Um futuro e tanto, um futuro brilhante, e um par seres divididos, entretanto somados, encontrados de alma gigante e num abraço fundidos.
Descritos em mil epopeias, em romances infinitos, em canções de amor cheias, vêm com asas que não se veem, vêm com tantos abraços apertados, beijos tão bem dados, corpos colados, olhares refinados.
Um futuro tão bem guardado, e que só a deuses pertence, tantas vezes imaginado, delicadamente desenhado, tantas e tantas vezes comentado.
O mais belo dos acasos de tanto em tanto foi sonhado.
Dois corações errantes, Dois quase descrentes, Que creem de tanto em tanto em tudo e nada, factos e teorias, acasos e magias, realidade e encanto, previsões e fado. Em abraços.
E colam-se, refazem-se, partem-se, repartem-se e ficam sempre com as melhores partes. Entre desencontros e percalços, Entre planos e abraços.
O mais belo dos acasos, de tanto em tanto partilhado.
Num mundo bem inspirado, um futuro e dois sorrisos, andam agora de braço dado, eles e os dois corpos lado a lado, eles e duas almas descansadas, eles, e as palavras que trocam, eles, e os momentos que só eles conhecem, eles, e as gargalhadas roubadas, eles e mais uns abraços.
A culpada fui eu porque acreditei em tudo aquilo que dizias, Sem nunca desconfiar que podia ser mentira. Porque eu dizia a verdade, Era suposto tu também dizeres... Porque se eu dizia a verdade, Claro que tu também a dizias!
Nada foi real. Soa tudo a tragédia romântica, com cortinas fechadas no fim do teu último ato, e eu deitada no chão, em pedaços.
Que interpretação perfeita! O Óscar vai para ti, com o papel ideal, tal ilusionista, tal ator principal, cheio de politiquices, sem moral, cheio de promessas, truques de magia, encanto.
Talvez um dia...
A culpada fui eu! Hoje, assumo toda a culpa, A minha ingenuidade, A minha inocência... Assumo todos os meus erros.
Mas agora... agora podes levar tudo. Leva os teus beijos, As memórias... Leva cada desculpa que pediste, Cada desculpa que me deste, ou mentira que constaste. Leva cada palavra, Leva todos os sonhos.
Deixa-me esquecer o que sentia quando me olhavas, Deixa-me esquecer que não dizias tudo aquilo que eu queria dissesses.
Leva as palavras desperdiçadas, Leva as ideias que trocámos, tira-me o teu toque, tira-me os arrepios que provocaste, leva o teu cheiro, o teu abraço, leva o perdão que tanta vez pediste nos meus lábios, Leva cada pedaço daquilo que vivi, contigo.
Deixa-me acordar e pensar que nunca exististe, Deixa-me esquecer-me da culpa, deixa-me esquecer da ilusão que criaste... que criei.
Deixa-me voar.
DEIXA-ME VOAR!
Deixa-me voar sem pensar que preciso de ti para me segurar, Deixa-me respirar. Deixa que a minha alma saiba o que é ser, sem ti.
Deixa-me confiar em mim. Agora... Agora deixa-me ser eu... Como eu nunca devia ter deixado de ser.
Eu escolho ser. Escolho sorrir, sonhar, voar, escolho muito viver - viver tanto, viver tudo, ver o mundo.
Escolho os verbos bons, Não os de bom tom, Mas os inteiros, completos, repletos, que marcam a vida, que marcam a alma. Os que deixam o mundo menos feio, e me deixam de coração cheio.
Escolho-me a mim e às opções fáceis: fáceis de lembrar, fáceis de querer para sempre, fáceis de fazer levitar.
Acreditar.
Escolho os arrepios na espinha e as lágrimas do não correspondido, Em vez do que não vi, não foi, não houve, do que nunca seria vivido. Porque prefiro essas sensações, emoções, mesmo que incluam ilusões, frustrações, deceções, desilusões.
E que tudo em mim vibre, Tudo em mim deseje, Tudo em mim brilhe, e ria, e viva.
Ai a vida! Boa vida, Tão bela de ser vivida.
E que eu guarde em mim os sonhos todos do mundo, Lá bem de cima, Lá bem do topo, Até ao meu eu mais profundo.
Que eu viva bem, esse fogo que arde e ninguém vê, sem almas pequenas, sem corações de pedra, sem perder tempo, sem me apressar. E a acreditar...
Sempre a acreditar.
Respira: Inspira, Suspira Expira... Explode! Acredita E não pira!
E que eu beije, eu veja, eu sinta, eu tenha, eu seja.
Que eu seja tão eu, que não saiba se vivo ou se sonho. E que me escolha sempre a mim, ao meu início, ao meu meio ao meu eu inteiro, ao meu fim.