Vais voltar? Se disseres que sim, eu espero. Se disseres que vens, eu fico. Se disseres que queres, eu quero. E prometo que te deixo a porta aberta.
Deixo-te a porta escancarada, Para que chegues sem entraves, Para que chegues sem demoras, Para que venhas sem desculpas, Sem perguntas, Só respostas.
Até estendo passadeira vermelha, (Ou azul, se preferires), Para que saibas a direção, Para que tenhas a certeza de que te quero aqui, Para que regresses sem hesitação, Sem qualquer dúvida da minha vontade. e que nunca te diria que não.
Como diria?
Só não me peças que seja eu, por favor. Não peças que seja eu a ir, Não ponhas esse passo em mim, Que não fui eu quem fugiu, Não fui eu quem desistiu Não fui eu que pedi o fim. Por minha vontade ficávamos e seríamos, Mas tu foste, mesmo assim.
Mas ainda acredito, sabes? E ainda quero que voltes.
Voltas?
Se voltares, eu recebo-te. Recebo-te de alma e coração, Recebo-te de braços abertos, De regaço disponível, De olhos brilhantes, E o todo mais que for possível.
E até posso ir contigo depois: A sério que vou! (como sempre fui) Mas só depois de vires tu.
Vens?
Tens a porta aberta, Entrada mais que disponível, Para que saibas que podes mesmo voltar, Para que possas vir e não querer ir mais, Para que possas vir, rir, entrar e ficar.
Não garanto esperar para sempre, O tempo urge, A vida voa, O futuro ecoa, As coisas mudam de repente, E eu não sou assim tão paciente.
Mas, para já, ainda quero. (Quero muito.) E garanto que ainda te espero, E até prometo que me esmero, para não voltarmos a ir.
Subi as escadinhas que davam até à tua porta e toquei à campainha como se fosse a primeira vez.
Era inevitável não me arrepiar ao chegar ali e em pensar em todas as hipóteses e histórias que se viveram e não poderiam esperar do outro lado da porta... estarias como eu? Eu tremia por dentro, vibrava de vontade de te abraçar, tinha o coração a mil com toda a conversa que nos levou até este ponto, tinha um aperto no peito com a possibilidade de estares a precisar tanto de mim como eu de ti, naquele instante.
Abriste a porta e olhámo-nos de alto a baixo como se fosse a primeira vez que nos víamos – talvez fosse a primeira vez que alguém realmente nos via em muito tempo. Segui-te como se estivesse nos corredores de um museu, um caminho que parecia um labirinto, entre umas paredes que se sentiam demasiado estreitas para a tensão e ansiedade que estava a gritar dentro de mim. Deixei-te levares-me onde me querias, deixei-te guiares-me pelo espaço, como achavas melhor. A minha ignorância do que fazer contigo (connosco) era demasiada! E não estava a conseguir ignorar, de todo, a vontade de te agarrar, de te acalmar, de te encostar ao meu peito: sem prudência, sem jeito, sem trejeitos, sem medos, ou desconceitos, ou segundas intenções.
Cada passo que davas, puxava-me mais para ti e tu, aí do teu canto, se calhar nem percebias. Estarias como eu?
Era inevitável não gostar de toda aquela situação. De toda aquela história que estavamos a criar quase de repente, quase sem querer, como se fosse a primeira vez.
E, de repente, tu paraste e viraste-te para mim. Olhaste-me de alto a baixo e viste-me como se nunca ninguém me tivesse visto, como se eu fosse a única pessoa à face da terra, parecias estar a estudar cada um dos meus traços, dos meus cantos, parecias decorar cada um dos meus sinais. Arrepio na espinha. Senti-me como se me estivesses a criar à medida que os teus olhos percorriam cada milímetro meu e eu ia aparecendo diante de ti, despida de noções e teorias. Senti o meu corpo aparecer como nunca, e senti a minha alma derreter aos teus pés. Senti-me como se finalmente alguém me visse – alguém me quisesse ver. Arrepio na nuca. Estarias como eu?
Estendeste-me a mão, e a minha não se inibiu nem um pouco em aproveitar o embalo. Puxaste-me para ti, assim que os teus dedos sentiram os meus. Os nossos corpos esbarraram como se fosse a primeira vez e senti mais um arrepio em mim, que desta vez levou exatamente o mesmo percurso que os teus olhos tinham feito momentos antes. Agora sim, era inevitável não gostar de toda aquela situação... Sensação. Os meus sentidos cruzaram-se dentro de mim: euforia, harmonia, sinfonia, poesia. Vi o filme da minha vida diante dos meus olhos, naquele instante. Vi todo um futuro desenhado pela minha imaginação e adivinhei cada toque, cada carinho, cada palavra silenciosa que se seguiu. Estarias como eu?
Despedimo-nos da vida, da rotina e do dia. Despimo-nos de nós . Focámos no ninho que tinhamos encontrado um no outro - e não importava o tempo lá fora. Ouvia-se chuva, ouvia-se vento e trovoada: sentiamos sol, sentia-te Sol. Fogo. Escutámos silêncio, escutámo-nos no silêncio. Dançámos corredor fora: descoordenados, como quem não sabe dançar (e não faz ideia do que vai acontecer) mas tão sincronizados! Embebedámo-nos um no outro (um do outro). Mergulhei nesses olhos que pareciam ver-me por dentro, que pareciam querer ler-me por completo. Tropecei, quase sem querer em ti e aterrei, sem proteção, em tudo o que éramos naquele momento. Fechei os olhos e segui guiada pelo magia do inesperado.
Não sabia o que viria dali. Tu saberias? Terias estudado tudo, como me estudaste a aura?
Eu não fazia ideia... mas aquela dança desmedida de olhares, aquela sintonia de arrepios, aquela explosão de sentidos, auguravam tudo de bom.
Eu sabia que ia mergulhar novamente nesses teus dois pontos chocolate, que iria saborear de novo esse sorriso caramelo que tanta fome me dava, que ainda iria ver o meu corpo no teu a dar um nó - um nó cego, daqueles que custa a desapertar e que nunca ninguém iria ser capaz de explicar.
Eu sabia que todo este esforço iria trazer um bom prémio no final, todo este alvoroço traria o melhor resultado possível, toda esta tempestade traria a maior paz quando passasse. Seria impossível resistirmos, depois de tanto, ao abraço um do outro, aos sussurros e conchinhas, aos cheiros e toques, aos beijos e cuidados. Seria impossível não querermos repetir toda a ligação inegável, toda a paixão que nunca fora pronunciada, toda o fogo que nunca fora controlado, todo o orgulho que sentíamos um pelo outro. Nunca fora segredo, toda a cumplicidade.
Mas agora... agora tudo além estava pronto a ser desvendado, por fim. Nada nos pararia! O mundo começara a girar como nós desenhámos: a passadeira vermelha estava, finalmente, estendida para todos aqueles sentimentos oprimidos e a avenida aprumada para os medos sambarem para fora dali.
Bem vindos, de alma e coração, ao cliché do resto da vossa vida!
Os cientistas deveriam, com certeza, estudar como era possível toda esta química nunca ter dado em explosão. Nunca entrara: sempre a podemos controlar, sempre a soubemos resguardar. Sabíamos como a tratar com o jeitinho certo para ser tão nossa, e só nossa, mesmo que exibicionista.
Dentro do caos da vida e da rotina, dentro do caos da agitação e da ansiedade, dentro do caos de uma anarquia, virámos ponto de encontro. A sorte trouxe-te para mais perto, o destino fez-nos um do outro no momento certo - e eu sabia tão bem o nosso lugar, dentro de todo o caos! O mapa deste tesouro estava muito resolvido: eras centro, eras serenidade, eras ponderação e proximidade.
Nunca fomos urgência, nunca fomos imediato ou promessa. Nunca fomos simulação ou concretude. Éramos segurança e descanso, desejo e amparo. Encontrávamos um no outro um ar mais respirável e uma força que tornava tudo fácil. Encontrámo-nos um no outro, com a tranquilidade de quem sabe que a pressa não traz perfeição: e nós éramos perfeição ideal, dentro de todos esses caos. Nós ficámos um do outro sem deixar de ser de nós, nós ficámos todo um mundo com todo o tempo para se fazer descobrir.
Sabíamos que a vida é curta de mais para ficar a pensar , para perder tempo e, talvez por isso, nos tenhamos encontrado finalmente, depois de tanto nos vermos. Vimo-nos diferente, depois de pousarmos um no outro, depois de nos encontrarmos. Aterramos um no outro, novamente e no nosso nada caos, com todo o caos em volta: eu sabia que voltarias - e eu não precisava de ti, não precisava desse teu jeito ou de toda a paz que me trazias, nem te ia pedir para ficares para sempre, mas esperava que o quisesses tanto quanto eu. Dava tempo para isso - ainda dava tempo para ficarmos um no outro para sempre.
Dentro de todo este caos de estar sem ti, eu sabia que virias. Dentro de todo este caos, que era ter-te sem nos ter, eu sabia que te teria. Dentro de todo este caos de não saber como nos querer, eu sabia que nos queria. Eu sabia que voltarias.
Just a little bit longer, please. A moment more, I swear it will be fast.
I just need a bit more: a last word, a last kiss, a last touch, a last hug. Just a few seconds, please. Give me just one more glimpse, a smile, a walk, some cuddles. Give me just one more call, one more message. Give me one more dinner, a slice from a pizza we ordered in a rush, one more cookie... just a bite. Give me one more date: should we drink coffee? One cup more only. A sip, maybe? A little tiny sip...
Pause us. Keep us. Hold on to us. Give me just an instant more. A no-way-back walk by me, to you. Then I will return to me, but I will have you with me. I promise to arrive and don't leave. I promise to stay. I promise you my existence. I promise to you the "yets", the "everythings" and "alls", the "forevers". I promise you sweet, intense, permanent words. I promise you long kisses upon arrival, and bigger ones during the soon-ending "goodbyes". I promise to you the night-long touches. I promise no reason hugs just because, and heartening hugs as needed. I promise I will always see you. I promise to remember your glances, your smiles, and the Sunday afternoon cuddles.
Give me what you never gave me before. Let me give you as much as I have to offer you. Give me just a little bit more, and I will give you everything I can, so you will want to share everything you have for me.
Then I will give you all the time in the world. Actually, I will give you my own world. I just need a little longer... Do you mind giving me some more minutes, please? Some hours, maybe... there's so much to do - a gigantic world to live in, a whole kiss for us to be in.
Linger here: stay longer... on my behalf, for those lips - and everything else - I will stay with no hesitation! There's so much that I still want to show you, so much to unveil! Stay just some time more, it is still early! Don't go yet, I barely saw you - I barely felt us and want us so badly. Just stay here, ok? At least for a moment more: give me a little bit more of you. Give me a little bit more of us - some days more, maybe. Maybe I am being too bold, as time is something so valuable... But would be a lot to ask you for some months more? It is not that much, I believe... and forgive me my madness, but every time I think of you, I want you a little bit more. I want us a little bit more - a sip from what was not that perfect, but was good enough to love.
Give me a little bit more of us: I was wondering, perhaps, for some years more... and then you just lie here for the rest of our life, pretending we mind that. I really just want a sip more: a sip from the "yesses" and from the "likes". A sip from your oh-so-good intuition - because we both know mine doesn't work that way. A sip from a dream not this short, a sip from a moment that lasts, a sip from a "once upon a time" that can be turn into a "forever" straight away.
Give me a little bit more of us, a little bit more of this, because it was gone in a blink of an eye. Give me just a sip more of us... you in a sip, please.
Só mais um pouco, por favor. Mais um bocadinho, que eu prometo que é rápido!
Só preciso de um pouco mais. Uma última palavra, um beijo, um toque, um abraço. Só mais uns segundos, por favor.
Dá-me só mais um olhar, um sorriso, um passeio, um cafuné. Dá-me só mais uma chamada, uma mensagem.
Dá-me mais um jantar, uma fatia de pizza encomendada à pressa, uma bolacha... uma dentada, apenas. Dá-me só mais um encontro: bebemos um café? Só mais um copo. Um gole, talvez? Um pequeno tragozinho...
Pausa-nos. Guarda-nos. Preserva-nos.
Dá-me só mais um momento. Só mais uma caminhada por mim, num caminho sem volta até ti. Depois volto eu a mim, mas fico-me contigo. Prometo chegar e não partir. Prometo ficar. Prometo-te a minha existência. Prometo os “aindas”, os “tudos”, os “sempre”. Prometo-te as palavras de significado doce, intenso e permanente. Prometo um beijo longo à chegada, um ainda maior nas despedidas provisórias. Prometo-te um toque demorado que pernoite. Prometo-te abraços apertados sem motivo, e os confortantes sempre que precisares. Prometo ver-te. Prometo guardar-te os olhares, os sorrisos e o cafuné de domingo à tarde.
Dá-me o que ainda não me deste. Deixa-me dar-te o tanto que tenho para oferecer. Dá-me só mais um pouquinho, que eu dou-te tudo o que poder, para quereres partilhar tudo o que tens para mim. E eu depois dou-te o tempo todo do mundo. Dou-te todo o meu mundo, na verdade. Só preciso de mais um bocadinho... dás-me mais uns minutos , por favor? Umas horas talvez... ainda há tanto para fazer – um mundo gigante para vivermos, um beijo inteirinho para demorarmos.
Demora-te aqui: fica com delongas... que daqui, da minha parte, por esses lábios - e todo o resto - não hesito em ficar, e ainda há tanto que te quero mostrar e tanto para te desvendar! Fica mais um bocado, que ainda é cedo. Não vás já, que mal te vi - mal nos senti e bem nos quis. Fica-te por aqui, sim? Pelo menos mais um pouco: dá-me mais um pouco de ti.
Dá-me mais um pouco de nós – uns dias, talvez. Talvez seja ousadia da minha parte, sendo o tempo algo tão precioso... Mas seria muito pedir-te mais uns meses? É só mais um pouquinho e perdoa-me a loucura, mas cada vez que penso em ti, quero-te um pouco mais. Quero-nos um pouco mais – um trago do que não era perfeito, mas tão bom.
Dá-me mais um pouco de nós: peço, talvez, só mais uns anos e depois ficas o resto da vida, como quem não quer a coisa. Só quero mesmo um trago a mais: um trago dos “sins”, dos “gosto”. Um trago dessa intuição, porque a minha ambos sabemos que não funciona. Um trago de um sonho que não seja tão breve, um trago de um “era uma vez” que pode imediatamente ser um “para sempre”.
Dá-me só mais um pouco mais de nós, um pouco mais disto, que soube a tão pouco. Dá-me só mais um trago de nós... só mais um trago de ti, por favor.
Segredei à cidade o meu desejo de te ver, o meu desejo de te ter, de saber por onde andas, de acalmar esta ansiedade.
Segredei bem baixinho, com vontade de desvendar os sonhos que tenho por contar, os pesadelos que tanto quero esquecer e deixar ir devagarinho.
Segredei quase silenciosamente, como quem não quer perturbar, como quem não quer acordar, o mundo que ainda dorme e pensa conhecer-me perfeitamente.
Segredei à cidade todos os momentos prometidos, todos os momentos tão vividos, e os que ficaram por passar, recordando-os com claridade.
As luzes da cidade piscaram, talvez a dizer que perceberam, talvez a dizer que me ouviram, talvez só porque sim, sem saberem dos segredos que lhe contaram.
Os carros da cidade desapareceram, deixaram de correr, deixaram de se ver, as ruas ficaram desertas, sem as palavras que não se disseram.
Segredei à cidade tudo o que ficou por acontecer, tudo o que ficou por dizer, como quem tanto quer paz, como quem só quer felicidade.
Segredei à cidade minha tudo o que de ti visitei, cada beijo que troquei, em como te dei o que era meu, em como te entreguei o que não tinha.
Segredei à cidade, sem qualquer esperança, coração de insegurança, olhar cheio de sonhos, e alma cheia de vontade.
Segredei sem parar à cidade partilhada, à cidade tão explorada como cada canto teu, cada traço desse olhar.
Não quis esconder nada, à cidade que era tudo, à cidade que era um mundo à cidade que conhecia toda a história encantada.
Segredei à cidade tua, que não sei, não conheço a lei de amores perdidos desfeitos à luz da lua.
E eu pensei num final bem credível, não fosse alguém reparar, não fosse alguém querer acreditar na descrição tão real de um sonho quase impossível.
Inventei um final feliz, que gostava de ter tido que me haviam prometido, final de seres tão meu, final que sempre quis.
Não sei se a cidade me ouviu, de tão baixo que falei, de tão alto que calei as lágrimas que falaram de um futuro que fugiu.
Aquela cidade ficou lá e eu decidi vir embora, eu que sempre fui de fora, que a assumi minha por ti, pedi-lhe para te trazer para cá.
Segredei à tua cidade o meu desejo de viver, o meu desejo de me ter, de poder fazer tudo sem ti, e aprender a calar a saudade.
Sometimes difference is what brings people together.
A little difference never hurt anybody: it may be difficult sometimes, but is not impossible.
And definitely, is not about the differences.
Is about what brings you together: the joy that you share, the happiness that makes life brighter , the funniest conversations, the excitement of seeing each other every time, the shared secrets - that no one else knows, the inside jokes no one else understands - or sees, the shiniest shiny eyes, the trembling souls - unconditionally, unexpectedly and unpredictably souls, the flare (the flare you had, the flare you share, the flare you make together, since ever, and that no one else will be able to light up)... Is about how great your bright is when you're together - as a vampire in the sun, glittering all around.
It doesn't matter how different you both are, but how you choose to share and combine those differences. It doesn't matter how different you both are, but how great you are together - how you amazingly work together and how your bodies laugh and dance and sing and trill when they are together.
It doesn't matter how different you are, but how much you complete each other and how strong you become for sharing, combining and overcoming those differences.
It's not about your differences, but how much your path looks alike. How much your souls are mates, how much your hearts are attuned .
It's about being free, together. It is about being different, but having both of your hearts with the same beat. Is about having each other in common. Is about shared goals, shared memories, shared glances, a shared history and a shared landscape. Is about the best dream ever, coming true and the most important feelings coming together from you.
You just have to choose.
Choose wisely. Don't jeopardize those amazing things. Be happy.
They think they know. They think seeing us is enough to know. But they don't know: they know nothing! It doesn't even cross their mind.
If they knew, maybe it would be different, maybe they would act differently, maybe things would be different, they would see things differently and maybe, then, the world would conspire in another way.
They think they know, that only seeing is enough, but they know nothing at all. They don't even imagine!
If they knew, maybe they would make the world spin in our favor, maybe they would join forces for us, maybe they would conspire our definitive reunion, maybe they would push us into our final reconciliation. If they knew, maybe there would be a written biography by someone, that would become famous thanks to it. Maybe it would suit as a fairytale. Some years later, if they knew, maybe some movie would be released, in a major event, with all due pomp and circumstance. Maybe it would become a classic. And then, everyone would know... or, at least, they would think they knew. As if listening was enough to know. But they wouldn't know: they would never know! It wouldn't even cross their mind.
They would never know how it happened: everything we lived before the first time we saw each other, or how we got there - to that meeting point, to that point in our history.
They would never have the tiniest idea how much our hearts were controlling themselves when we first glanced at each other, they would never have the tiniest idea of what our hearts guessed the first time we got closer, of what they shared during our silent smiles, of what our hearts knew about each other. I think not even we knew what was going on between the two of us: about our heart beats as they were singing in tune the most beautiful ballad; about each and every single curve, vein and shade of ours, as if they were about to lose themselves in each other's arms and they could do it without a map. I think only they really know what happened to us.
If our hearts would speak, only from them we would know the ultimate truth: only them would describe exactly every single freed feeling, chill felt, smile shared, exchanged gaze, every single tight hug, word said, impulse held and yielded wish. If our hearts would speak, then there would be a way for the world to have a slight idea of what was left to say and left to feel, of what was said over and over again and was never enough.
And we did it so many times, and it seems like it wasn't enough: the words said, the gestures, the glances, the words, the touches, the chills, the words, the wishes, the words, the dreams... And everything would be easier if they were kept on going. And the world doesn't know: the world doesn't have the tiniest idea of what it was (and of what it is). It has no idea of what we were (what we are, what we want to be).
And they think they know. They really think they know. Ridiculous world, that thinks will manage to understand it somehow. Stupid world, that thinks someday will know. They don't know: they know nothing! They cannot even imagine!
Probably, not even we know. Really, I think not even we knew. We couldn't, because everything was gone so fast - life ran too much and was so different. I think
They knew and they are stubborn, punishing us. Punishing us for letting them down.
I think if they would speak, only from them we would know the truth: only them would know how to confess, without messing us up, what we were, what we are and what we could be, if the world would know just a little, if the world would help just a little, if life would be our complicit.
The world doesn't know, the world only fakes it - and it is bad at faking it. And time passed by, and no one will ever know... and we won't ever know, we will just wait for our hearts: we will wait for them to speak, to see each other, to touch each other, to cross each other again, some day. We will wait they will dream about each other. I hope they still want each other!
And the world will never know... but maybe we will... maybe one day, around there... maybe today, or tomorrow. Maybe they will be synchronized the day after tomorrow.
Não sabes. Acho que não sabes. Não sabes, nem nunca soubeste... talvez nem queiras saber. Mas eu sei. Eu conheço-o e ele mexe tanto comigo!
E tu talvez não queiras, mas ele diz-me muito mais que tu. Talvez eu também veja algo mais do que ele diz na verdade, mas fora exageros, ele diz tanto mais do que o que achas que ele diz (ou do que queres que diga).
Às vezes fico na dúvida se é algum filtro que eu tenho que o põe mais bonito. Ou talvez um filtro que me permita vê-lo por dentro. Ou talvez ele esteja a nu, à minha frente, contra a tua vontade. Mas é esse jeitinho: é esse jeitinho que me abraça e não larga, é esse jeitinho que se aproxima de mansinho e me conquista toda e cada vez, é esse jeitinho que dá saudade, que faz sentir vazio se não está, é esse jeitinho que acalma a alma e deixa o peito em loucura. É esse jeitinho que me acelera o coração quando me desafoga e quando me deixa afogar. É esse jeitinho elástico.
Mas tu não sabes: não sabes que o tens e muito menos sabes o seu efeito. Desconheces por completo o tamanho do bem que me faz que o tenhas (e o mal que me faz quando me o tiras). Não fazes ideia da desarrumação do meu peito que fica quando está sem ele. A agitação louca do meu corpo, a vontade de gritar
"- Eu gosto de ti."
Sem segredos, sem receios, sem arrependimentos, sem segundas intenções, sem prospecções. Gosto de ti porque sou mais eu contigo na minha vida. Gosto de ti, porque cabem numa mão os teus defeitos - e o maior dele todos e não estares aqui. Gosto de ti, porque é difícil não gostar do que nos faz rir tão genuinamente: e quem diz rir, diz, chorar, sorrir, brilhar, tremer, sonhar, gritar, vibrar.
Rir de mim, rir de ti, rir de nós, rir do mundo, das vontades e do universo. Rir do(no) passado, do(no) presente, do(no) futuro. Chorar do que não foi, do que não é, do que pode ser. Sorrir dos elogios, da saudade, da presença, do teu sorriso, do teu olhar. Brilhar por dentro, por fora, de dentro para fora, e mais intensamente que o sol. Tremer que nem varas verdes quando não te vejo, quando não te toco, quando estou para te sentir junto a mim. Sonhar em contagem decrescente para a realidade. Gritar alto - que gosto de ti, que te quero para mim; gritar alto por não te ter aqui.
Um dia desapareceste entre espuma branca e ondas altas, em direção a Sabe-se-lá-onde. Nesse momento, pensei-te navegante de outros mares para sempre, pensei-te explorador de outras costas, entusiasta de outras encostas, longe de qualquer vista mar.
Mas depois tu decidiste um regresso e aportaste no meu cais, de novo, quando te pensava entre ondas e marés. Aportaste no meu cais, talvez perdido de tormentosas tempestades, talvez oriundo de terras distantes, talvez, quem sabe, das profundezas do oceano, talvez indisposto da viagem, talvez sem saber onde o destino te traria.
Horas, dias, meses: o tempo que passara era-te desconhecido (na verdade, até para mim) e eu olhava para ti como se olhasse para o meu horizonte, sem saber como te acalmar deste teu fado impetuoso (se saber como me acalmar desta incerteza imprevisível), sem saber como esclarecer as dúvidas que terias, sem saber como te ler esse olhar impenetrável que diz o contrário do que os teus lábios pronunciam. A verdade é que, quando partiste, julguei-te perdido para sempre, julguei-me desprendida de ti, julguei solução as ruas mais distantes do porto de onde saíste e, agora, aqui estava eu: percorrendo todo o caminho de volta até à nossa margem, onde pensei nunca mais voltar e onde a altura da água é a mesma depois das lágrimas que lá deixei cair ao ver-te ir, passando pelas marcas da minha determinação deixadas na direção contrária nas pedras de calçada. A paisagem parece um pouco diferente agora que o teu barco está no cais: o sol parece mais brilhante, as ruas mais cheias de cor, as margens mais translúcidas.
E eu aqui, a esperar por te receber de novo neste teu regresso, rezando para que acredites que teremos a melhor vista mar do mundo inteiro.