Se me pegas na mão, eu vou! Garanto que vou, E nem olho para trás, Sigo-te por onde quer que vás, por onde quer que queiras ir, por onde me queiras levar.
Impossível é não ir, amor. Impossível é ver-te partir e querer ficar. O mundo não é igual sem ti, O mundo fica sem lugar, Ou eu fico sem lugar no mundo, Porque quando estás eu sossego, Relaxo, Acalmo, Descanso, Deixo-me respirar.
Abraço-te em silêncio, Sinto-te na cama, Sinto-te na calma, Sinto-te na alma, Corpo dormente, Coração não mente, Coração cheio, Completo, Repleto…
Amor perfeito.
E fecho-me contigo a sós, Deixo-me acolher, Abrigo-me em ti. Em mim, Em nós.
Que ato, não desato, E amarro, E prendo, E agarro, E não largo.
Amor, eu derreto, Com este amor inteiro, Amor de jeito, Amor calmante.
Eu rendo-me, Deixo-me prender, Deixo-me perder, Deixo-te encontrares-me,
Sempre que quiseres, amor, Deixo-te estar, Acreditar, Demorar.
Demora-te, por favor, Neste sorriso que me devolves, Nesta casa que me dás, Neste nó tão bem feito, Neste beijo que dá paz, Nesse cheiro que me abraça, Nesta calma onde me perco, Neste tudo que é tão certo, Nesse "tu" que é centro... Neste nosso amor perfeito.
Viraste almofada, cobertor e aconchego. Viraste lua e nascer do sol. Viraste canção de embalar, silêncio calmante. Viraste "boas noites", "bons sonhos", "bons dias"... viraste um fechar de olhos e um abrir de sorrisos, viraste um abrir de olhos e um fechar de lábios. Beijo bom. Beijo ótimo. Foste dia e noite, e viraste manhã.
Harmonia e conforto.
Deixaste o mar sem ondas, um tempo que aquece, um amanhecer de sol. Deixaste um sabor suave, aroma de reconciliação, uma essência de frescura de uma alma acabada de tomar banho. Viraste ouro sobre azul, cereja no topo do bolo. Viraste prólogo de uma história que eu quero viver, viraste inspiração na ponta dos dedos. Viraste bom presságio, boas sensações, boa disposição matinal, barrinha energética (beijinho energético). Viraste tema principal do meu sorriso e do meu bom humor. Viraste previsão de sol, mesmo em dias nublados. Viraste por do sol em dia de chuva.
Viraste serenidade depois da agitação, raio de sol pós-tempestade, arco-íris. E eu fiquei rica com o pote no teu fim - no nosso início, no nosso recomeço constante. Fiquei rica em manhãs lindas e bons acordares. Fiquei rica em abraços apertados que quero tanto esbanjar em ti . Fiquei rica com os abraços apertados que tanto esbanjas em mim. Gosto disso: gosto de ser rica de ti. Gosto destas manhãs ricas em ti.
Viraste o meu acordar favorito, a minha premonição de um ânimo inevitável, ante-estreia de algo promissor, teaser de um bom dia, rotina que não cansa. Viraste o despertar ideal, viraste cheirinho doce que faz levantar, dose diária de vitaminas que não esqueço de tomar. Manhã de calmaria, manhã de paz, manhã sem pressa, manhã fácil.
Calma e tranquilidade.
Um virar de página tão bem sucedido, um sonho tão bom de viver, um capítulo tão bom de ler de um livro tão bom de ter, de uma saga que quero tanto - tanto! - ver. Viraste solo firme, corrimão seguro, farol e porto - bom porto. Porto de abrigo, de atraque, de permanência. Bom Porto.
Viraste momento de uma serenidade que se demora. Viraste sossego de domingo. É isso: viraste domingo - pequeno almoço de domingo - eu quero domingar muito.
Não sabes. Acho que não sabes. Não sabes, nem nunca soubeste... talvez nem queiras saber. Mas eu sei. Eu conheço-o e ele mexe tanto comigo!
E tu talvez não queiras, mas ele diz-me muito mais que tu. Talvez eu também veja algo mais do que ele diz na verdade, mas fora exageros, ele diz tanto mais do que o que achas que ele diz (ou do que queres que diga).
Às vezes fico na dúvida se é algum filtro que eu tenho que o põe mais bonito. Ou talvez um filtro que me permita vê-lo por dentro. Ou talvez ele esteja a nu, à minha frente, contra a tua vontade. Mas é esse jeitinho: é esse jeitinho que me abraça e não larga, é esse jeitinho que se aproxima de mansinho e me conquista toda e cada vez, é esse jeitinho que dá saudade, que faz sentir vazio se não está, é esse jeitinho que acalma a alma e deixa o peito em loucura. É esse jeitinho que me acelera o coração quando me desafoga e quando me deixa afogar. É esse jeitinho elástico.
Mas tu não sabes: não sabes que o tens e muito menos sabes o seu efeito. Desconheces por completo o tamanho do bem que me faz que o tenhas (e o mal que me faz quando me o tiras). Não fazes ideia da desarrumação do meu peito que fica quando está sem ele. A agitação louca do meu corpo, a vontade de gritar
"- Eu gosto de ti."
Sem segredos, sem receios, sem arrependimentos, sem segundas intenções, sem prospecções. Gosto de ti porque sou mais eu contigo na minha vida. Gosto de ti, porque cabem numa mão os teus defeitos - e o maior dele todos e não estares aqui. Gosto de ti, porque é difícil não gostar do que nos faz rir tão genuinamente: e quem diz rir, diz, chorar, sorrir, brilhar, tremer, sonhar, gritar, vibrar.
Rir de mim, rir de ti, rir de nós, rir do mundo, das vontades e do universo. Rir do(no) passado, do(no) presente, do(no) futuro. Chorar do que não foi, do que não é, do que pode ser. Sorrir dos elogios, da saudade, da presença, do teu sorriso, do teu olhar. Brilhar por dentro, por fora, de dentro para fora, e mais intensamente que o sol. Tremer que nem varas verdes quando não te vejo, quando não te toco, quando estou para te sentir junto a mim. Sonhar em contagem decrescente para a realidade. Gritar alto - que gosto de ti, que te quero para mim; gritar alto por não te ter aqui.
Houve um dia em que abriste a tua mão e a deixaste ir.
Ela não queria, nunca quis, sempre fez força por ficar. Mas foram soltando as mãos, tu foste soltando as tuas mãos com aparente vontade... que podia ela fazer? Tentar puxar-te uma vez mais?! Tentar evitar o inevitável?! Adiar o inalterável?! Não podia. Não queria. Não conseguia. E tu conseguiste, em fim: abriste a tua mão e deixaste-a (ca)ir. E ela foi.
Ela foi a olhar para trás, mas seguiu. Teve de seguir. Tinha de seguir. E foi a olhar para trás, de passo lento, com vontade de voltar atrás. Mas não podia e teve de seguir. Ela tinha de seguir.
E depois o tempo passou. E ela foi deixando de olhar para trás, para deixar de tropeçar. Ela foi acelerando o passo para poder fugir das memórias de ti. Ela foi seguindo, como tu quiseste que fosse. Porque ela não queria, mas não podia voltar para o que já não existia, para o que tu - e só tu - não tinhas conseguido guardar.
Houve uma altura em que chegou ao fundo. Ela disse-me que tinha chegado ao limite, em lágrimas. Disse que ia recuperar-se um dia, acreditando na vagareza do processo. Dizia que o peso da alma não deixava que fosse de outra forma. Dizia que era tanta coisa, que não tinha leveza, nem a força necessária para fazer frente a esse peso.
Depois acho que foi perdendo peso em lágrimas. Acredita que chorou - eu vi-a chorar! Foi ficando mais leve, acredito... e talvez por isso tenha conseguido acelerar o passo. E depois foi começando a crescer - eu vi-a crescer! Transformou momentos em memórias, momentos em lições. Acho que não deixou nada para trás.
E assim, cresceu, secou, ganhou leveza, sorriu. Eu vi-a sorrir. E foi continuando em frente, de cabeça erguida, de passo mais acelerado. Olhar para trás era cada vez menos frequente. Ela foi aprendendo a viver assim solta, de mãos largadas. Dona de si.
A determinada altura perdi-a de vista. Acho que deve ter ganho asas. Tu disseste para ela ir e ela foi. Tu disseste para ela não ir, mas ela já tinha voado. Mandou mensagem: foi correr mundo.
Não sei se o mundo dos sonhos, se o mundo real, se o mundo literal. Acho que de tudo um pouco. E cresceu, dona de si. Não te esqueceu, porque era impossível isso acontecer. Mas aprendeu a gostar dela e das suas mãos soltas.
Aprendeu a gostar dela e do mundo. Reaprendeu a sorrir - eu vi-a sorrir como nunca, dona de si!
Houve um dia em que tu abriste a tua mão e a deixaste ir. E ela foi, com receio do que aí viria, mas foi. Foi e chorou. Foi e lutou. Foi e descobriu. Foi e mudou. Foi e voou.
Talvez ainda te ame ou talvez seja ainda o peso de toda uma história que se passou. Talvez te voltasse a dar a mão à primeira oportunidade ou talvez te desse de novo o coração, mas não a mão. Ou talvez nenhum dos dois. Nunca mais disse ter sonhado contigo e talvez isso seja um começo. Ou algum ponto de partida. Ou apenas um momento de pausa.
Ela agora traz determinação naquele coração - e no olhar (ai se tu alguma vez lhe tivesses conseguido ler o olhar. E o coração!). Ela às vezes perde-se, mas acho que sabe exatamente o que quer e só não o diz com medo de se expor. E ela está feliz: pode sentir falta de algumas coisas, mas está feliz. E determinada, principalmente em nunca mais se perder dela. Dona de si.
Houve um dia em que tu abriste a tua mão e a deixaste ir. E ela foi, porque teve de ir. Por ela, para bem dela, porque tu não a sabias mais ter. Houve um dia em que tu abriste a tua mão e a deixaste ir. Não a culpes, ela só fez o que tu pediste, como sempre.
Houve um dia em que tu abriste a tua mão e a deixaste ir. E ela voou e podia ainda não saber o que queria dali para a frente, mas ficou, com certeza, a saber o que nunca mais queria.
Hoje está a chover. Parece que o dia adivinhou a tua ausência, e eu fui acordada pelo toque do despertador que, sem dó nem piedade, me fez aperceber que era mais um dia sem o despertar suave dos teus lábios e do quente do teu abraço.
O meu corpo também se ressentiu: acordou mole e mal disposto. Foi impossível acordar com um sorriso nos lábios ou um olhar desperto. Acordei pesada, obrigada, embriagada de sono, com o barulho insuportável do novo dia rotineiro e com o peso das cobertas solitárias e solidárias que tentam, com tanta força e fracasso, substituir-te. Coitadas... se elas soubessem o que eu dava para te ter a ti em vez delas!
Nos dias em que estás é diferente. O dia lá fora desperta-nos delicada e deliciosamente com um beijo de luz, e tu acordas-me com um toque quente, um toque quente e tão delicioso como a sensação de dar o primeiro golo na cerveja gelada de fim de tarde escaldante de verão, que mesmo quem não gosta, imagina como saberá tão bem. O teu abraço dá-me umas boas vindas a um novo dia. Umas boas vindas tão reconfortantes como a sensação de vestir o pijama ao chegar casa depois de um longo e stressante dia de inverno e ir para frente da lareira com uma manta.
Fecho os olhos inconscientemente e, como uma criança a olhar para uma estrela cadente, faço um desejo secreto de que estejas cá amanhã, e depois, e depois, e a seguir. Ou... ou depois, ou no dia seguinte, ou no a seguir. Porque a tua companhia faz-me bem! Faz-me tão bem como as mesinhas caseiras que as avós tanto querem impingir quando nos queixamos de algo - e que, efetivamente, nos fazem melhorar tão rapidamente.
Percebo a dificuldade que a vida nos trás, para que tudo isso possa acontecer. Percebo a indiferença da rotina quanto a esse assunto. Percebo a relutância que o mundo terá em nos dar mais tempo. Percebo a hesitação dos nossos corações, num assunto que ambos sabemos como começou, como acontece, onde pode chegar e como pode terminar, dado a um histórico tão presente, que tentamos ignorar.
Tudo isso é compreensível. É complicado conciliar tanta coisa... ainda por cima quando a única coisa que está em causa é o meu bom acordar, o meu bom humor e a minha pujança corporal. Eu encolho os ombros cansados, suspiro profundamente, faço um sorriso meio amarelo e mostro a minha condescendência: com a vida, com a rotina, com o mundo, contigo e com o teu coração. Acalmo o meu que só se lembra da primeira e única coisa que os meus olhos entreabertos e embargados conseguem ver, depois de despertar de uma noite contigo ali, do meu ladinho, como devias estar sempre: o sorriso que me lanças. Esse sorriso que faz o meu dia brilhar, por mais chuva que esteja (e me faz sorrir tanto, também... e que me aquece tanto.
Tudo isso é compreensível. Mas, como se o dia tivesse adivinhado a tua ausência, acordou cinzento e com chuva. Com muita chuva! E o meu corpo ressente-se porque não compreende a chuva - ou a tua ausência. Encolhe-se, retrai-se, amolece, cansa-se: quer-te por perto.
Fui passando de pés descalços, por entre ramagens primaveris, com a palma da mão a acarinhar as flores campestres naquele descampado que não sabia onde ia dar. Aliás, ultimamente parecia que não sabia onde nada ia dar: por muito bonita que fosse a paisagem, por mais brilhante que fosse o horizonte, por mais incríveis que fossem as margens que delineavam o caminho por onde seguisse, parecia que o destino final não ia, se quer, sendo desenhado.
E a minha vida andava sem cheiro, andava vazia e sem cor, mesmo com todas essas flores a perfumar o ar e a dar cor ao mundo. E o coração sem direção, sem rumo, sem qualquer ponto de partida e de chegada, sem qualquer sentido de orientação, com incerteza e a insegurança de saber que um dia iria deixar de estar assim. E o que o deixava inseguro era saber o que vem depois de ter certezas, depois de ter tudo assegurado, tudo o que desejou... andava discreto, quase parado, com medo de voltar a acelerar e bater de novo, com medo de chamar a atenção, porque mais vale manter-se à margem de todo um mundo de sensações, do que reviver toda a desaceleração de novo, do que arriscar perder-se de novo, do que arriscar sentir-se mais perdido do que naquele momento. E o corpo andava mole, quase deambulando por entre a vida e o "sobreviva" e assustado com o que poderia chegar em contra-mão, com o que poderia vir contra ele e ser tão favorável quanto efémero, como sempre fora, trazendo das mais saborosas sensações que tão ou mais facilmente se tornariam dissabores que, com toda a certeza do mundo, ele não queria sentir nem mais uma única vez.
E o mundo tornou-se um lugar de co-habitação, um lugar imóvel, sem jeito, sem qualquer tipo de emoção: sem cheiro, sem cor, sem som. Um lugar inútil onde ouvia apenas o som dos pés descalços a estalarem o mato seco e morto, a caminho do desconhecido, naquele trilho perdido.
O mundo tornou-se o lugar mais solitário do universo. O mundo tornou-se num pequeno T0, sem espaço: sem espaço para respirar, sem espaço para me libertar, sem espaço para correr, sem espaço para esperar, sem espaço para viver. O mundo tornou-se num espaço oco, sem sentido, sem cor, sem movimento.
Então tudo se perdia: perdia-se no mundo, perdiam-se umas coisas das outras. E perdia-me eu do mundo, do resto e de mim.
E perdi-me tanto que me encontrei. E descobri que mesmo não sabendo onde iria ter, teria de aproveitar a viagem: a paisagem bonita, o horizonte brilhante, as margens incríveis que delineavam o caminho por onde seguia... E a rota eu própria teria de desenhar.
E, discretamente, a viagem foi-me levando a bom porto... E atracou-me a ti. Sem fazeres a mínima ideia do que fui sem ti que logo da primeira vez me fizeste esquecer de perguntar o que faria ali.
E no teu sorriso encontrei a minha vista favorita, o meu ponto de paz. Mostraste-me um lugar só meu, nesse mundo teu e eu encontrei um espaço do tamanho do mundo que eu tinha perdido. Encontrei um mundo tão familiar, que saberia ir de um lado ao outro sem me perder. Queria percorrer-lo (e a ti) em contra-mão. E descobri também que era com o teu cheiro que queria perfumar o ar: com a essência da tua presença. E descobri a cor com que iria pintar a paisagem: a tua cor, os tons da tua presença. E mesmo com a incerteza do que poderia emergir a partir daqui, eu queria deixar-me ir.
E tal Atlântida perdida, encontrei o melhor de mim ao mergulhar em ti.
E a vida passou de amarga a doce. Ficou tão doce que eu não precisava tanto de doces! A sério: era tão mais fácil saborear a vida em vez de um pedaço de chocolate e era tão melhor saborear um beijo teu, a um doce qualquer! E, na verdade, fazia-me sentir tão mal uma overdose de doces, e faz-me sentir tão bem a tua pessoa!
A noite também passou de fria para quente, desde os teus "boa noite", mesmo se não os dizes. E as manhãs tornam-se bem mais suportáveis quando acordo e há um "bom dia". Aliás, a contagem decrescente para te ver de novo começa desde o momento que me despeço de ti... e os "bom dia" significam que cada vez está mais próximo o plano para me sentir zen: eu, tu... e qualquer sítio onde possa respirar a liberdade que é estar ali contigo. Eu, tu e o rio. Eu, tu e as árvores. Eu, tu e o mar. Eu, tu e o "onde-quer-que-vamos".
E suportar a rotina passou de praticamente impossível para bastante suportável , desde que os fins de semana compensam tão bem todo o stress semanal e rotineiro.
O ar ficou com outro cheiro, e não é só o da Primavera ter chegado... não é só aquele cheiro a dias compridos e quentes. Mas tenho de confessar que é bem mais fácil associar-te à Primavera que ao Inverno, porque tudo fica mais colorido, calmo, divertido, estonteante, leve e fácil de suportar. Na Primavera e contigo.
E eu tenho noção do perigo que representas. Tenho noção que a calma precede a tempestade. Tenho noção do que isto pode representar, a todos os níveis. Tenho plena noção do que implicas e que implicamos... Mas é tão mais fácil querer-te junto do que te deixar lá longe!
E como tudo o que poderia vir daqui, eu sei que não vai ser fácil. Aliás, eu tenho plena noção que poderá ser bem mais complicado do que fácil... Mas aqui estou eu de novo, pondo-me à mercê do difícil, prometendo tentar facilitar-nos o máximo possível, até onde for possível.
A mim, a ti e aos nossos planos. A mim, a ti e às nossas vontades. A mim, a ti e aos nossos momentos. A mim, a ti e às nossas conversas. A mim, a ti e ao nosso silêncio. A mim, a ti e à nossa calma.
Não sei se sempre tinhas estado por ali e eu andava cega ou se naquele pedacinho do meu dia decidiste estar ali exatamente no momento em que tropecei em ti. Mas a verdade é que te descobri.
Ou tu me descobriste a mim.
Ou nos descobrimos...
E descobri esses teus olhos sorridentes e brilhantes que me abraçaram quando os nossos olhares se cruzaram. E que abraço bom e aconchegante que esses teus olhos me deram! Foi como se se tratasse de alguém que se adora e que não abraçavam há muito tempo! Se eles tão pouco soubessem que foi a primeira vez que os meus olhos te agarraram...
E quando te alcancei, descobri esse teu sorriso lindo, que me fez apaixonar de caras. Nesse momento parou todo o resto. Não fazes ideia do quanto és bonito quando sorris, com as ruguinhas junto aos teus olhos infinito e o sorriso tão bem desenhado. Foi como se nunca tivesse visto ninguém sorrir... e nesse momento descobri que o meu beijo queria muito morar para sempre nesse teu sorriso. Na verdade, acho que toda eu queria morar nesses teus lábios.
E foi quando a minha mão tocou na tua, apenas naquele pequeno momento, que eu senti que seria dali que eu sempre quereria sentir um toque. Que seria aquela mão que sempre me iria segurar. Foi nessa fração de segundo que eu soube que nunca me irias deixar cair, que aquela mão estaria ali para me apoiar, sossegar e agarrar. Que aquela mão não me ia deixar ir. E eu queria que me agarrasses e me mantivesses segura em ti.
E foi só um toque, mas os nossos braços encontraram-se como tudo em nós. E se tu soubesses como eu gostei desse toque ou se ao menos houvesse palavras suficientes para descrever o caseiro que ele me pareceu! Nesse momento eu soube que aqueles braços eram a minha casa e porto de abrigo. Foi aquando esse toque que eu soube que seria nesse teu abraço que eu seria feliz e que me sentiria em casa.
E foi só uma vez, mas quem me dera tropeçar mais em ti! Queria tropeçar para sempre em ti! Quantas vezes as necessárias para sentires em mim a paz que eu sinto em ti.
O teu olhar é o meu mapa de orientação; o teu sorriso é, definitivamente, a morada do meu beijo; a tua mão é o meu apoio e o teu abraço a minha casa. O teu colo é o meu porto de abrigo. E tu estás lá sempre: a acalmar-me, embalar-me e fazer-me sorrir. Não importa onde, mas contigo sinto-me em casa. Não importa quando, desde que estejas o tempo não existe. Onde quer que haja um "nós", podes ter a certeza, que é o meu paraíso.
De resto não sei: não sei de onde vieste, porque vieste, se vieste para ficar ou só para me abalar mais um pouco. Mas quero que fiques, quero ter o teu abraço para sempre. Quero que me refaças todos os dias, que me faças levantar a cabeça. Sei, definitivamente, que fui naquele dia exatamente na tua direção. Não sei se me encontraste ou se fui ao teu encontro, mas sei que apesar de até aí andar perdida, encontrei em ti a minha bússola. E se fores embora, não sei o que fazer desta vida sem ti. Sei que desde esse dia não larguei mais a tua mão e caminho sempre para ti, contigo: porque a razão de tudo fazer tanto sentido agora és tu. A razão da minha direção ser tão clara és tu: porque eu andava sem voz, sem rumo e tropecei em ti. Tenha sido acaso ou destino, tu fazes-me sentido e eu até poderia acostumar-me a outra vida sem ti... talvez fosse fácil. A questão é só uma, assim como a minha certeza: eu não quero.
É fácil gostar do brilho que me trazes, da energia que me dás, dos sorrisos aparvalhados que faço por ti, mesmo sem motivo. É fácil gostar de cada traço teu. Gosto de ti sem esforço e sem necessidade de saber porquê. Às vezes não gosto de gostar de ti: não gosto que me deixes ansiosa porque demoras, não gosto de ficar nervosa porque não falas, não gosto de me sentir insegura porque não estás. Às vezes seria bem mais fácil se não gostasse de ti... mas é tão mais fácil gostar de ti e do teu toque e do teu beijo. Gostar das conversas que temos, das conversas que não precisamos de ter e das conversas que deixamos para depois dos nossos momentos. Gostar do teu abraço apertado e da forma como me envolves, quando me sinto a coisa mais frágil e mais segura do mundo, porque nada pode acontecer ali dentro. É tão mais fácil gostar de olhar para ti, mesmo quando não estás a ver... (principalmente quando não estás a ver). E eu gostava de me controlar mais no que te diz respeito, mas é tão difícil deixar de ser de ti e de me sentir de ti.
Dizem que o que fica entre as palavras, como gestos e expressões é o que mais importa e eu olho-te sem tu veres, a tentar decifrar isso. Não é fácil decifrar-te. E gostar de ti é tão mais importante que me perco. Só te olho. Só gosto. Só me perco em ti. Às vezes olho-te sem pensar em nada. Às vezes olho-te e penso em todo um mundo de coisas. Às vezes olho-te e perco-me. E enrolo-me em ti, porque lá fora não há mais nada enquanto estiver assim.
E quando te vais embora, era tão mais fácil não gostar de ti! Porque o corpo amolece. O corpo arrefece. O mundo arrefece. O mundo acontece... começa a acontecer. E eu não gosto que o mundo aconteça assim. Não gosto do mundo sem ti. É tão fácil não gostar do mundo. E é tão fácil gostar de ti no meu mundo. E eu noto que não tens noção de quanto é fácil gostar de ti.
E eu gostava das tuas palavras, de como parecia que sabias sempre o que dizer. E eu acredito nas tuas palavras, como se fossem a única coisa real no mundo. Às vezes preferia não gostar das tuas palavras, porque não as percebo. Mas as tuas palavras parecem tão certas quando as dizes. Às vezes preferia não acreditar nas tuas palavras, às vezes acho errado acreditar nas tuas palavras... Mas as palavras são tuas e é tão fácil gostar de ti: como não gostar delas também?
Se me perguntas o que eu gosto para estar contigo, eu não sei o que responder. Às vezes acho errado gostar de ti, mas depois descubro mais alguma coisa que gosto em ti. É difícil saber o que me prende a ti... até porque eu odeio tanta coisa em ti: odeio a tua ausência, odeio o teu silêncio, odeio não te perceber, odeio que não me deixes perceber-te mais. Odeio ver-te ir, odeio não poder fazer-te ficar e odeio deixar-te ir. Odeio a ansiedade, o nervoso, a insegurança. Odeio o medo de estragar tudo ou de deixar tudo ir.
Odeio que seja tão fácil gostar de ti... Mas eu gosto tanto de gostar de ti!