me dás,
Neste nó tão bem feito,
Neste beijo que dá paz,
Nesse cheiro que me abraça,
Nesta calma onde me perco,
Neste tudo que é tão certo,
Nesse "tu" que é centro...
Neste nosso amor perfeito.

Pequeno - almoço de domingo.

Tu viraste manhã.

Viraste almofada, cobertor e aconchego. Viraste lua e nascer do sol. Viraste canção de embalar, silêncio calmante. Viraste "boas noites", "bons sonhos", "bons dias"... viraste um fechar de olhos e um abrir de sorrisos, viraste um abrir de olhos e um fechar de lábios. Beijo bom. Beijo ótimo. Foste dia e noite, e viraste manhã.

Harmonia e conforto.

Deixaste o mar sem ondas, um tempo que aquece, um amanhecer de sol. Deixaste um sabor suave, aroma de reconciliação, uma essência de frescura de uma alma acabada de tomar banho. Viraste ouro sobre azul, cereja no topo do bolo. Viraste prólogo de uma história que eu quero viver, viraste inspiração na ponta dos dedos. Viraste bom presságio, boas sensações, boa disposição matinal, barrinha energética (beijinho energético). Viraste tema principal do meu sorriso e do meu bom humor. Viraste previsão de sol, mesmo em dias nublados. Viraste por do sol em dia de chuva.

Viraste serenidade depois da agitação, raio de sol pós-tempestade, arco-íris. E eu fiquei rica com o pote no teu fim - no nosso início, no nosso recomeço constante. Fiquei rica em manhãs lindas e bons acordares. Fiquei rica em abraços apertados que quero tanto esbanjar em ti . Fiquei rica com os abraços apertados que tanto esbanjas em mim. Gosto disso: gosto de ser rica de ti. Gosto destas manhãs ricas em ti.

Viraste abraço - abraço tão bom, abraço tão quente, abraço-abrigo, abraço-casa, abraço-regaço, regaço-almofada, regaço-ninho. 

Viraste o meu acordar favorito, a minha premonição de um ânimo inevitável, ante-estreia de algo promissor, teaser de um bom dia, rotina que não cansa. Viraste o despertar ideal, viraste cheirinho doce que faz levantar, dose diária de vitaminas que não esqueço de tomar. Manhã de calmaria, manhã de paz, manhã sem pressa, manhã fácil. 

Calma e tranquilidade.

Um virar de página tão bem sucedido, um sonho tão bom de viver, um capítulo tão bom de ler de um livro tão bom de ter, de uma saga que quero tanto - tanto! - ver. Viraste solo firme, corrimão seguro, farol e porto - bom porto. Porto de abrigo, de atraque, de permanência. Bom Porto.

Viraste momento de uma serenidade que se demora. Viraste sossego de domingo. É isso: viraste domingo - pequeno almoço de domingo - eu quero domingar muito. 

Vive-te.

Sabes viver com o tempo,
com o vento,
com o relógio a contar.

Sabes viver com a chuva,
com a lua,
com os dias a passar.

Sabes viver com os sonhos,
com os medos,
com a vontade de acordar.

Sabes viver a vida,
desprendida,
com vontade de a despertar.

E vais vivendo calmamente,
relaxada,
encantada,
com os olhos a brilhar.

E vais vivendo o momento,
tranquila,
não vacila,
com o coração a vibrar.

E vais vivendo o sol,
o calor,
o amor,
com o peito a borbulhar.

E vais vivendo e sorrindo,
como quem quer paz,
sem olhar para trás,
mas as memórias a chamar.

E a vida leva-te ao colo
e tu levas uma vida e tanto,
uma vida e muito,
cheia de encanto.

E a vida deixa-te ir,
e tu cheia de vontade,
de ir, vir e sorrir
de respirar felicidade.

E a vida traz-te cor,
e tu deixas-te levar,
deixa-la fluir,
deixas-te pintar.

E a vida guarda-se em ti
e tu transpiras vida,
deixa-la chegar e fluir,
transpiras uma alma florida.

E vais voando,
vais vivendo,
com os teus sonhos e lemas,
os teus medos e dilemas,
com os teus problemas,
os teus sorrisos e esquemas.

E com uma veia colorida,
tu vives-te,
ela vive-te,
e tu vives a vida.

Alguém especial.

​" Achas que posso ter mais um beijo? Eu encontrarei o final nos teus lábios e depois vou.

 

Talvez também mais um pequeno almoço, mais um almoço, mais um jantar. Eu estarei completa e feliz e depois podemos separar-nos.

Mas, entre as refeições, achas que podemos deitar-nos uma vez mais? Mais um momento prolongado em que o tempo fica suspenso indefinidamente e eu pouso a minha cabeça no teu peito.

 

A minha esperança é que adicionarmos tantos "mais um" que equivalerão ao tempo de uma vida e nunca cheguemos à parte em que eu te deixo ir.

Mas isso não é real, pois não? Não há mais "mais um".

 

Conheci-te quando tudo era novo e excitante e as possibilidades do mundo pareciam não ter fim. E ainda são. Para ti. Para mim. Mas não para nós. Algures entre o depois e o agora, o aqui e ali , eu penso que não nos fomos separando... apenas fomos crescendo.

 

Quando alguma coisa parte, se as peças são suficientemente grandes, tu és capaz de consertar. Infelizmente, às vezes, as coisas não partem: elas estilhaçam-se. Mas quando deixas a luz bater, o vidro estilhaçado brilha. E, nesses momentos - em que os pedaços do que éramos apanharem sol - eu vou lembrar-me de quão bonito foi. De quão bonito será, sempre.

Porque éramos nós. E nós fomos magia. Para sempre. "

 

Excerto do filme da Netflix : SOMEONE GREAT / ALGUÉM ESPECIAL, com Gina Rodriguez.

(Não podia deixar de partilhar, esta despedida maravilhosa ao amor.)

 

Faz-me sonhar, como sempre.

É estranho como o mundo gira e me leva de volta até ti,
como se quisesse que comparasse o que fomos ao agora
e me quisesse a querer-te comigo aqui ,
como antes, como outrora.

Decididamente, acredito hoje, mais que nunca, que as coisas acontecem por uma razão e, aqui estou eu, pronta para o que vier daí, preparada para todas as coisas estranhas e vislumbres. Porque já vi que (pelo menos) o (meu) mundo é assim.

E tu vens, de rompante,
e vais de repente,
e voltas de fininho,
e desapareces mansinho
e perdes-me no meio de sonhos e sentidos,
memórias e vontades,
medos e verdades.

E eu vou ceder.
Se vieres, eu sei que não resisto.
E se fores, eu sei que eventualmente, de uma forma ou de outra, voltarás.
E se não voltares, saberei antes de tomares essa decisão.

Porque eu já decidi algumas vezes por um ponto final que, no final, virou uma vírgula baça, quase transparente e agora tenho sérias dúvidas se estas reticências serão o encerramento da tua frase.

Se forem, eu sei que um novo parágrafo vai surgir e, sinceramente, estou mais despreocupada que nunca.

Se não forem, por favor, volta com tudo. Volta com todas as palavras que sempre usei para te descrever, com toda a carga que te envolve desde que sou pequena, volta com os meus sonhos no colo e com o meu coração nas tuas mãos.

Ou então, deixa-me ir,
deixa-me perder-me noutro alguém,
deixa-me criar outros sonhos,
deixa-me escrever uma nova história.
Deixa-me escorregar para o futuro,
como se nunca tivesses considerado um comigo.
Deixa-me abraçar um novo mundo,
como se nunca tivesse partilhado o meu contigo.

Ou então vem, vem decidido
vem de vez, vem agora
fica eterna e discretamente,
fica como antes, como outrora.
Toca-me, prende-me, ama-me.
Faz-me sorrir e ficar.
Faz-me poder ver-te,
Faz-me poder ter-te,
Faz-me sonhar,
Como sempre.

Blusão de ganga.

Hoje vestiste o meu casaco preferido.

Quando entreabri os olhos de manhã, pronta a enfrentar um novo dia que eu esperava que fosse tão bom como o meu acordar, já só vi a tua silhueta a compor o casaco, de costas para mim.

Aquele casaco que tinhas no dia em que te conheci, aquele casaco do nosso primeiro encontro que me ofereceste na cena cliché do "está um pouco de frio, não está?", aquele casaco que eu agarrei com tanta força no nosso primeiro beijo, aquele casaco que eu te roubo, sorrindo e cantando, cada vez que o vejo pousado em qualquer lado... aquele casaco que me faz derreter todinha! Era inevitável lutar contra o desejo de puxar esse casaco - e a ti - para mim, contra mim, a favor de mim e de todas as emoções que todos os teus gestos e não-gestos me provocaram.

 

E tu ali: tão metido nas tuas coisas, tão metido nos teus pensamentos e na tua rotina, que nem te apercebeste do quão observado estavas a ser, do quão estudado ao pormenor, do quão percorrido. E eu estática, numa viagem incontrolável pela tua pessoa, seguindo por curvas e contracurvas já tantas vezes decoradas, perdida naqueles pormenores que eu saberia descrever de olhos fechados.

 

E aquele casaco acentava-te tão, mas tão bem! Caía-te tão bem sobre os ombros, descaía-te tão bem pelas costas, combinava tão bem com o teu tom de pele e com o teu corte de cabelo. E ficava ali tão bem a dar-me os bons dias, contigo dentro dele, sem me veres.

 

Acho que esta cena ia ficar ali na minha cabeça o resto da vida. Aqueles escassos segundos em que te ajeitavas e me brindavas com a tua essência, com o teu jeito, com o teu cuidado. Se bem que já era um déjà vu ter-te assim para mim e ver-te assim para mim. E fazia-me sentir tão, mas tão, mas tão bem! 

 

Não sei ao certo o que me fazia bem (ou o que me fazia melhor): se o teu reflexo na janela, se a tua silhueta ali no meu horizonte (dando ainda mais força à verdade mais certa do universo: tu eras o meu horizonte), se a tua água de colónia acabada de perfumar o quarto. Eu juro que tinha uma necessidade tão grande de me esperguiçar e de sair da cama, mas era tão melhor olhar-te, sem sair do meu sonho, sem despertar totalmente, sem sair do nosso casulo que ainda cheirava a ti e me abraçava...

 

Mas tu estavas pronto. Aliás, estavas mais que pronto: estavas vestido, perfumado, de cabelo ajeitado e de blusão vestido. E eu tinha todo um novo dia a chamar por mim, por mais que os lençóis me prendessem e a vida parecesse estagnada quando te estudava assim.

Espreguicei-me. Tu viraste-te e todos aqueles segundos em que te estudei, fizeram ainda mais sentido: o teu sorriso cumprimentou-me. As ruguinhas desenhadas nos teus olhos por esse comprimento fizeram-me vibrar. Como eu gostava daquelas manhãs, como eu gostava do teu sorriso.

 

Deste-me um beijo na testa e sussurraste-me um bom dia.

Puxei com força o teu blusão, beijei-te a bochecha, beijei-te levemente os lábios. 

"Bom dia e até logo, meu amor".

Sentei-me na cama para me preparar para um novo dia. O blusão saiu pela porta e tu foste com ele, balançaste sobre a ombreira da porta, espreitaste para dentro, olhaste para mim.

"Até logo". 

Acordar, olhar, respirar, repetir.

Aprendi com o tempo a deixar o mundo girar consoante a sua vontade: sem pressas, sem grandes medos, sem grandes expectativas.

 

Sempre disseram que a pressa é inimiga da perfeição e eu comecei a acreditar que se deixarmos a vida fluir, a perfeição pode chegar. Comecei, então, a ter medo de estar demasiado apressada e não reparar nessa perfeição, comecei a ter receio de que estivesse demasiado embrenhada em planos, ia estar distraída quando no seu fluxo ela me trouxesse algo tão maravilhoso que não haveria segunda chance.

Nem sempre é fácil deixar-nos ir: as coisas aparecem de repente, mudam a velocidades estonteantes, descontrolam-se com facilidade. Deixamo-nos ir, mas as coisas novas não vêm - nem de perto, nem de longe - com um livro de instruções ou GPS e eu fico sem saber o que fazer, caio no dilema do coração e da cabeça, no dilema do deixar ir ou tentar acertar. E a cena repete-se: sigo os meus impulsos, guio-me pelos desejos, cedo às minhas vontades voláteis e aos sonhos de menina que já devia saber o quão pouco encantado é o mundo onde vive e o quão mal pode acabar esse capítulo. 

E a cena repete-se : se cair, levanto-me. Para todos os efeitos é só mais uma nódoa negra... ou no máximo uma nova cicatriz que vai caindo em esquecimento, para que da próxima vez eu me esquecer que ela lá está e, provavelmente, voltar a, pelo menos tropeçar na mesma asneira. Porque é tão difícil resistir a um coraçãozinho acelerado e um mundo encantados que, eventualmente, me volta a visitar...

 

E a vida corre, parece que cada vez mais acelerada, como aqueles jogos em que se errarmos, não só perdemos pontos, como o cronómetro anda mais rápido.

 

E eu acho que acabo por ter pressa de chegar, de saber, de conhecer. Aliás, eu sou assim no dia - a - dia: se a paisagem final é tão melhor, porquê perder tempo num caminho que já conheço? "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo"*, dizem eles. E, pelo menos, é assim que interpreto a frase. 

Mas, às vezes, quando sinto o mundo mais acelerado que eu, abrando. Do que vale a pressa de chagar a uma paisagem bonita se podemos perder todas as vistas do caminho, às vezes tão ou mais incrível que a do nosso destino?

 

Acho que este equilíbrio é necessário. É necessário saber acelerar, mas é necessário abrandar e olhar à nossa volta, porque muitas (ou quase todas as) vezes, quando paramos e olhamos em volta, a vida é realmente fantástica.

E acho que foi por isso que fui perdendo a celeridade, que perdi a inconsolável vontade de descobrir a razão das coisas. Descobri que mesmo se deixarmos de nos mexer por completo, o mundo continua a girar e, (nem sempre, mas) por vezes, é bom aproveitarmos o que ele nos traz da sua mais recente viagem.

Aí.

Aí, onde quer que estejas, espero que estejas bem. 

Espero que tenhas sorte, que o mundo te sorria e que consigas ser feliz. Espero que sorrias também. Que sorrias muito, que rias muito, que voes o máximo que alguém já voou, que alcances tudo o que pretendas, que consigas o que sempre pediste.

Espero que te lembres de mim, que te lembres do que fomos, nem que seja só lá mais no profundo do teu ser e por uns meros segundos. Espero que gostes dessa memória.

(Eu gosto, e gosto que seja só uma memória).

Espero que tudo o que ficou por resolver, se resolva ou já esteja resolvido. Espero que te resolvas e que, se não for pedir de mais, a tua vida se resolva. Espero que não te arrependas de muita coisa mas , se arrependeres, que seja do que te [não] fizeste. E que os arrependimentos nunca mais existam a partir daí.

Espero que estejas em plenitude, espero que nunca tenhas estado tão bem. Espero que tudo o que sempre quiseste se comece a desenvolver agora. Espero que tenhas evoluído, que tenhas percebido o que podias fazer diferente. Espero que faças diferente. Diferente e melhor.

Espero que seja agora o princípio dos teus sonhos, espero que tenhas chegado à meta na tua maratona, espero que sejam agora os primeiros dias do resto da tua vida. 
Espero que te faças feliz e que faças por te fazer feliz. 

Aí, onde quer que estejas, espero que realmente, estejas bem. Melhor que nunca. Melhor do que eu ou do que eras comigo.

Aí, onde quer que estejas, espero que estejas feliz.

Desejo-te tudo de bom.

Atlântida.

Fui passando de pés descalços, por entre ramagens primaveris, com a palma da mão a acarinhar as flores campestres naquele descampado que não sabia onde ia dar. Aliás, ultimamente parecia que não sabia onde nada ia dar: por muito bonita que fosse a paisagem, por mais brilhante que fosse o horizonte, por mais incríveis que fossem as margens que delineavam o caminho por onde seguisse, parecia que o destino final não ia, se quer, sendo desenhado.

E a minha vida andava sem cheiro, andava vazia e sem cor, mesmo com todas essas flores a perfumar o ar e a dar cor ao mundo. E o coração sem direção, sem rumo, sem qualquer ponto de partida e de chegada, sem qualquer sentido de orientação, com incerteza e a insegurança de saber que um dia iria deixar de estar assim. E o que o deixava inseguro era saber o que vem depois de ter certezas, depois de ter tudo assegurado, tudo o que desejou... andava discreto, quase parado, com medo de voltar a acelerar e bater de novo, com medo de chamar a atenção, porque mais vale manter-se à margem de todo um mundo de sensações, do que reviver toda a desaceleração de novo, do que arriscar perder-se de novo, do que arriscar sentir-se mais perdido do que naquele momento. E o corpo andava mole, quase deambulando por entre a vida e o "sobreviva" e assustado com o que poderia chegar em contra-mão, com o que poderia vir contra ele e ser tão favorável quanto efémero, como sempre fora, trazendo das mais saborosas sensações que tão ou mais facilmente se tornariam dissabores que, com toda a certeza do mundo, ele não queria sentir nem mais uma única vez.

E o mundo tornou-se um lugar de co-habitação, um lugar imóvel, sem jeito, sem qualquer tipo de emoção: sem cheiro, sem cor, sem som. Um lugar inútil onde ouvia apenas o som dos pés descalços a estalarem o mato seco e morto, a caminho do desconhecido, naquele trilho perdido.

O mundo tornou-se o lugar mais solitário do universo. O mundo tornou-se num pequeno T0, sem espaço: sem espaço para respirar, sem espaço para me libertar, sem espaço para correr, sem espaço para esperar, sem espaço para viver. O mundo tornou-se num espaço oco, sem sentido, sem cor, sem movimento.  

Então tudo se perdia: perdia-se no mundo, perdiam-se umas coisas das outras. E perdia-me eu do mundo, do resto e de mim.

 

E perdi-me tanto que me encontrei. E descobri que mesmo não sabendo onde iria ter, teria de aproveitar a viagem: a paisagem bonita, o horizonte brilhante, as margens incríveis que delineavam o caminho por onde seguia... E a rota eu própria teria de desenhar.

 

E, discretamente, a viagem foi-me levando a bom porto... E atracou-me a ti. Sem fazeres a mínima ideia do que fui sem ti que logo da primeira vez me fizeste esquecer de perguntar o que faria ali.

E no teu sorriso encontrei a minha vista favorita, o meu ponto de paz. Mostraste-me um lugar só meu, nesse mundo teu e eu encontrei um espaço do tamanho do mundo que eu tinha perdido.  Encontrei um mundo tão familiar, que saberia ir de um lado ao outro sem me perder. Queria percorrer-lo (e a ti) em contra-mão. E descobri também que era com o teu cheiro que queria perfumar o ar: com a essência da tua presença. E descobri a cor com que iria pintar a paisagem: a tua cor, os tons da tua presença. E mesmo com a incerteza do que poderia emergir a partir daqui, eu queria deixar-me ir.

 

E tal Atlântida perdida, encontrei o melhor de mim ao mergulhar em ti.

Eu, tu e o resto.

E a vida passou de amarga a doce. Ficou tão doce que eu não precisava tanto de doces! A sério: era tão mais fácil saborear a vida em vez de um pedaço de chocolate e era tão melhor saborear um beijo teu, a um doce qualquer! E, na verdade, fazia-me sentir tão mal uma overdose de doces, e faz-me sentir tão bem a tua pessoa!

A noite também passou de fria para quente, desde os teus "boa noite", mesmo se não os dizes. E as manhãs tornam-se bem mais suportáveis quando acordo e há um "bom dia". Aliás, a contagem decrescente para te ver de novo começa desde o momento que me despeço de ti... e os "bom dia" significam que cada vez está mais próximo o plano para me sentir zen: eu, tu... e qualquer sítio onde possa respirar a liberdade que é estar ali contigo. Eu, tu e o rio. Eu, tu e as árvores. Eu, tu e o mar. Eu, tu e o "onde-quer-que-vamos".

E suportar a rotina passou de praticamente impossível para bastante suportável , desde que os fins de semana compensam tão bem todo o stress semanal e rotineiro.

O ar ficou com outro cheiro, e não é só o da Primavera ter chegado... não é só aquele cheiro a dias compridos e quentes. Mas tenho de confessar que é bem mais fácil associar-te à Primavera que ao Inverno, porque tudo fica mais colorido, calmo, divertido, estonteante, leve e fácil de suportar. Na Primavera e contigo. 

 

E eu tenho noção do perigo que representas. Tenho noção que a calma precede a tempestade. Tenho noção do que isto pode representar, a todos os níveis. Tenho plena noção do que implicas e que implicamos... Mas é tão mais fácil querer-te junto do que te deixar lá longe! 

E como tudo o que poderia vir daqui, eu sei que não vai ser fácil. Aliás, eu tenho plena noção que poderá ser bem mais complicado do que fácil... Mas aqui estou eu de novo, pondo-me à mercê do difícil, prometendo tentar facilitar-nos o máximo possível, até onde for possível.

A mim, a ti e aos nossos planos. A mim, a ti e às nossas vontades. A mim, a ti e aos nossos momentos. A mim, a ti e às nossas conversas. A mim, a ti e ao nosso silêncio. A mim, a ti e à nossa calma.

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