A ti, que estás sempre comigo, mesmo quando não estás! A ti que não me deixas cair e me pedes ajuda, porque assim a vida fica mais fácil. A ti, que dou abraços sentidos e consigo sentir tudo o que sentes. A ti que me defendes, mesmo quando não quero e me proteges, mesmo quando acho não ser preciso.
A ti que estás lá no meu pior e, por isso, mereces todo o meu melhor... A ti, que sabes que podes sempre contar comigo. A ti, com quem partilho o meu mundo, e vivo o teu tão intensamente.
A ti, que me incluis na tua vida, a partilhas comigo e deixas a minha tão mais colorida.
A ti, que me levas a fazer coisas que eu nunca pensei fazer.
Tu... Tu não és de sempre, mas és de agora. Não és de infância, mas és do amadurecimento.
Contigo, vou ali e já venho, sem pressas. Vamos sair e dançar, comer e beber, e descobrir, e viajar por aí e sem sairmos do lugar... Continuamos a chorar, a sorrir, e rir, e ver... continuamos a descobrir tudo... A viver. A celebrar as vitórias, a chorar as derrotas. Que as aventuras continuem.
A culpada fui eu porque acreditei em tudo aquilo que dizias, Sem nunca desconfiar que podia ser mentira. Porque eu dizia a verdade, Era suposto tu também dizeres... Porque se eu dizia a verdade, Claro que tu também a dizias!
Nada foi real. Soa tudo a tragédia romântica, com cortinas fechadas no fim do teu último ato, e eu deitada no chão, em pedaços.
Que interpretação perfeita! O Óscar vai para ti, com o papel ideal, tal ilusionista, tal ator principal, cheio de politiquices, sem moral, cheio de promessas, truques de magia, encanto.
Talvez um dia...
A culpada fui eu! Hoje, assumo toda a culpa, A minha ingenuidade, A minha inocência... Assumo todos os meus erros.
Mas agora... agora podes levar tudo. Leva os teus beijos, As memórias... Leva cada desculpa que pediste, Cada desculpa que me deste, ou mentira que constaste. Leva cada palavra, Leva todos os sonhos.
Deixa-me esquecer o que sentia quando me olhavas, Deixa-me esquecer que não dizias tudo aquilo que eu queria dissesses.
Leva as palavras desperdiçadas, Leva as ideias que trocámos, tira-me o teu toque, tira-me os arrepios que provocaste, leva o teu cheiro, o teu abraço, leva o perdão que tanta vez pediste nos meus lábios, Leva cada pedaço daquilo que vivi, contigo.
Deixa-me acordar e pensar que nunca exististe, Deixa-me esquecer-me da culpa, deixa-me esquecer da ilusão que criaste... que criei.
Deixa-me voar.
DEIXA-ME VOAR!
Deixa-me voar sem pensar que preciso de ti para me segurar, Deixa-me respirar. Deixa que a minha alma saiba o que é ser, sem ti.
Deixa-me confiar em mim. Agora... Agora deixa-me ser eu... Como eu nunca devia ter deixado de ser.
Deixaste-me ir. Talvez achasses que eu ficava e que esperava. Talvez achasses que sempre estaria ali na mesma, que te abriria a porta quando quisesses chegar.
E até chegarias sem aviso. E eu estendia a tal passadeira, que que te levava a uma porta escancarada. E, se eu já estava bem, com pontaria, chegarias quando eu estivesse a viver no meu melhor. E eu confesso que quis muito fazê-lo. Confesso que durante demasiado tempo, mantive tudo a postos para um regresso mais que sonhado. Mas eu sempre ouvi que quem não está connosco lá em baixo, não nos merece cá em cima. E sempre me disseram que virias. E quando o diziam, eu acreditava. Acreditei - e desejei! Ai se o desejei! Quis muito! Quis tanto!
E confesso que esperei.
Aliás, rezei que estivessem certos, e esperei. E rezei para que não demorasses, e esperei. E vi a minha vida seguir sem ti, e quase (quase mesmo), que desesperei. Mas depois fui deixando de esperar, deixei de saber se o desejava assim tanto, deixei de rezar por um regresso que cada vez mais se atrasava, deixei os sonhos esmorecerem, deixei de ouvir quando diziam que virias. Deixei de acreditar. E se já estava bem antes de ti, comecei a acreditar que a tua partida foi mais um pequeno embalo na subida. Assumi o erro a mim própria - não o ter-te encontrado, te ter deixado entrar e ter encaixado tão bem em ti. Mas o de te ter esperado tanto. Pedi-me desculpa por ter acreditado que virias - tu já tinhas ido, e eu errei comigo própria em não deixar tudo o que era teu ir também! Mudei a frase feita para " o que não nos subtrai, acrescenta".
Caramba! Como eu demorei a assumir a tua ausência! Como demorei a aceitar-te como algo bom mesmo depois de ires, como eu demorei a respirar de novo! Mas sabes o que percebi? A minha respiração não tinha ido contigo – eu recuperei o folego que já não tinha desde que te abracei a primeira vez! A sério ! Sabes aquela sensação de que o tempo para quando beijas alguém por quem te apaixonaste? Ou… ou aquela sensação de choque elétrico no primeiro toque a sério, que parece que te tira o chão e te deixa em suspenso? Eu acho que foi aí a última vez que respirei devidamente. Aí, nesse preciso momento. Naquele primeiro momento em que me a tiraste por algo bom. Ires foi , vejo agora, algo bom! E tudo nos entretantos, entre esses dois momentos terá sido uma montanha-russa de emoções e momentos.
E eu até gosto de montanhas-russas, mas é constante ficar de respiração suspensa. E talvez essa frequência não tenha sido saudável. Talvez a tua, minha, nossa volatidade não tenha(m) também sido a coisa mais saudável de sempre. E depois deixei-te ir.
Calma! Eu sei que não precisaste da minha autorização para ir. Pelo contrário, foste de repente, sem olhar para trás, sem permissão, justificação, hesitação ou qualquer tipo de explicação para comigo. Aí, deixaste não só a minha respiração em suspenso, como toda eu fiquei a levitar nas últimas palavras ditas. Toda eu fiquei em suspenso no que poderia ter sido e no que poderia ter feito, e dito e … talvez não fosses. Não logo, pelo menos. Não tão pronto, esperava eu… Porque tu irias na mesma, vejo agora – por outros motivos, por outras vidas ou eventualidades. Aliás, não irias – continuarias! Percebi que fui de passagem. Talvez uma pequena lomba na tua caminhada, uma pequena estação de serviço, um ligeiro apeadeiro. Mas eu só soube da tua viagem quando já não tinha como te agarrar nem a ponta da camisola (e também nunca fui muito boa a correr, não é verdade?). Quando (re)começaste a ir, eu não me apercebi - estava muito distraída com o tão bom que achava que tínhamos! Depois quando já não estavas, eu preferi acreditar num regresso que eventualmente fosse acontecer… E demorou a cair a ficha da inexistência desse momento: a minha vida pode ser uma comédia romântica, mas, ao contrário do que cheguei a pensar, ela começou com a tua saída dela.
Sabes aquele evento que desencadeia o resto do filme? Não foi a tua entrada na minha vida. Tampouco foi toda a nossa história. O evento que despoletou tudo o que podia estar em exibição num cinema perto do mundo, foi a tua saída exímia, a tua audácia de descartares tudo o que era incrível, a tua inocência em descorar o melhor que poderíamos ter tido.
Talvez nunca te tenha passado pela cabeça voltar, afinal de contas. Talvez nem te tenha passado pela cabeça, se quer, olhar para trás! E eu que tanto sonhei com esse momento, agradeço agora ter perdido a esperança que ele viesse a acontecer.
E eu ainda te vejo. Porque o universo quer-nos perto, eu acho. Mas perto e juntos é diferente. Mas perto e unidos não é, definitivamente, o mesmo. Mas já não faz mal. Vejo, sorrio e sigo. E não me importo de ter sido apenas um pequeno contratempo para ti. E espero não te ter atrasado, muito sinceramente.
Do fundo do meu coração - e daqui de cima - espero que estejas mesmo bem.
Deixaste-nos ir. E talvez a tua ideia nunca tenha sido voltar. Talvez a tua ideia tenha sido ir desde o primeiro momento. E tudo bem, eu também já fui e voltei a respirar.
Eu escolho ser. Escolho sorrir, sonhar, voar, escolho muito viver - viver tanto, viver tudo, ver o mundo.
Escolho os verbos bons, Não os de bom tom, Mas os inteiros, completos, repletos, que marcam a vida, que marcam a alma. Os que deixam o mundo menos feio, e me deixam de coração cheio.
Escolho-me a mim e às opções fáceis: fáceis de lembrar, fáceis de querer para sempre, fáceis de fazer levitar.
Acreditar.
Escolho os arrepios na espinha e as lágrimas do não correspondido, Em vez do que não vi, não foi, não houve, do que nunca seria vivido. Porque prefiro essas sensações, emoções, mesmo que incluam ilusões, frustrações, deceções, desilusões.
E que tudo em mim vibre, Tudo em mim deseje, Tudo em mim brilhe, e ria, e viva.
Ai a vida! Boa vida, Tão bela de ser vivida.
E que eu guarde em mim os sonhos todos do mundo, Lá bem de cima, Lá bem do topo, Até ao meu eu mais profundo.
Que eu viva bem, esse fogo que arde e ninguém vê, sem almas pequenas, sem corações de pedra, sem perder tempo, sem me apressar. E a acreditar...
Sempre a acreditar.
Respira: Inspira, Suspira Expira... Explode! Acredita E não pira!
E que eu beije, eu veja, eu sinta, eu tenha, eu seja.
Que eu seja tão eu, que não saiba se vivo ou se sonho. E que me escolha sempre a mim, ao meu início, ao meu meio ao meu eu inteiro, ao meu fim.
Deixa-me abraçar-te de manhã, como se percebesse que o teu cheiro não é um sonho, ter o teu desenho na minha cama quando te levantas e perceber que o teu tão ambicionado regresso é tão efetivo como a minha existência. Acho que sinto falta da nossa essência e tudo o que ainda não fomos . Deixa-me passar-te os olhos, observar-te de alto a baixo, de baixo a alto, de frente - olhos nos olhos, mãos nas mãos, coração no coração, abraço em abraço.
Deixa-te de coisas: deixa-me comprovar-nos e provar-nos - sem medo dos dissabores, sem medo do agridoce, às vezes tão amargo, sem medo do menos bom, sem medo do que pode correr mal... Somos mel e prometo não deixar estragar. Deixa-me aceitar-te - a ti, aos teus defeitos, aos teus efeitos e manifestos e a tudo o que és tu e me faz tão bem. Deixa-me provar-te que conseguimos ir à lua e viver sem gravidade - flutuando mundo fora, gravitando vida fora, cometendo o erro de cair na rotina, sem virarmos enfado, sendo agudos tão melódicos, tão sinfónicos, tão eufóricos, vivendo o crime tão fácil - e irrisório, nada grave - de sermos felizes.
Deixa-te de coisas. Deixa-me contigo. Deixa-te comigo. Entrega-te a nós e à nossa luta. Não desperdicemos um segundo mais sem nos deixarmos ser.
Deixa-me deixar-nos levar. Leva-nos aos dois, nesse teu bolso estilo infinito, tal fotografia nunca tirada, tal retrato de casal maravilha, tal papel com recado mais que importante, nota delirante, sem qualquer ponta de delírio - que viramos tão reais quanto a nossa existência. Guarda-me no teu sorriso torto, que eu tanto namoro. Deixa-me perder-me no teu peito que tanto me preenche, por dentro, por fora, por sempre, por ora, e de antes em diante. Desperta-me os sentidos. Vivamos estas nossas parábolas (sem imoralidades, porque fazemos tudo bonito) - moral da história, viras epopeia de perdição que insiste em ser narrada. Prosa poética a ser lida, interpretada, como dissertação de química, tese de física, de gastronomia, anatomia, astrologia e astronomia.
Deixa-te de coisas e leva-me ao céu... vemos as estrelas (de perto) - que tu pareces perceber algo disso. Tu já me dás asas, mesmo que não queiras... e, por isso, quem sabe, ensinas-me mesmo a voar.
Subi as escadinhas que davam até à tua porta e toquei à campainha como se fosse a primeira vez.
Era inevitável não me arrepiar ao chegar ali e em pensar em todas as hipóteses e histórias que se viveram e não poderiam esperar do outro lado da porta... estarias como eu? Eu tremia por dentro, vibrava de vontade de te abraçar, tinha o coração a mil com toda a conversa que nos levou até este ponto, tinha um aperto no peito com a possibilidade de estares a precisar tanto de mim como eu de ti, naquele instante.
Abriste a porta e olhámo-nos de alto a baixo como se fosse a primeira vez que nos víamos – talvez fosse a primeira vez que alguém realmente nos via em muito tempo. Segui-te como se estivesse nos corredores de um museu, um caminho que parecia um labirinto, entre umas paredes que se sentiam demasiado estreitas para a tensão e ansiedade que estava a gritar dentro de mim. Deixei-te levares-me onde me querias, deixei-te guiares-me pelo espaço, como achavas melhor. A minha ignorância do que fazer contigo (connosco) era demasiada! E não estava a conseguir ignorar, de todo, a vontade de te agarrar, de te acalmar, de te encostar ao meu peito: sem prudência, sem jeito, sem trejeitos, sem medos, ou desconceitos, ou segundas intenções.
Cada passo que davas, puxava-me mais para ti e tu, aí do teu canto, se calhar nem percebias. Estarias como eu?
Era inevitável não gostar de toda aquela situação. De toda aquela história que estavamos a criar quase de repente, quase sem querer, como se fosse a primeira vez.
E, de repente, tu paraste e viraste-te para mim. Olhaste-me de alto a baixo e viste-me como se nunca ninguém me tivesse visto, como se eu fosse a única pessoa à face da terra, parecias estar a estudar cada um dos meus traços, dos meus cantos, parecias decorar cada um dos meus sinais. Arrepio na espinha. Senti-me como se me estivesses a criar à medida que os teus olhos percorriam cada milímetro meu e eu ia aparecendo diante de ti, despida de noções e teorias. Senti o meu corpo aparecer como nunca, e senti a minha alma derreter aos teus pés. Senti-me como se finalmente alguém me visse – alguém me quisesse ver. Arrepio na nuca. Estarias como eu?
Estendeste-me a mão, e a minha não se inibiu nem um pouco em aproveitar o embalo. Puxaste-me para ti, assim que os teus dedos sentiram os meus. Os nossos corpos esbarraram como se fosse a primeira vez e senti mais um arrepio em mim, que desta vez levou exatamente o mesmo percurso que os teus olhos tinham feito momentos antes. Agora sim, era inevitável não gostar de toda aquela situação... Sensação. Os meus sentidos cruzaram-se dentro de mim: euforia, harmonia, sinfonia, poesia. Vi o filme da minha vida diante dos meus olhos, naquele instante. Vi todo um futuro desenhado pela minha imaginação e adivinhei cada toque, cada carinho, cada palavra silenciosa que se seguiu. Estarias como eu?
Despedimo-nos da vida, da rotina e do dia. Despimo-nos de nós . Focámos no ninho que tinhamos encontrado um no outro - e não importava o tempo lá fora. Ouvia-se chuva, ouvia-se vento e trovoada: sentiamos sol, sentia-te Sol. Fogo. Escutámos silêncio, escutámo-nos no silêncio. Dançámos corredor fora: descoordenados, como quem não sabe dançar (e não faz ideia do que vai acontecer) mas tão sincronizados! Embebedámo-nos um no outro (um do outro). Mergulhei nesses olhos que pareciam ver-me por dentro, que pareciam querer ler-me por completo. Tropecei, quase sem querer em ti e aterrei, sem proteção, em tudo o que éramos naquele momento. Fechei os olhos e segui guiada pelo magia do inesperado.
Não sabia o que viria dali. Tu saberias? Terias estudado tudo, como me estudaste a aura?
Eu não fazia ideia... mas aquela dança desmedida de olhares, aquela sintonia de arrepios, aquela explosão de sentidos, auguravam tudo de bom.
Just a little bit longer, please. A moment more, I swear it will be fast.
I just need a bit more: a last word, a last kiss, a last touch, a last hug. Just a few seconds, please. Give me just one more glimpse, a smile, a walk, some cuddles. Give me just one more call, one more message. Give me one more dinner, a slice from a pizza we ordered in a rush, one more cookie... just a bite. Give me one more date: should we drink coffee? One cup more only. A sip, maybe? A little tiny sip...
Pause us. Keep us. Hold on to us. Give me just an instant more. A no-way-back walk by me, to you. Then I will return to me, but I will have you with me. I promise to arrive and don't leave. I promise to stay. I promise you my existence. I promise to you the "yets", the "everythings" and "alls", the "forevers". I promise you sweet, intense, permanent words. I promise you long kisses upon arrival, and bigger ones during the soon-ending "goodbyes". I promise to you the night-long touches. I promise no reason hugs just because, and heartening hugs as needed. I promise I will always see you. I promise to remember your glances, your smiles, and the Sunday afternoon cuddles.
Give me what you never gave me before. Let me give you as much as I have to offer you. Give me just a little bit more, and I will give you everything I can, so you will want to share everything you have for me.
Then I will give you all the time in the world. Actually, I will give you my own world. I just need a little longer... Do you mind giving me some more minutes, please? Some hours, maybe... there's so much to do - a gigantic world to live in, a whole kiss for us to be in.
Linger here: stay longer... on my behalf, for those lips - and everything else - I will stay with no hesitation! There's so much that I still want to show you, so much to unveil! Stay just some time more, it is still early! Don't go yet, I barely saw you - I barely felt us and want us so badly. Just stay here, ok? At least for a moment more: give me a little bit more of you. Give me a little bit more of us - some days more, maybe. Maybe I am being too bold, as time is something so valuable... But would be a lot to ask you for some months more? It is not that much, I believe... and forgive me my madness, but every time I think of you, I want you a little bit more. I want us a little bit more - a sip from what was not that perfect, but was good enough to love.
Give me a little bit more of us: I was wondering, perhaps, for some years more... and then you just lie here for the rest of our life, pretending we mind that. I really just want a sip more: a sip from the "yesses" and from the "likes". A sip from your oh-so-good intuition - because we both know mine doesn't work that way. A sip from a dream not this short, a sip from a moment that lasts, a sip from a "once upon a time" that can be turn into a "forever" straight away.
Give me a little bit more of us, a little bit more of this, because it was gone in a blink of an eye. Give me just a sip more of us... you in a sip, please.
Viraste almofada, cobertor e aconchego. Viraste lua e nascer do sol. Viraste canção de embalar, silêncio calmante. Viraste "boas noites", "bons sonhos", "bons dias"... viraste um fechar de olhos e um abrir de sorrisos, viraste um abrir de olhos e um fechar de lábios. Beijo bom. Beijo ótimo. Foste dia e noite, e viraste manhã.
Harmonia e conforto.
Deixaste o mar sem ondas, um tempo que aquece, um amanhecer de sol. Deixaste um sabor suave, aroma de reconciliação, uma essência de frescura de uma alma acabada de tomar banho. Viraste ouro sobre azul, cereja no topo do bolo. Viraste prólogo de uma história que eu quero viver, viraste inspiração na ponta dos dedos. Viraste bom presságio, boas sensações, boa disposição matinal, barrinha energética (beijinho energético). Viraste tema principal do meu sorriso e do meu bom humor. Viraste previsão de sol, mesmo em dias nublados. Viraste por do sol em dia de chuva.
Viraste serenidade depois da agitação, raio de sol pós-tempestade, arco-íris. E eu fiquei rica com o pote no teu fim - no nosso início, no nosso recomeço constante. Fiquei rica em manhãs lindas e bons acordares. Fiquei rica em abraços apertados que quero tanto esbanjar em ti . Fiquei rica com os abraços apertados que tanto esbanjas em mim. Gosto disso: gosto de ser rica de ti. Gosto destas manhãs ricas em ti.
Viraste o meu acordar favorito, a minha premonição de um ânimo inevitável, ante-estreia de algo promissor, teaser de um bom dia, rotina que não cansa. Viraste o despertar ideal, viraste cheirinho doce que faz levantar, dose diária de vitaminas que não esqueço de tomar. Manhã de calmaria, manhã de paz, manhã sem pressa, manhã fácil.
Calma e tranquilidade.
Um virar de página tão bem sucedido, um sonho tão bom de viver, um capítulo tão bom de ler de um livro tão bom de ter, de uma saga que quero tanto - tanto! - ver. Viraste solo firme, corrimão seguro, farol e porto - bom porto. Porto de abrigo, de atraque, de permanência. Bom Porto.
Viraste momento de uma serenidade que se demora. Viraste sossego de domingo. É isso: viraste domingo - pequeno almoço de domingo - eu quero domingar muito.
Eu sabia que provavelmente seria tudo desse teu sorriso (malandro) para fora. Tinha toda a certeza do mundo de que não podia confiar, quando tudo em ti parecia ser a ilusão personificada.
Mas tu quiseste agendar um crime. Deixaste propositadamente escapar, sem culpa, onde e quando. Fizeste-me querer marcar presença num momento ilícito. E nós não o verbalizámos de forma evidente...isso seria demasiado óbvio - e haveria provas. Mas ficou marcado com local, data e hora - com culpa, clandestinidade e vontade.
Era um encontro secreto, amanhã, com vista-mar.
E eu fui , sem saber o que queria , mas a saber - tão bem - o que esperar. E cheguei atrasada para a hora marcada comigo mesma, bem a tempo de ti, com a postura de quem não quer só chegar, mas ficar também. Cheguei cheia de noção do que poderia acontecer, fazendo força para que não acontecesse e fingindo não saber de nada. Cheguei cheia de mim, comigo mesma. Cheguei onde tinhas dito que estarias.
Tu sabias que eu viria, e eu sabia onde te encontrar. Era tão mais fácil se não soubesse onde te encontrar.
Era um encontro clandestino, hoje, com vista-mar.
E... não sei se foi da paisagem (tu não tinhas como saber, mas o horizonte azulado sempre me deixou vulnerável), se foi do cheiro (tu não tinhas como saber, mas a maresia deixa-me demasiado livre), ou da sensação térmica (tu não tinhas como saber, mas o ar quente salgado tolda-me a consciência), mas perdi-me ao me cruzar contigo de novo quando, previsivelmente, descaradamente e finalmente, decidiste dar o ar da tua graça - ou da minha desfortuna.
Era tão mais fácil se não tivesses vindo.
Parte de mim queria muito que não viesses - nunca haveria delito, não haveria vítimas, nem se consumariam beijos que deveriam ser impróprios para consumo, nem haveria balas perdidas, demais transgressões ou eventuais e inevitáveis regressos ao local do crime. Mas a outra... ai a outra parte! A parte que ficou desolada com o não te encontrar logo e com o teu (ligeiríssimo) atraso ao nosso encontro não combinado, a parte que ficou impaciente com a tua ausência, a outra parte que queria, desesperadamente, que não tivesses tardado, que viesses sem passado, que viesses desarmado.
Era tão mais fácil se viesses desarmado.
Mas tu não só vieste armado, como trouxeste toda uma artilharia pesada que eu já conhecia - e que mexeu comigo desde a primeira vez. E eu apresentei-me negligente - sem desculpas, sem culpa, sem armas - perante todo o teu arsenal. Eu numa inocência bélica, tu numa aura clandestina.
E fugiu tudo.
Fugi de mim.
Rendi-me!
Perdi-me:
Perdi-me de mim.
Mas tu não me perdeste e eu encontrei-te e não me devia ter encontrado também. Mas encontrei-nos aos dois, numa conjugação que só deveria existir no singular. Encontrei-nos num crime que provavelvemente nunca prescreveria. Encontrei-nos em tudo o que não devia ser mexido, em tudo o que deveria ser evitado, em tudo o que eu bem sabia ser ilegal, em tudo o que não sabia e que sabia bem de mais, em tudo o que (me) saberia bem de mais, em tudo o que bem me soube. E bem me quis. E a pouco me soube. Soubemos, sabemos, saboreámos, somos, fizemos, fomos, foste, fui. Fugi de ti.
What if after the sunset you're not here anymore? What if you're gone with the last daylight? What if I can't find you in the darkness of the night?
Go!
Because I can afford to lose you on the beach... and, truth to be told, is there a better place to wait for a new day? Is there a better place to absorb my own company? Is there a better place to start over?
I'll enjoy me. I don't get sick of being lonely, I am pleased to be on my own. I will smile to me, I hold me tight - yes, not with you, but with me. And, like this, I won't lose you anymore. You'll go, I'll stay. Tomorrow I already found myself and I will glow either with the sun as with the moon. And I'll stay there until late night. I will enjoy me in my beloved sunset light, that exists with or without you - and that I have as much as I need. Tomorrow I won't lose you, although I never thought I have you, and we can't lose what we never had.
Go!
I can guide myself in the darkest nights, as good as I can during day, for a long time now.
And, if you disappear in the sea as the sun, you'll go in a pretty way.
Há já muito tempo que me sei guiar tão bem no escuro da noite como em plena luz do dia ...
Go! Because I won't, I don't want to go, and I didn't disappear. I was here, I am and I will be (for the sunset, for me, and, if needed, even for you).