Correndo o risco de me tornar repetitiva, não podia deixar de dizer o quanto quero tudo o que me podes dar.
Quero o teu toque, o teu respirar junto de mim. Quero os teus beijos de cinema, os teus beijos de "até já". Quero os teus boas noites em beijos na testa, e quero uns bons dias frequentes... quero todos os (bons) dias a que temos direito! E todas as noites.
Quero passar os nascer do sol contigo, mesmo que a dormir. Quero passar as luas cheias, luas nova, e todas as luas. E tempestades. E noites geladas. E noites para derreter - por ti e por causa do calor. Quero todas as séries. Todos os filmes. Quero não os ver contigo, porque adormeço em ti.
Quero que me contes todos os teus segredos, quero conhecer-te como ninguém. Quero as conversas sérias, as conversas sobre o tempo, ou jogar conversa fora. Quero que me conheças, que me entendas, Que me agarres (pela cintura e pela alma). Quero descobrir-nos.
Porque acredito que o amor ainda existe, e que o amor é isso. É termos tudo um do outro, e partilharmos o mundo, e vivê-lo juntos.
Prometo dar-te tudo de mim, e quero que não hesites em dar-me o melhor e o pior de ti.
Um futuro e tanto, um futuro brilhante, e um par seres divididos, entretanto somados, encontrados de alma gigante e num abraço fundidos.
Descritos em mil epopeias, em romances infinitos, em canções de amor cheias, vêm com asas que não se veem, vêm com tantos abraços apertados, beijos tão bem dados, corpos colados, olhares refinados.
Um futuro tão bem guardado, e que só a deuses pertence, tantas vezes imaginado, delicadamente desenhado, tantas e tantas vezes comentado.
O mais belo dos acasos de tanto em tanto foi sonhado.
Dois corações errantes, Dois quase descrentes, Que creem de tanto em tanto em tudo e nada, factos e teorias, acasos e magias, realidade e encanto, previsões e fado. Em abraços.
E colam-se, refazem-se, partem-se, repartem-se e ficam sempre com as melhores partes. Entre desencontros e percalços, Entre planos e abraços.
O mais belo dos acasos, de tanto em tanto partilhado.
Num mundo bem inspirado, um futuro e dois sorrisos, andam agora de braço dado, eles e os dois corpos lado a lado, eles e duas almas descansadas, eles, e as palavras que trocam, eles, e os momentos que só eles conhecem, eles, e as gargalhadas roubadas, eles e mais uns abraços.
De repente ganho um sexto sentido e fico quieta, estática, imóvel, vejo-te aportar.
Manifesto-o em arrepios, manifesto toda a beleza do que construímos, manifesto cada palavra, cada ruga de expressão, cada canto do teu abraço, cada bater do coração.
Descubro no teu corpo, um mapa. rota de navegação, carta náutica, que me deixa embarcar, e me guia à confiança, e garanto-te como rumo certo, mantendo-te por perto.
Tal estrela do norte, que não me deixa perder. Bússula, Golpe de sorte.
Sorte grande. Tesouro.
E é indiscritível cada vez que chegas, e te aproximas, e me olhas, me beijas, me agarras, me dás a mão.
Guiamo-nos, um ao outro, corredor dentro, escadas acima, de rua em rua, de vida em vida, onda adentro, mar fora, e vamos, de mar em mar, em mar,
amar.
E sinto-te presente, sinto-te em mim. sinto-te meu, fico à deriva em ti, flutuando no que dizes e fazes, mergulhando no teu abraço, navegando pelo teu corpo, nessa tua praia paradisíaca, terra à vista, ilha de luz.
Cheiras a maresia.
Fico à deriva no teu alto mar, flutuo nas tuas águas fundas, corro e mergulho em ti... Descubro o caminho marítimo para fora das tormentas, sem receios e tempestades, e num só beijo, a esperança que trazes, esse Atlântico de emoções.
E resgatas-me de um naufrágio, como se Neptuno fosses. Fazes-me voltar à superfície, Salvas-me de um mar que não é teu, Fazes-me voltar a respirar,
E manténs-me acordada, manténs-me desperta, segura mesmo sem pé, seja em manhãs de calmaria, seja em altas marés.
Percorremo-nos de lés a lés.
E se éramos duas almas afogadas, virámos marinheiros um do outro, um no outro.
A culpada fui eu porque acreditei em tudo aquilo que dizias, Sem nunca desconfiar que podia ser mentira. Porque eu dizia a verdade, Era suposto tu também dizeres... Porque se eu dizia a verdade, Claro que tu também a dizias!
Nada foi real. Soa tudo a tragédia romântica, com cortinas fechadas no fim do teu último ato, e eu deitada no chão, em pedaços.
Que interpretação perfeita! O Óscar vai para ti, com o papel ideal, tal ilusionista, tal ator principal, cheio de politiquices, sem moral, cheio de promessas, truques de magia, encanto.
Talvez um dia...
A culpada fui eu! Hoje, assumo toda a culpa, A minha ingenuidade, A minha inocência... Assumo todos os meus erros.
Mas agora... agora podes levar tudo. Leva os teus beijos, As memórias... Leva cada desculpa que pediste, Cada desculpa que me deste, ou mentira que constaste. Leva cada palavra, Leva todos os sonhos.
Deixa-me esquecer o que sentia quando me olhavas, Deixa-me esquecer que não dizias tudo aquilo que eu queria dissesses.
Leva as palavras desperdiçadas, Leva as ideias que trocámos, tira-me o teu toque, tira-me os arrepios que provocaste, leva o teu cheiro, o teu abraço, leva o perdão que tanta vez pediste nos meus lábios, Leva cada pedaço daquilo que vivi, contigo.
Deixa-me acordar e pensar que nunca exististe, Deixa-me esquecer-me da culpa, deixa-me esquecer da ilusão que criaste... que criei.
Deixa-me voar.
DEIXA-ME VOAR!
Deixa-me voar sem pensar que preciso de ti para me segurar, Deixa-me respirar. Deixa que a minha alma saiba o que é ser, sem ti.
Deixa-me confiar em mim. Agora... Agora deixa-me ser eu... Como eu nunca devia ter deixado de ser.
No nosso finalmente, No nosso pronto, No nosso agora, No nosso por aí fora, No nosso “não vejo a hora”, No nosso “de hoje em ora” Porque o nosso tempo demora.
Mas depois chega, e corre. Chega e não para. Chega e escorre, Chega e não espera.
E eu quero parar esse tempo quando ele chega, porque parece com tanta pressa, e vem e vai tão depressa. Esse tempo que não espera quando nos perdemos dele, quando nos perdemos dum mundo. Que tanto nos desespera.
E esse tempo acelera (mesmo a fundo) Quando somos um e o outro,
Quando somos um do outro, Quando finalmente estamos sós, Quando, por fim, nos temos, A nós e aos nossos momentos, E à nossa voz. E nos encontramos nos nossos beijos, nas nossas mãos, nos nossos nós.
E eu vejo um tempo que reage, A esse abraço que me derrete, A esse colo que me protege, A esse todo que, sem saber, me dás.
E depois há esse sonho de sorriso que me aquece, Esse “tu” que me prende, me apetece, Esse olhar que quanto mais olho, Mais sinto, mais vivo, mais tenho… Mais devaneio ou miragem me parece.
E o tempo não nos respeita, Nem a mim, nem a ti, nem a nada: Nem a essas coisas que são tuas, Nem a essas coisas agora tão minhas, Nem a esses momentos tão nossos, Tão escassos, Tão demorados, Tão apressados, Tão tanto, Tão tudo.
Eu escolho ser. Escolho sorrir, sonhar, voar, escolho muito viver - viver tanto, viver tudo, ver o mundo.
Escolho os verbos bons, Não os de bom tom, Mas os inteiros, completos, repletos, que marcam a vida, que marcam a alma. Os que deixam o mundo menos feio, e me deixam de coração cheio.
Escolho-me a mim e às opções fáceis: fáceis de lembrar, fáceis de querer para sempre, fáceis de fazer levitar.
Acreditar.
Escolho os arrepios na espinha e as lágrimas do não correspondido, Em vez do que não vi, não foi, não houve, do que nunca seria vivido. Porque prefiro essas sensações, emoções, mesmo que incluam ilusões, frustrações, deceções, desilusões.
E que tudo em mim vibre, Tudo em mim deseje, Tudo em mim brilhe, e ria, e viva.
Ai a vida! Boa vida, Tão bela de ser vivida.
E que eu guarde em mim os sonhos todos do mundo, Lá bem de cima, Lá bem do topo, Até ao meu eu mais profundo.
Que eu viva bem, esse fogo que arde e ninguém vê, sem almas pequenas, sem corações de pedra, sem perder tempo, sem me apressar. E a acreditar...
Sempre a acreditar.
Respira: Inspira, Suspira Expira... Explode! Acredita E não pira!
E que eu beije, eu veja, eu sinta, eu tenha, eu seja.
Que eu seja tão eu, que não saiba se vivo ou se sonho. E que me escolha sempre a mim, ao meu início, ao meu meio ao meu eu inteiro, ao meu fim.
Vais voltar? Se disseres que sim, eu espero. Se disseres que vens, eu fico. Se disseres que queres, eu quero. E prometo que te deixo a porta aberta.
Deixo-te a porta escancarada, Para que chegues sem entraves, Para que chegues sem demoras, Para que venhas sem desculpas, Sem perguntas, Só respostas.
Até estendo passadeira vermelha, (Ou azul, se preferires), Para que saibas a direção, Para que tenhas a certeza de que te quero aqui, Para que regresses sem hesitação, Sem qualquer dúvida da minha vontade. e que nunca te diria que não.
Como diria?
Só não me peças que seja eu, por favor. Não peças que seja eu a ir, Não ponhas esse passo em mim, Que não fui eu quem fugiu, Não fui eu quem desistiu Não fui eu que pedi o fim. Por minha vontade ficávamos e seríamos, Mas tu foste, mesmo assim.
Mas ainda acredito, sabes? E ainda quero que voltes.
Voltas?
Se voltares, eu recebo-te. Recebo-te de alma e coração, Recebo-te de braços abertos, De regaço disponível, De olhos brilhantes, E o todo mais que for possível.
E até posso ir contigo depois: A sério que vou! (como sempre fui) Mas só depois de vires tu.
Vens?
Tens a porta aberta, Entrada mais que disponível, Para que saibas que podes mesmo voltar, Para que possas vir e não querer ir mais, Para que possas vir, rir, entrar e ficar.
Não garanto esperar para sempre, O tempo urge, A vida voa, O futuro ecoa, As coisas mudam de repente, E eu não sou assim tão paciente.
Mas, para já, ainda quero. (Quero muito.) E garanto que ainda te espero, E até prometo que me esmero, para não voltarmos a ir.
Subi as escadinhas que davam até à tua porta e toquei à campainha como se fosse a primeira vez.
Era inevitável não me arrepiar ao chegar ali e em pensar em todas as hipóteses e histórias que se viveram e não poderiam esperar do outro lado da porta... estarias como eu? Eu tremia por dentro, vibrava de vontade de te abraçar, tinha o coração a mil com toda a conversa que nos levou até este ponto, tinha um aperto no peito com a possibilidade de estares a precisar tanto de mim como eu de ti, naquele instante.
Abriste a porta e olhámo-nos de alto a baixo como se fosse a primeira vez que nos víamos – talvez fosse a primeira vez que alguém realmente nos via em muito tempo. Segui-te como se estivesse nos corredores de um museu, um caminho que parecia um labirinto, entre umas paredes que se sentiam demasiado estreitas para a tensão e ansiedade que estava a gritar dentro de mim. Deixei-te levares-me onde me querias, deixei-te guiares-me pelo espaço, como achavas melhor. A minha ignorância do que fazer contigo (connosco) era demasiada! E não estava a conseguir ignorar, de todo, a vontade de te agarrar, de te acalmar, de te encostar ao meu peito: sem prudência, sem jeito, sem trejeitos, sem medos, ou desconceitos, ou segundas intenções.
Cada passo que davas, puxava-me mais para ti e tu, aí do teu canto, se calhar nem percebias. Estarias como eu?
Era inevitável não gostar de toda aquela situação. De toda aquela história que estavamos a criar quase de repente, quase sem querer, como se fosse a primeira vez.
E, de repente, tu paraste e viraste-te para mim. Olhaste-me de alto a baixo e viste-me como se nunca ninguém me tivesse visto, como se eu fosse a única pessoa à face da terra, parecias estar a estudar cada um dos meus traços, dos meus cantos, parecias decorar cada um dos meus sinais. Arrepio na espinha. Senti-me como se me estivesses a criar à medida que os teus olhos percorriam cada milímetro meu e eu ia aparecendo diante de ti, despida de noções e teorias. Senti o meu corpo aparecer como nunca, e senti a minha alma derreter aos teus pés. Senti-me como se finalmente alguém me visse – alguém me quisesse ver. Arrepio na nuca. Estarias como eu?
Estendeste-me a mão, e a minha não se inibiu nem um pouco em aproveitar o embalo. Puxaste-me para ti, assim que os teus dedos sentiram os meus. Os nossos corpos esbarraram como se fosse a primeira vez e senti mais um arrepio em mim, que desta vez levou exatamente o mesmo percurso que os teus olhos tinham feito momentos antes. Agora sim, era inevitável não gostar de toda aquela situação... Sensação. Os meus sentidos cruzaram-se dentro de mim: euforia, harmonia, sinfonia, poesia. Vi o filme da minha vida diante dos meus olhos, naquele instante. Vi todo um futuro desenhado pela minha imaginação e adivinhei cada toque, cada carinho, cada palavra silenciosa que se seguiu. Estarias como eu?
Despedimo-nos da vida, da rotina e do dia. Despimo-nos de nós . Focámos no ninho que tinhamos encontrado um no outro - e não importava o tempo lá fora. Ouvia-se chuva, ouvia-se vento e trovoada: sentiamos sol, sentia-te Sol. Fogo. Escutámos silêncio, escutámo-nos no silêncio. Dançámos corredor fora: descoordenados, como quem não sabe dançar (e não faz ideia do que vai acontecer) mas tão sincronizados! Embebedámo-nos um no outro (um do outro). Mergulhei nesses olhos que pareciam ver-me por dentro, que pareciam querer ler-me por completo. Tropecei, quase sem querer em ti e aterrei, sem proteção, em tudo o que éramos naquele momento. Fechei os olhos e segui guiada pelo magia do inesperado.
Não sabia o que viria dali. Tu saberias? Terias estudado tudo, como me estudaste a aura?
Eu não fazia ideia... mas aquela dança desmedida de olhares, aquela sintonia de arrepios, aquela explosão de sentidos, auguravam tudo de bom.
Eu sabia que ia mergulhar novamente nesses teus dois pontos chocolate, que iria saborear de novo esse sorriso caramelo que tanta fome me dava, que ainda iria ver o meu corpo no teu a dar um nó - um nó cego, daqueles que custa a desapertar e que nunca ninguém iria ser capaz de explicar.
Eu sabia que todo este esforço iria trazer um bom prémio no final, todo este alvoroço traria o melhor resultado possível, toda esta tempestade traria a maior paz quando passasse. Seria impossível resistirmos, depois de tanto, ao abraço um do outro, aos sussurros e conchinhas, aos cheiros e toques, aos beijos e cuidados. Seria impossível não querermos repetir toda a ligação inegável, toda a paixão que nunca fora pronunciada, toda o fogo que nunca fora controlado, todo o orgulho que sentíamos um pelo outro. Nunca fora segredo, toda a cumplicidade.
Mas agora... agora tudo além estava pronto a ser desvendado, por fim. Nada nos pararia! O mundo começara a girar como nós desenhámos: a passadeira vermelha estava, finalmente, estendida para todos aqueles sentimentos oprimidos e a avenida aprumada para os medos sambarem para fora dali.
Bem vindos, de alma e coração, ao cliché do resto da vossa vida!
Os cientistas deveriam, com certeza, estudar como era possível toda esta química nunca ter dado em explosão. Nunca entrara: sempre a podemos controlar, sempre a soubemos resguardar. Sabíamos como a tratar com o jeitinho certo para ser tão nossa, e só nossa, mesmo que exibicionista.
Dentro do caos da vida e da rotina, dentro do caos da agitação e da ansiedade, dentro do caos de uma anarquia, virámos ponto de encontro. A sorte trouxe-te para mais perto, o destino fez-nos um do outro no momento certo - e eu sabia tão bem o nosso lugar, dentro de todo o caos! O mapa deste tesouro estava muito resolvido: eras centro, eras serenidade, eras ponderação e proximidade.
Nunca fomos urgência, nunca fomos imediato ou promessa. Nunca fomos simulação ou concretude. Éramos segurança e descanso, desejo e amparo. Encontrávamos um no outro um ar mais respirável e uma força que tornava tudo fácil. Encontrámo-nos um no outro, com a tranquilidade de quem sabe que a pressa não traz perfeição: e nós éramos perfeição ideal, dentro de todos esses caos. Nós ficámos um do outro sem deixar de ser de nós, nós ficámos todo um mundo com todo o tempo para se fazer descobrir.
Sabíamos que a vida é curta de mais para ficar a pensar , para perder tempo e, talvez por isso, nos tenhamos encontrado finalmente, depois de tanto nos vermos. Vimo-nos diferente, depois de pousarmos um no outro, depois de nos encontrarmos. Aterramos um no outro, novamente e no nosso nada caos, com todo o caos em volta: eu sabia que voltarias - e eu não precisava de ti, não precisava desse teu jeito ou de toda a paz que me trazias, nem te ia pedir para ficares para sempre, mas esperava que o quisesses tanto quanto eu. Dava tempo para isso - ainda dava tempo para ficarmos um no outro para sempre.
Dentro de todo este caos de estar sem ti, eu sabia que virias. Dentro de todo este caos, que era ter-te sem nos ter, eu sabia que te teria. Dentro de todo este caos de não saber como nos querer, eu sabia que nos queria. Eu sabia que voltarias.
Sendo ela o teu horizonte e a primeira coisa que a tua vista alcança quando olhas da tua janela. É nela que os teus olhos pousam quando te distrais (ou será ela que te distrai quando os teus olhos se cruzam com ela?), deixaste-te enterrar nela, deixa-la envolver-se em ti. Deixa-la cruzar no teu caminho, acompanhar-te numa caminhada tantas mais vezes que eu!
E as vezes que deitas a tua cabeça nela em vez de a deitares em mim?
Quantas vezes a areia dessa praia já te abraçou e colou a ti... quantas vezes já sentiu o calor do teu corpo? Quantas vezes essas ondas já encontraram o teu peito... já se encontraram no teu abraço? Quantas vezes essa espuma beijou a tua pele?
E logo eu que gosto tanto de praia, fui assolada por este ciúme da tua praia. Só imagino as vezes que já te perdeste por aí, as vezes que já te despiste para ela... Torna-se difícil não invejar a sorte dessa paisagem, que já te teve como parte integrante e eu nem hipótese de admirar esse momento tive. Torna-se difícil resistir a um ciúme louco de imaginar que te toca mais vezes que eu. Torna-se impossível não desejar loucamente ser essa praia, ou ter, pelo menos, um pouco da sua sorte.
A sorte de ver esse teu sorriso, de se poder perder nos teus olhos e de os fazer brilhar. Lotaria de milhões, o poder ter-te a deitares-te sobre ela.
É... definitavamente, invejo a tua praia. As visitas que lhe fazes, a sensação que te faz sentir, a vontade que tens de a ver, e o poder tocar-te tanto mais que eu. Definitivamente, emulo-a . No entanto, como posso criticar se faria o mesmo à mesma oportunidade? Se te deixaria perderes-te em mim ao primeiro resquício da tua vontade de o fazeres?
Tenho a certeza que esta inveja me faria ladra: roubaria a sorte dessa tua praia sem pestanejar. Não tenho dúvidas de que esta inveja me transformaria em bruxa: aprenderia todos os truques necessários para quebrar essa maldição que ela te lançou - ou todos os feitiços para que essa sorte fosse minha. Não hesitaria, convictamente, em trocar de lugar com ela e te beijar de cima abaixo, abraçar-te e enroscar-me em ti - seria , prontamente, um desses grãos de areia que levas para casa.
No entanto, trocaria a sorte desse sítio, por ser eu a tua sorte. Ser a tua sorte para nos perdermos juntos nesse por de mar, nessas nuvens de espuma, nessas ondas de sol... nessa tua praia invejável.