No nosso tempo.
Quero abraçar-te para sempre.
No nosso finalmente,
No nosso pronto,
No nosso agora,
No nosso por aí fora,
No nosso “não vejo a hora”,
No nosso “de hoje em ora”
Porque o nosso tempo demora.
Mas depois chega, e corre.
Chega e não para.
Chega e escorre,
Chega e não espera.
E eu quero parar esse tempo
quando ele chega,
porque parece com tanta pressa,
e vem e vai tão depressa.
Esse tempo que não espera
quando nos perdemos dele,
quando nos perdemos dum mundo.
Que tanto nos desespera.
E esse tempo acelera
(mesmo a fundo)
Quando somos um e o outro,
Quando somos um do outro,
Quando finalmente estamos sós,
Quando, por fim, nos temos,
A nós e aos nossos momentos,
E à nossa voz.
E nos encontramos nos nossos beijos,
nas nossas mãos, nos nossos nós.
E eu vejo um tempo que reage,
A esse abraço que me derrete,
A esse colo que me protege,
A esse todo que, sem saber, me dás.
E depois há esse sonho de sorriso que me aquece,
Esse “tu” que me prende, me apetece,
Esse olhar que quanto mais olho,
Mais sinto, mais vivo, mais tenho…
Mais devaneio ou miragem me parece.
E o tempo não nos respeita,
Nem a mim, nem a ti, nem a nada:
Nem a essas coisas que são tuas,
Nem a essas coisas agora tão minhas,
Nem a esses momentos tão nossos,
Tão escassos,
Tão demorados,
Tão apressados,
Tão tanto,
Tão tudo.
Quero abraçar-te até ao fim do mundo.