Se me pegas na mão, eu vou! Garanto que vou, E nem olho para trás, Sigo-te por onde quer que vás, por onde quer que queiras ir, por onde me queiras levar.
Impossível é não ir, amor. Impossível é ver-te partir e querer ficar. O mundo não é igual sem ti, O mundo fica sem lugar, Ou eu fico sem lugar no mundo, Porque quando estás eu sossego, Relaxo, Acalmo, Descanso, Deixo-me respirar.
Abraço-te em silêncio, Sinto-te na cama, Sinto-te na calma, Sinto-te na alma, Corpo dormente, Coração não mente, Coração cheio, Completo, Repleto…
Amor perfeito.
E fecho-me contigo a sós, Deixo-me acolher, Abrigo-me em ti. Em mim, Em nós.
Que ato, não desato, E amarro, E prendo, E agarro, E não largo.
Amor, eu derreto, Com este amor inteiro, Amor de jeito, Amor calmante.
Eu rendo-me, Deixo-me prender, Deixo-me perder, Deixo-te encontrares-me,
Sempre que quiseres, amor, Deixo-te estar, Acreditar, Demorar.
Demora-te, por favor, Neste sorriso que me devolves, Nesta casa que me dás, Neste nó tão bem feito, Neste beijo que dá paz, Nesse cheiro que me abraça, Nesta calma onde me perco, Neste tudo que é tão certo, Nesse "tu" que é centro... Neste nosso amor perfeito.
No nosso finalmente, No nosso pronto, No nosso agora, No nosso por aí fora, No nosso “não vejo a hora”, No nosso “de hoje em ora” Porque o nosso tempo demora.
Mas depois chega, e corre. Chega e não para. Chega e escorre, Chega e não espera.
E eu quero parar esse tempo quando ele chega, porque parece com tanta pressa, e vem e vai tão depressa. Esse tempo que não espera quando nos perdemos dele, quando nos perdemos dum mundo. Que tanto nos desespera.
E esse tempo acelera (mesmo a fundo) Quando somos um e o outro,
Quando somos um do outro, Quando finalmente estamos sós, Quando, por fim, nos temos, A nós e aos nossos momentos, E à nossa voz. E nos encontramos nos nossos beijos, nas nossas mãos, nos nossos nós.
E eu vejo um tempo que reage, A esse abraço que me derrete, A esse colo que me protege, A esse todo que, sem saber, me dás.
E depois há esse sonho de sorriso que me aquece, Esse “tu” que me prende, me apetece, Esse olhar que quanto mais olho, Mais sinto, mais vivo, mais tenho… Mais devaneio ou miragem me parece.
E o tempo não nos respeita, Nem a mim, nem a ti, nem a nada: Nem a essas coisas que são tuas, Nem a essas coisas agora tão minhas, Nem a esses momentos tão nossos, Tão escassos, Tão demorados, Tão apressados, Tão tanto, Tão tudo.
Eu escolho ser. Escolho sorrir, sonhar, voar, escolho muito viver - viver tanto, viver tudo, ver o mundo.
Escolho os verbos bons, Não os de bom tom, Mas os inteiros, completos, repletos, que marcam a vida, que marcam a alma. Os que deixam o mundo menos feio, e me deixam de coração cheio.
Escolho-me a mim e às opções fáceis: fáceis de lembrar, fáceis de querer para sempre, fáceis de fazer levitar.
Acreditar.
Escolho os arrepios na espinha e as lágrimas do não correspondido, Em vez do que não vi, não foi, não houve, do que nunca seria vivido. Porque prefiro essas sensações, emoções, mesmo que incluam ilusões, frustrações, deceções, desilusões.
E que tudo em mim vibre, Tudo em mim deseje, Tudo em mim brilhe, e ria, e viva.
Ai a vida! Boa vida, Tão bela de ser vivida.
E que eu guarde em mim os sonhos todos do mundo, Lá bem de cima, Lá bem do topo, Até ao meu eu mais profundo.
Que eu viva bem, esse fogo que arde e ninguém vê, sem almas pequenas, sem corações de pedra, sem perder tempo, sem me apressar. E a acreditar...
Sempre a acreditar.
Respira: Inspira, Suspira Expira... Explode! Acredita E não pira!
E que eu beije, eu veja, eu sinta, eu tenha, eu seja.
Que eu seja tão eu, que não saiba se vivo ou se sonho. E que me escolha sempre a mim, ao meu início, ao meu meio ao meu eu inteiro, ao meu fim.
Deixa-me abraçar-te de manhã, como se percebesse que o teu cheiro não é um sonho, ter o teu desenho na minha cama quando te levantas e perceber que o teu tão ambicionado regresso é tão efetivo como a minha existência. Acho que sinto falta da nossa essência e tudo o que ainda não fomos . Deixa-me passar-te os olhos, observar-te de alto a baixo, de baixo a alto, de frente - olhos nos olhos, mãos nas mãos, coração no coração, abraço em abraço.
Deixa-te de coisas: deixa-me comprovar-nos e provar-nos - sem medo dos dissabores, sem medo do agridoce, às vezes tão amargo, sem medo do menos bom, sem medo do que pode correr mal... Somos mel e prometo não deixar estragar. Deixa-me aceitar-te - a ti, aos teus defeitos, aos teus efeitos e manifestos e a tudo o que és tu e me faz tão bem. Deixa-me provar-te que conseguimos ir à lua e viver sem gravidade - flutuando mundo fora, gravitando vida fora, cometendo o erro de cair na rotina, sem virarmos enfado, sendo agudos tão melódicos, tão sinfónicos, tão eufóricos, vivendo o crime tão fácil - e irrisório, nada grave - de sermos felizes.
Deixa-te de coisas. Deixa-me contigo. Deixa-te comigo. Entrega-te a nós e à nossa luta. Não desperdicemos um segundo mais sem nos deixarmos ser.
Deixa-me deixar-nos levar. Leva-nos aos dois, nesse teu bolso estilo infinito, tal fotografia nunca tirada, tal retrato de casal maravilha, tal papel com recado mais que importante, nota delirante, sem qualquer ponta de delírio - que viramos tão reais quanto a nossa existência. Guarda-me no teu sorriso torto, que eu tanto namoro. Deixa-me perder-me no teu peito que tanto me preenche, por dentro, por fora, por sempre, por ora, e de antes em diante. Desperta-me os sentidos. Vivamos estas nossas parábolas (sem imoralidades, porque fazemos tudo bonito) - moral da história, viras epopeia de perdição que insiste em ser narrada. Prosa poética a ser lida, interpretada, como dissertação de química, tese de física, de gastronomia, anatomia, astrologia e astronomia.
Deixa-te de coisas e leva-me ao céu... vemos as estrelas (de perto) - que tu pareces perceber algo disso. Tu já me dás asas, mesmo que não queiras... e, por isso, quem sabe, ensinas-me mesmo a voar.
Vais voltar? Se disseres que sim, eu espero. Se disseres que vens, eu fico. Se disseres que queres, eu quero. E prometo que te deixo a porta aberta.
Deixo-te a porta escancarada, Para que chegues sem entraves, Para que chegues sem demoras, Para que venhas sem desculpas, Sem perguntas, Só respostas.
Até estendo passadeira vermelha, (Ou azul, se preferires), Para que saibas a direção, Para que tenhas a certeza de que te quero aqui, Para que regresses sem hesitação, Sem qualquer dúvida da minha vontade. e que nunca te diria que não.
Como diria?
Só não me peças que seja eu, por favor. Não peças que seja eu a ir, Não ponhas esse passo em mim, Que não fui eu quem fugiu, Não fui eu quem desistiu Não fui eu que pedi o fim. Por minha vontade ficávamos e seríamos, Mas tu foste, mesmo assim.
Mas ainda acredito, sabes? E ainda quero que voltes.
Voltas?
Se voltares, eu recebo-te. Recebo-te de alma e coração, Recebo-te de braços abertos, De regaço disponível, De olhos brilhantes, E o todo mais que for possível.
E até posso ir contigo depois: A sério que vou! (como sempre fui) Mas só depois de vires tu.
Vens?
Tens a porta aberta, Entrada mais que disponível, Para que saibas que podes mesmo voltar, Para que possas vir e não querer ir mais, Para que possas vir, rir, entrar e ficar.
Não garanto esperar para sempre, O tempo urge, A vida voa, O futuro ecoa, As coisas mudam de repente, E eu não sou assim tão paciente.
Mas, para já, ainda quero. (Quero muito.) E garanto que ainda te espero, E até prometo que me esmero, para não voltarmos a ir.
Fomos um momento apenas: um apontamento no calendário, um meio sorriso, um movimento arriscado, um canto perdido num mundo imaginado, um caminho escondido a corta-mato, um gesto mal-amanhado, uma meia palavra, meia lua, céu nublado com abertas, uma gota perdida numa rua.
Fomos um livro gigante em miniatura, mas apenas uma linha fina numa folha A4, um soluço do tempo, um boato com cinco minutos de fama, um dicionário sem definições, perguntas sem resposta, um pretexto sem contexto, sem paratexto. sem momento, sem encaixe, sem nexo.
Fomos uma tontice de uma cabeça com asas que toda a gente dispensa, um achaque de um peito inquieto, um impulso de um coração intenso.
Fomos uma boca prestes a falar, um abraço longe de apertar um olhar que nunca se trocou, um beijo que ficou por dar, um segredo por guardar.
Fomos um presente envenenado, uma vida não vivida, o rescaldo de uma epifania, uma fofoquice de uma epopeia, o prólogo de uma letra capital, uma antestreia sem estreia principal, uma antevisão de um jogo sem apito inicial, empatado por falta de comparência de ambas as partes.
Fomos nem duas palavras, um segundo de história, um poema de um verso, que não rima, não termina, e é impossível de declamar.
Fomos um ponto final, uma música que nunca se fez, uma ideia que se desfez, uma lenda pouco encantada, um conto sem final feliz, fomos um sopro, um ápice, fomos pouco mais de uma vez, fomos um momento apenas, um momento de pouca lucidez e éramos para ser tudo de uma vez.
Segredei à cidade o meu desejo de te ver, o meu desejo de te ter, de saber por onde andas, de acalmar esta ansiedade.
Segredei bem baixinho, com vontade de desvendar os sonhos que tenho por contar, os pesadelos que tanto quero esquecer e deixar ir devagarinho.
Segredei quase silenciosamente, como quem não quer perturbar, como quem não quer acordar, o mundo que ainda dorme e pensa conhecer-me perfeitamente.
Segredei à cidade todos os momentos prometidos, todos os momentos tão vividos, e os que ficaram por passar, recordando-os com claridade.
As luzes da cidade piscaram, talvez a dizer que perceberam, talvez a dizer que me ouviram, talvez só porque sim, sem saberem dos segredos que lhe contaram.
Os carros da cidade desapareceram, deixaram de correr, deixaram de se ver, as ruas ficaram desertas, sem as palavras que não se disseram.
Segredei à cidade tudo o que ficou por acontecer, tudo o que ficou por dizer, como quem tanto quer paz, como quem só quer felicidade.
Segredei à cidade minha tudo o que de ti visitei, cada beijo que troquei, em como te dei o que era meu, em como te entreguei o que não tinha.
Segredei à cidade, sem qualquer esperança, coração de insegurança, olhar cheio de sonhos, e alma cheia de vontade.
Segredei sem parar à cidade partilhada, à cidade tão explorada como cada canto teu, cada traço desse olhar.
Não quis esconder nada, à cidade que era tudo, à cidade que era um mundo à cidade que conhecia toda a história encantada.
Segredei à cidade tua, que não sei, não conheço a lei de amores perdidos desfeitos à luz da lua.
E eu pensei num final bem credível, não fosse alguém reparar, não fosse alguém querer acreditar na descrição tão real de um sonho quase impossível.
Inventei um final feliz, que gostava de ter tido que me haviam prometido, final de seres tão meu, final que sempre quis.
Não sei se a cidade me ouviu, de tão baixo que falei, de tão alto que calei as lágrimas que falaram de um futuro que fugiu.
Aquela cidade ficou lá e eu decidi vir embora, eu que sempre fui de fora, que a assumi minha por ti, pedi-lhe para te trazer para cá.
Segredei à tua cidade o meu desejo de viver, o meu desejo de me ter, de poder fazer tudo sem ti, e aprender a calar a saudade.
Eu descanso: ao chegar a casa e ter-te lá, sorrindo para mim, eu descanso.
Eu relaxo, ao ver os teus olhos brilhantes, da perspectiva do teu colo, eu relaxo.
Talvez nunca te tenha dito, mas tu és o meu descanso.
Tu és o meu descanso, o meu aconchego, o meu abrigo, o meu travesseiro favorito.
Tu és a minha calma, és o meu casulo, o meu sonho mais bonito, a melhor canção de embalar.
És casa, és morada, és teto, as quatro paredes mais seguras.
És o céu, o meu céu, e a terra, e o inferno, és os pés no chão, a razão da cabeça no ar.
És decência, perdição, ponto forte, ponto fraco, virtude e defeito, devoção.
És consciência e irreflexão: És nascer e por do sol, Luz e escuridão, És estrela e és lua,
Sorte a minha, ser tão tua!
E eu descanso em ti, que és ponto de encontro de emoções conhecidas, de emoções perdidas ou nunca sentidas, de emoções promovidas pelo toque do teu sorriso.
E eu relaxo contigo, que és fogo e tempestade, que és paz e calmaria, que me afoga e traz acima, que me suga e dá energia.
Talvez nunca te tenha dito, mas tu és o meu descanso, o motivo de desligar, o meu toque de despertar.
És a página mais gasta, do bestseller mais lido, és a cor que me fica melhor, o meu filme preferido, a música mais ouvida, com a letra que sei de cor.
És Norte e Sul, caminho por explorar, que conheço de ponta a ponta. És montanha mais alta, o precipício que não tenho medo de saltar.
És confiança e segurança, és força que me abraça e me deixa as pernas bambas, és recreio em dia de escola, pausa para café aberta em céu nublado, água fresca em dia de calor, a primeira dentada num gelado.
És silêncio e som, o melhor pedaço de cada momento bom.
És as cores todas juntas, arco-íris a preto e branco, o longe que se faz perto, a folga e o aperto, o equilíbrio, o errado que não podia ser mais certo.
És o doce e o amargo, de beijos deliciosos. És o picante e o salgado, a sobremesa mais procurada, a surpresa tão esperada, o detalhe destacado.
E eu descanso em ti, quando me acolhes , quando realmente me envolves, quando dizes que me escolhes, para sempre.
E eu deixo-me relaxar, quando finalmente me abraças, e eu me encaixo em ti, nos braços que me apertam, sem nunca me apertar, no peito que desperta em sintonia com o meu descansar, nos ombros-casa que me chamam a gritar.
E tu és manhã, tarde e noite, a melhor parte do meu dia, desespero e esperança, a minha constante inconstante, a minha impaciência incontrolável, a minha energia contagiante.
E eu deixo-me ir em ti, em ti que és loucura e sanidade, tona e profundidade, o labirinto em que nunca me perco, curva acentuada em linha reta, a clara definição de saudade.
E eu descanso em ti, na tua presença, no meu finalmente, no teu para sempre, no nosso princípio, meio e fim.